18 Mai 2021 às 16:00 · Última atualização: 18 Mai 2021 · 4 min leitura
18 Mai 2021 às 16:00 · 4 min leitura
Última atualização: 18 Mai 2021
Reprodução/Agência Brasil
Nesta terça-feira, 18 de maio, o Brasil lembra quatro anos do episódio que ficou conhecido como “Joesley Day”. Mas você lembra o que foi ele?
No ano de 2017, esta data entrou para a história do mercado financeiro. Naquele pregão, o pânico tomou conta dos investidores, após uma queda de mais de 10% do índice Ibovespa. Diante do caos instalado, o mecanismo do circuit breaker teve que ser acionado após quase 10 anos inativo.
O motivo foi a divulgação de um escândalo envolvendo o então presidente da República, Michel Temer (MDB), e o empresário dono da JBS (JBSS3), Joesley Batista. Entenda.
Um dia antes do derretimento do mercado, na noite do dia 17 de maio, foi tornado público o conteúdo de uma conversa entre Temer e Joesley.
No áudio, o presidente dava o aval ao dono da JBS para comprar o silêncio do ex-presidente da Câmara de Deputados, Eduardo Cunha, que se encontrava preso por conta dos desdobramentos da Operação Lava-Jato.
A divulgação do áudio fazia parte do plano de delação premiada que Joesley fechou junto à Procuradoria Geral da República. O dono da JBS queria um acordo para reduzir sua pena por lavagem de dinheiro e corrupção.
Para o mercado financeiro, era dada como certa a renúncia ou o impeachment do presidente. Não custa recordar que Temer assumiu o cargo após um processo de impeachment contra Dilma Roussef (PT). Ou seja, seria o início de mais um processo longo de turbulência política.
Além disso, o país debatia na época uma agenda de reformas importantes, como a reforma trabalhista e a reforma da previdência. E tudo poderia ir por água abaixo com a saída de Temer do governo.
O fato é que, em meio a um cenário de incertezas, a gravação caiu como uma bomba no mercado financeiro.
A turbulência política somada ao “efeito manada” resultou em uma reação imediata e a bolsa derreteu no Joesley Day.
Entretanto, apesar do escândalo político na época, Temer só viria a ser preso em decorrência do caso depois do fim de seu mandato presidencial, já em 2019.
Reprodução/Capas de jornal
Os efeitos do escândalo foram desastrosos para a bolsa de valores. Como as gravações foram divulgadas na noite do dia 17, o impacto só foi sentido no dia seguinte.
Então, em 18 de maio, a desvalorização no índice Ibovespa foi a maior dos últimos 9 anos. A última vez que isso aconteceu foi em 22 de outubro de 2008, na crise do subprime, quando a bolsa brasileira despencou 10,18%.
Às 10h51, em meio a uma queda incontrolável, com uma massa de investidores vendendo suas ações, o circuit breaker teve que ser acionado e os negócios foram suspensos por 30 minutos.
Nesse momento a bolsa caía 10,47%, a 60.470 pontos. O site da B3 também saiu do ar.
Após a retomada dos negócios, a bolsa conseguiu controlar o pânico do mercado e o Ibovespa fechou o dia em queda de 8,8%.
Mesmo com o dono da JBS sendo um dos personagens centrais no Joesley Day, as ações da companhia não estavam entre as que mais se desvalorizaram no dia. Foram, sim, as estatais, mais diretamente relacionadas com o risco de instabilidade política.
A Eletrobras foi quem liderou o ranking das perdas, com baixa de 20,96% nas ações ordinárias.
Em seguida vieram Cemig, caindo 20,43% e Banco do Brasil, derretendo 19,9%. Já as ações da JBS fecharam o dia em queda de 9,64%, muito longe do topo de desvalorizações.
Companhia | Ticker | Desvalorização |
Eletrobras | ELET3 | -20,96% |
CEMIG | CMIG4 | -20,43% |
Banco do Brasil | BBAS3 | -19,9% |
Metalúrgica Gerdau | GOAU4 | -17,08% |
Eletrobras | ELET6 | -16,94% |
Em sentido contrário, as empresas exportadoras tiveram um excelente desempenho, dado pela forte alta registrada no dólar daquele dia.
Fibria e Suzano foram os grandes destaques positivos, avançando perto de 11% e 10%, respectivamente.
Companhia | Ticker | Valorização |
Fibria | FIBR3 | 11,47% |
Suzano | SUZB5 | 9,85% |
Embraer | EMBR3 | 2,66% |
Klabin | KLBN11 | 1,64% |
Vale | VALE5 | 0,39% |
O dólar, por sua vez, registrou a maior alta dos últimos 18 anos. Então, no dia 18 de maio, a moeda, que abriu em R$ 3,1365 e chegou a bater em R$ 3,4068, fechou o dia cotada em R$ 3,36585, com valorização de 7,39%.
(Por Regiane Medeiros)