Com a reabertura da economia chinesa após o fim das medidas de emergência contra a Covid-19, o mercado tinha uma expectativa de crescimento da economia do país. No entanto, a meta de crescimento da China é a menor em mais de duas décadas, conforme anúncio do próprio governo chinês.
A declaração feita pelo premiê Li Keqiang ontem (05) no início da reunião anual do Congresso Nacional do Povo foi sobre a meta chinesa de crescimento do PIB, que está de cerca de 5% em 2023 durante a reunião anual do Congresso Nacional do Povo. O comunicado sugere que as autoridades estão mais conscientes de outras prioridades além da mera expansão econômica.
O crescimento de 3% em 2022 foi o menor em décadas, exceto por 2020, cujo ano foi impactado pelas medidas iniciais da Covid-19. Diante da crise sanitária, as autoridades chinesas desistiram de atingir qualquer meta.
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No documento apresentado ontem, Li enfatizou que é fundamental priorizar a estabilidade econômica e buscar o progresso para garantir a estabilidade neste ano.
Louise Loo, da Oxford Economics ao Dow Jones Newswires, destacou que a meta de crescimento de 5% é particularmente cautelosa, considerando a forte recuperação da atividade comercial observada no início deste ano.
Aumento nos gastos públicos e pandemia ainda pode atrapalhar
A curto prazo, a meta de crescimento de 5% demonstra a cautela das autoridades diante de uma série de problemas que poderiam desacelerar o ritmo da recuperação, mesmo na ausência de medidas restritivas contra a Covid-19. Esses problemas incluem a confiança limitada dos consumidores e das empresas, a demanda externa fraca e o alto endividamento dos governos locais. Isso poderia limitar sua capacidade de estimular a economia.
Esses problemas incluem a confiança limitada dos consumidores e das empresas, a demanda externa fraca e o alto endividamento dos governos locais, o que poderia limitar sua capacidade de estimular a economia.
Li comentou que o governo planeja aumentar os gastos em 5,6% em 2023, o que é menos do que o aumento em 2022. Além disso, prevê-se que a arrecadação aumente em 6,7% em comparação com o aumento em 2022.
O déficit fiscal projetado para este ano é de 3% do PIB, o que é maior do que os 2,8% de 2022. Esses números indicam que Pequim não pretende promover estímulos fiscais significativos.
Em relação a 2023, há incerteza sobre a possibilidade de um desaceleramento no ritmo de crescimento das exportações, as quais tiveram um papel importante no impulso da economia durante a pandemia. Na próxima terça-feira, serão divulgados os dados referentes à balança comercial dos primeiros dois meses do ano.
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Outro tema que ainda preocupa os chineses é a sustentabilidade de qualquer retomada dos gastos dos consumidores no pós-pandemia.
Os economistas estão observando com atenção o que as famílias farão com o dinheiro economizado durante a pandemia. No entanto, alguns argumentam que as incertezas presentes podem limitar o impulso dos gastos dos consumidores.
Sem contar que o desemprego entre os jovens, que atingiu quase 20% em 2022, ainda continua em um patamar elevado. Além disso, não há muitos indícios de que o governo oferecerá novos incentivos ao mercado imobiliário, que está em crise desde o final de 2020.
Gastos militares na China devem crescer em 2023
O governo chinês divulgou a sua intenção de aumentar os gastos militares para 7,2% do PIB neste ano, em comparação com 7,1% em 2022, em paralelo à meta de crescimento. Essa medida ocorre em um momento em que as tensões com os Estados Unidos e seus aliados em relação a Taiwan estão aumentando.
Os gastos militares totais em 2023 somarão cerca de US$ 224 bilhões, conforme indica o orçamento preliminar divulgado na abertura da reunião anual do Congresso Nacional do Povo da China. Este será o maior aumento desde 2019.
Mesmo com a perspectiva de um crescimento econômico mais moderado, o aumento dos gastos militares para 7,2% do PIB anunciado pelo governo chinês reflete a prioridade dada por Xi Jinping à modernização das forças militares do país. As autoridades americanas estão observando de perto essa expansão, uma vez que consideram que a crescente capacidade militar da China é uma ameaça cada vez maior para Taiwan.
De acordo com as informações da agência de notícias Dow Jones Newswires, Xi Jinping deverá fortalecer seu controle sobre as áreas de segurança, finanças e tecnologia, trocando nomes em cargos-chave no governo.
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