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Por que Magalu (MGLU3) sobe com caso Americanas (AMER3)?

Por que Magalu (MGLU3) sobe com caso Americanas (AMER3)?

Você já se perguntou por que Magalu (MGLU3) sobe com caso Americanas?

O caso Americanas (AMER3) pegou todo o mercado de surpresa. Inclusive, a empresa era considerada a varejista com maior destaque.

Mas, após o episódio do rombo, a companhia entrou com pedido de recuperação judicial e deve perder espaço. Conforme o desenrolar dos fatos da Americanas avança, a Magalu (MGLU3) está se valorizando.

Por que a crise da Americanas fez a Magazine Luiza ganhar força? Será que a empresa de Luiza Trajano vai ocupar o espaço da companhia do trio da 3G Capital? Continue lendo para entender o processo.

Tamanho da Americanas e queda

Fachada da Americanas em um shopping do Rio de Janeiro
Divulgação Americanas

No balanço do 3TRI22, a Americanas apresentou uma receita líquida de R$ 5,4 bilhões, que representou uma queda de 13,4% em comparação ao trimestre anterior. A companhia teve um lucro de R$ 1,7 bilhões. 

O balanço ainda aponta que o Ebtida (Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) alcançou a marca de R$ 582,3 milhões, o que representa uma redução de 21,6% em comparação ao mesmo período de 2021. 

No 3TRI22, o resultado líquido atingiu -R$ 211,6 milhões, como consequência da desalavancagem operacional e da piora do resultado financeiro vistas no trimestre. No resultado do 3T22, contabilizamos o efeito positivo de R$ 140,3 milhões no IR, em consequência da incorporação do HNT (reversão do IR diferido sobre a mais valia dos ativos identificados e provisão do IR diferido sobre o prejuízo fiscal)”, cita a Americanas.

Os números são impressionantes e mostram o tamanho da Americanas no mercado, mas…

No dia 11 de janeiro, a Americanas divulgou um fato relevante, assinado pelo CEO Sérgio Rial, que foi encontrado uma “inconsistência contábil” de R$ 20 bilhões no balanço da companhia. Em consequência disso, Rial renunciou ao cargo. 

Com um cenário apocalíptico, as ações da Americanas na bolsa derreteram. De R$ 12, os papéis foram para R$ 0,80, que resulta em uma desvalorização de 93,33% em apenas 13 dias. 

Gráfico mensal das ações da Americanas (AMER3) na B3.
Fonte: Google Finanças

Vale mencionar que em meados de 2020, as ações da Americanas chegaram a ser cotadas a R$ 121. Logo, em menos de três anos, a varejista carioca desvalorizou 99,33%.

Quem vai ocupar o lugar da Americanas?

Com uma posição relevante no mercado, mas com grandes chances de perder espaço por conta da crise, analistas especulam quem deve ocupar o vácuo da Americanas. 

Em entrevista para o site Mais Retorno, Phil Soares, chefe de análise de ações da Órama Investimentos, afirma que se uma empresa, como a Americanas, “que tinha uma pegada de competitividade muito alta desfoca ou fica com menos competitividade, as demais empresas do setor, quatro ou cinco no varejo brasileiro, são beneficiadas”.

Todas as outras empresas do setor varejista devem ter aumento de market share, em detrimento da dimensão do market share das Americanas”, complementa.

No e-commerce, por exemplo, o espaço pode ser herdado por Magazine Luiza, Via Varejo (VIIA3) e Mercado Livre (MELI34), com potencial de crescimento de 18%, 15% e 11%, respectivamente. Esta foi a análise do Citi em relatório sobre as possíveis repercussões do pedido de recuperação judicial da Americanas. 

Lembre-se de que esse exercício é apenas uma estimativa do potencial de vendas online. Para as lojas físicas, o mercado é muito fragmentado, e os negócios off-line da Americanas (como General Merchandiser) atendem a uma categoria muito mais ampla de players, que vão desde eletrodomésticos, alimentos, bebidas e até moda”, cita o relatório.

Embora o Mercado Livre possa ficar com 40,3% de participação do mercado varejista, a Magalu pode aumentar a sua presença para 19,4%, enquanto a Via teria 9,06% e os outros 31,3% ficaram distribuídos para outras empresas. 

