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Nexperia: conheça o papel estratégico da gigante europeia de semicondutores

Nexperia: conheça o papel estratégico da gigante europeia de semicondutores

Reconhecida por sua eficiência e confiabilidade, a Nexperia mantém certificações rigorosas, como IATF 16949, ISO 9001, ISO 14001 e ISO 45001

A Nexperia, com sede em Nijmegen, na Holanda, ocupa um papel central no ecossistema global de semicondutores. Especializada em componentes discretos — como MOSFETs, diodos, transistores e dispositivos de proteção — a empresa fornece a base funcional para praticamente todos os projetos eletrônicos modernos. Com mais de 12.500 funcionários espalhados pela Europa, Ásia e Estados Unidos, a companhia envia mais de 110 bilhões de produtos por ano, atendendo indústrias automotivas, industriais, móveis e de consumo.

Reconhecida por sua eficiência e confiabilidade, a Nexperia mantém certificações rigorosas, como IATF 16949, ISO 9001, ISO 14001 e ISO 45001, que respaldam a qualidade e a segurança de suas operações globais. Seu extenso portfólio de propriedade intelectual e a contínua expansão da linha de produtos reforçam seu compromisso com inovação.

Raízes históricas que moldaram a Nexperia

A história da Nexperia remonta à expansão da Philips no setor eletrônico durante a década de 1920, quando a empresa adquiriu as fabricantes Mullard (Inglaterra) e Valvo (Alemanha). Essas unidades deram origem às atuais instalações da Nexperia em Manchester e Hamburgo, onde a produção de semicondutores se consolidou ao longo das décadas.

Linha de produção de placas de semicondutores. Foto: Adobe Stock

Nos anos 1950, a Philips ampliou suas operações com fábricas em Nijmegen e Hamburgo, e nas décadas seguintes expandiu-se para países como Filipinas e Malásia. Em 2006, a divisão de semicondutores da Philips foi reestruturada e renomeada como NXP. Em 2017, após a venda do negócio de Produtos Padrão para investidores chineses, surgiu oficialmente a Nexperia, já com cerca de 11 mil funcionários e operações consolidadas em vários continentes.

Em 2018, a Nexperia foi adquirida pela Wingtech Technology, uma fabricante chinesa de dispositivos eletrônicos parcialmente controlada pelo Estado chinês. O negócio de US$ 3,6 bilhões colocou a empresa no centro de debates internacionais sobre segurança e soberania tecnológica.

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A tensão atingiu novo patamar em outubro de 2025, quando o governo holandês assumiu o controle da governança da Nexperia, alegando riscos de transferência indevida de tecnologia e ameaças à segurança econômica europeia. A decisão, segundo fontes citadas pela imprensa local, teria sido influenciada pela pressão dos Estados Unidos.

A China reagiu com força, proibindo a exportação de produtos embalados em seu território — cerca de 70% da produção que abastece a União Europeia. O resultado foi imediato: montadoras europeias enfrentaram escassez de chips, expondo a profunda dependência da UE em relação às cadeias de produção asiáticas. Em 19 de novembro de 2025, o governo holandês suspendeu a intervenção, mas o episódio deixou clara a fragilidade das cadeias globais.

Controvérsias

Além das disputas geopolíticas, a Nexperia também enfrentou outras controvérsias. Em 2023, chips da empresa foram encontrados em equipamentos militares russos — incluindo o míssil Kh-101 — apesar das sanções impostas após a invasão da Ucrânia. A descoberta levantou questionamentos sobre controle de exportações e rastreabilidade de componentes.

Nas Filipinas, a empresa foi acusada de práticas trabalhistas abusivas, incluindo demissões de líderes sindicais durante negociações coletivas. Em paralelo, nos Estados Unidos, Reino Unido e Holanda, aquisições e operações da Nexperia passaram por análises rigorosas por razões de segurança nacional.

Estudantes da Malásia em um evento escolar da Nexperia. Foto: Divulgação

Um dos casos mais emblemáticos ocorreu no Reino Unido, onde o governo determinou, em 2022, a venda forçada de 86% da fábrica de Newport, adquirida pela Nexperia em 2021. Após uma disputa jurídica, a unidade foi vendida em 2023 para a Vishay Intertechnology.

Mesmo em meio a disputas políticas, a Nexperia segue avançando no desenvolvimento de tecnologias de ponta. A empresa tem investido em semicondutores de potência — incluindo FETs de GaN, IGBTs de 600 V e diodos Schottky de carbeto de silício — além de soluções de alta eficiência, como a série NextPower de MOSFETs.

Em 2024, lançou a família NPS3102 de e-Fuses reutilizáveis, capazes de se rearmar após falhas — uma evolução marcante em relação aos fusíveis tradicionais. Após a aquisição da Nowi, em 2022, ampliou sua atuação no mercado de chipsets de coleta de energia, essenciais para dispositivos vestíveis e aplicações de baixa potência. O NEH2000BY, lançado em 2023, foi o primeiro desses chips a chegar ao mercado.

Parcerias com empresas como Mitsubishi Electric e Kyocera AVX reforçam seu papel estratégico no avanço da eletrificação e de sistemas de energia mais eficientes.

Presença global

A Nexperia mantém instalações produtivas e de pesquisa em vários países. Na Europa, operam as fábricas de wafers em Hamburgo, na Alemanha, e em Manchester, no Reino Unido. Na Ásia, a empresa possui unidades de montagem e teste na China, Malásia e Filipinas. O modelo de presença descentralizada permite atender rapidamente clientes globais e manter proximidade com os principais polos industriais.

Mesmo com desafios significativos — de pressões governamentais a disputas comerciais — a Nexperia segue como um dos pilares da indústria global de semicondutores. Sua trajetória reflete não apenas avanços tecnológicos, mas também a complexa interseção entre inovação, geopolítica e segurança em um setor cada vez mais estratégico para o futuro global.

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