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Crise da Carne: boicote francês a produtos do Mercosul ganha força e gera reação do Brasil

Crise da Carne: boicote francês a produtos do Mercosul ganha força e gera reação do Brasil

A tensão comercial entre Brasil e França no setor de carnes ganhou novos desdobramentos na crise da carne nesta sexta-feira (22). 

O grupo varejista francês Les Mousquetaires anunciou adesão ao boicote às carnes oriundas do Mercosul, seguindo a decisão já divulgada pelo Carrefour. 

A justificativa para o boicote é proteger a soberania alimentar da França e apoiar os agricultores locais, em meio à polêmica sobre o acordo de livre comércio entre a União Europeia e o bloco sul-americano.

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Crise da carne: Carrefour lidera movimento contra carnes do Mercosul

O CEO do Carrefour, Alexandre Bompard, publicou na última quarta-feira (20) um comunicado endereçado a Arnaud Rousseau, presidente da Federação Nacional dos Sindicatos dos Operadores Agrícolas (FNSEA), declarando que a varejista não comercializará carne do Mercosul “independentemente dos preços e quantidades”. 

Bompard afirmou que a decisão foi motivada pelo “desânimo e raiva” dos agricultores franceses, que desde o início da semana têm organizado protestos contra o acordo entre os blocos econômicos, incluindo bloqueios de estradas e queimadas de objetos.

O executivo alegou que o acordo traria riscos de entrada de carne no mercado francês que não cumpre os padrões locais de produção. Ele espera que a posição do Carrefour inspire outras empresas do setor agroalimentar a aderirem ao boicote, especialmente no mercado de catering, responsável por mais de 30% do consumo de carne na França.

Apesar do discurso, o Carrefour informou que quase 100% da carne vendida em suas lojas francesas já é de origem local. Assim, o impacto real sobre as exportações de carne bovina do Mercosul, particularmente do Brasil, tende a ser pequeno.

Reação do Brasil: “se não serve na frança, não serve aqui”

No Brasil, a resposta à decisão francesa veio rapidamente. 

O Ministério da Agricultura e Pecuária classificou a postura como protecionista e destacou o compromisso do país com padrões rigorosos de qualidade, em conformidade com as exigências da União Europeia. 

O governo brasileiro reforçou ainda que a rastreabilidade da pecuária brasileira está sendo aprimorada para atender ao Regulamento de Desmatamento da União Europeia (EUDR), cuja entrada em vigor foi adiada para 2025.

O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, foi mais direto. Ele declarou que se a carne brasileira “não serve para o Carrefour na França, também não servirá para o Carrefour (CRFB3) no Brasil”. 

Fávaro manifestou apoio a entidades do setor produtivo que defendem suspender o fornecimento de carne à filial brasileira da rede. O ministro também criticou a aparente incoerência do Carrefour no Brasil, que afirmou continuar comprando carne nacional por confiar na sua procedência.

Caso a resposta ao boicote francês seja aplicada à filial brasileira, o Grupo Carrefour, responsável pela rede de supermercados de mesmo nome, também administra as seguintes marcas no país:

  • Atacadão, 
  • Sam’s Club, 
  • Carrefour Hiper, 
  • Carrefour Bairro, 
  • Nacional, 
  • Super Bompreço e 
  • Carrefour Express.

Impacto comercial é praticamente irrelevante

Embora as restrições chamem atenção, a França tem papel marginal no comércio de carne bovina com o Brasil. 

Segundo o jornalista Fernando Nakagawa, da CNN Brasil, em 2023, os franceses compraram apenas US$ 678 mil em cortes congelados do Brasil, ocupando a 74ª posição entre os maiores importadores, atrás até mesmo das Ilhas Marshall, na Micronésia.

No total, a carne representa apenas 0,04% das exportações brasileiras para a França, e, dentro da pauta de exportações de carne bovina, os embarques para o mercado francês equivalem a 0,005% dos US$ 22 bilhões vendidos no último ano.

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