Dessa forma, dentre as empresas brasileiras, visto que o Mercado Livre é uma companhia argentina, a Magazine Luiza deverá ser a maior beneficiada com a crise da Americanas. O especialista da Valor Investimentos, Gabriel Meira, em entrevista ao Mais Retorno, também concorda com essa tese. 

A Magazine Luiza tende a ser, dentre as varejistas, a mais beneficiada, porque é uma empresa que está mais capitalizada, conseguiu focar mais e absorver essa clientela que deixaria de comprar com as Lojas Americanas, com a BW2 de forma geral”, explica o analista. 

O relatório do Goldman Sachs reforça a posição privilegiada da Magalu por conta do espaço gerado pela Americanas. “Acreditamos que o negócio de comércio eletrônico 1P (estoque próprio) de cerca de R$ 15 bilhões da Americanas compete mais diretamente com o Magalu e a Via”, aponta o banco americano. 

O relatório ainda complementa o argumento ao estimar que cerca de 70% do volume bruto de mercadorias (GMV) de estoque próprio da Americanas esteja em bens duráveis/eletrônicos, o que acarreta em cerca de R$ 11 bilhões em GMV nessa categoria.

Metodologia contábil favorece Magalu

Fachada da Magazine Luiza
Divulgação Magalu

No podcast “Radar da Semana” do BTG Pactual (BPAC11), o analista da BTG Asset, Luiz Temporini, relata que equipe do banco de investimentos iniciou o movimento de observar com mais afinco os balanços financeiros das empresas varejistas, principalmente aquelas que adotam o risco sacado, operação que pode ter levado a Americanas para essa crise. 

Antes de entrar na análise de Temporini, é preciso explicar o que é risco sacado

O risco sacado é uma operação contábil realizada em conjunto entre as grandes empresas e seus fornecedores com o objetivo de adiar ou parcelar o pagamento de produtos vendidos em grandes quantidades. 

Ele funciona da seguinte forma: após o faturamento dos produtos, com prazo de vencimento prolongado, o fornecedor recebe o pagamento via instituição financeira e o varejista passa a ter sua dívida com essa instituição e não mais com a indústria fabricante. Esse prazo pode ser prorrogado para até 360 dias. 

Voltando para a explicação de Temporini, ele afirmou que BTG buscou informações com as empresas varejistas para entender o impacto do risco sacado e como elas explicam essa operação nos seus balanços. De acordo com ele, tanto a Via quanto a Magalu têm notas explicativas ilustrando os seus movimentos de “forma bastante clara”. 

Dito isso, o grande destaque vai para a Magazine Luiza. Veja explicação de Temporini em relação a isso:

A Magalu, por exemplo, tem essa operação [risco sacado], mas a diferença é que no final do prazo dos 90 dias, ela não tem que pagar juros. Inclusive, há casos dela conseguir um fee com o banco, com uma taxa e uma receita financeira com o banco por ficar gerando operações. No caso de Magalu, não tem essa questão dos juros que a Americanas tem por renegociar pra frente os pagamentos acabou tendo.

Mercado prefere a Magalu?

Ao que tudo indica, o mercado tem uma preferência para quem vai ocupar o espaço da Americanas, a Magazine Luiza. O analista da CM Capital, Alex Carvalho, avalia que a empresa de Luiza Trajano é quem está surfando melhor a crise da varejista carioca. 

Desde o anúncio do rombo, a Magalu já valorizou 44,88%. Ao fazer o recorte do mês de janeiro, o desempenho é ainda mais impressionante, na casa dos 69,50%. 

Gráfico mensal das ações da Magazine Luiza (MGLU3)
Fonte: Google Finanças

Carvalho esclarece que a Magazine Luiza até tinha um receio por conta do cenário macroeconômico desafiador, com juros altos. “Mas os investidores começaram a migrar, notando que se o destaque está caindo, com cenário indeciso para traçar preço-alvo, Magazine Luiza volta a ganhar os holofotes”, reforça.

Dessa forma, há uma realocação dos investimentos da Americanas em outras varejistas, sendo que o principal foco inicial destinado para a Magalu. Agora se este movimento altista é temporário ou permanente, só tempo irá dizer.

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