O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) de maio foi de 0,59%. O índice que serve como prévia da inflação oficial do Brasil ficou abaixo do 1,73% registrado na parcial de abril, confirmando o cenário de recuo da pressão inflacionária no curto prazo. Os dados foram divulgados nesta terça-feira (24) pelo IBGE.
No ano, o IPCA-15 acumula alta de 4,93% e, nos últimos 12 meses, de 12,20%. A variação ficou acima do esperado pelo mercado financeira, que estimava o índice em torno de 0,45%.
Como é o cálculo da inflação pelo IPCA-15
O IPCA-15 registrou a variação de preços coletados até o dia 13 de abril em relação à coleta realizada até 16 de março, data do fechamento da parcial anterior. O indicador refere-se às famílias com rendimento de 1 a 40 salários mínimos e abrange as regiões metropolitanas de Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além de Brasília e do município de Goiânia.
Dados detalhados do IPCA-15
Todos os grupos de produtos e serviços pesquisados apresentaram aumento nos preços, exceto habitação (-3,85%), que foi influenciado pela queda de 14,09% na energia elétrica e ajudou a puxar para baixo a prévia da inflação de maio.
O maior impacto positivo (0,40 p.p.) no resultado do IPCA-15 no mês de maio foi do grupo dos Transportes, que registrou alta de 1,80%. O resultado apresenta desaceleração em relação a abril (3,43%). A maior contribuição (0,09 p.p.) para o grupo veio do item passagens aéreas (18,40%), cujos preços subiram pelo segundo mês consecutivo (em abril, a alta foi de 9,43%).
Os combustíveis (2,05%) também seguem em alta, embora a variação tenha sido inferior à registrada no mês anterior (7,54%). Chamam a atenção aumentos da gasolina (1,24%) e do etanol (7,79%). Também merece destaque o seguro de veículo (3,48%), que já acumula 18,24% de variação no ano.
Ainda em Transportes, houve alta no subitem táxi (5,94%), por conta dos reajustes de 41,51% nas tarifas em São Paulo (20,15%) e de 14,10% em Fortaleza (12,95%). No Rio de Janeiro, as passagens de metrô foram reajustadas em 12,07%, deixando o subitem metrô no panorama nacional com alta de 2,17%, enquanto na região metropolitana fluminense, ficou em 6,56%. Já no subitem ônibus urbano (0,17%), houve reajuste de 11,11% no preço das passagens em Belém (4,17%).
Alta em Saúde e cuidados pessoais
A maior alta no resultado veio de Saúde e cuidados pessoais (2,19%), que contribuiu com 0,27 p.p. no índice de maio. O item de maior influência no grupo e no IPCA-15 de maio foi produtos farmacêuticos, com aumento de 5,24% nos preços (e 0,17 p.p. de impacto no resultado), registrado após o reajuste de até 10,89% autorizado pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED).
Também pressionaram o resultado do grupo os itens de higiene pessoal, que apresentaram alta de 3,03%, com impacto de 0,11 p.p. no índice do mês, o segundo maior.
Inflação de Alimentação desacelera
Outro grupo que desacelerou foi Alimentação e bebidas: 1,52% em maio frente aos 2,25% de abril. A maior influência foi dos alimentos para consumo no domicílio (1,71%). Entre os itens com as maiores altas, o leite longa vida (7,99%) e a batata-inglesa (16,78%) tiveram impactos de 0,06 p.p. e 0,04 p.p., respectivamente.
Ainda houve alta na cebola (14,87%) e no pão francês (3,84%), enquanto registraram quedas as frutas (-2,47%), o tomate (-11%) e a cenoura (-16,19%), esta última após alta expressiva em abril de 15,02%.
Ainda em alimentação, o item alimentação fora do domicílio acelerou na passagem abril (0,28%) para maio (1,02%), principalmente por conta do subitem lanche, que teve alta de 1,89% contra 0,07% no mês anterior. Já refeição (0,52%) apresentou resultado mais próximo ao registrado em abril (0,45%).
As demais altas dos grupos ficaram entre o 0,06% de Educação e o 1,86% de Vestuário.
Energia elétrica em baixa graças a bandeira verde
A única queda de preços entre os grupos foi em Habitação (-3,85%), puxada pela energia elétrica (-14,09%). A partir de 16 de abril, passou a vigorar a bandeira verde, em que não há cobrança adicional na conta de luz, após seis meses de bandeira “Escassez Hídrica”, com acréscimo de R$ 14,20 a cada 100 kWh consumidos.
Em termos regionais, houve quedas desde 17,62% em Curitiba até 2,18% em Fortaleza, onde houve reajuste de 24,23% nas tarifas. Também foi aplicado um reajuste tarifário de 20,97% em Salvador (-4,82%) e de 18,77% em Recife (-8,20%).
Ainda no grupo de habitação, pelas altas, houve aumento de 0,81% no gás encanado, consequência do reajuste de 5,95% aplicado no Rio de Janeiro (2,58%). Também houve alta da taxa de água e esgoto (0,55%), decorrente do reajuste de 12,89% em São Paulo (1,72%).
Inflação em todas as regiões do país
Todas as áreas pesquisadas no IPCA-15 de maio apresentaram alta, sendo a maior variação em Fortaleza (1,29%), explicada pelos itens de higiene pessoal (3,59%) e pelo reajuste de 24,23% nas tarifas de energia elétrica (-2,18%), que ocasionou uma redução menor no subitem que a observada em outras áreas.
Já o menor resultado regional foi em Curitiba (0,12%), onde, além do recuo de quase 18% da energia elétrica (-17,62%), houve queda nos preços de alimentos como a cenoura (-19,88%) e o tomate (-13,72%).
Avaliação dos analistas do Time Macro & Estratégia do BTG Pactual)
Para analistas do Time Macro & Estratégia do BTG Pactual), o índice acima das expectativas consensuais é decorrente, especialmente, de maiores pressões em Vestuário, Saúde e Despesas Pessoais (0,74% m/m). A aceleração no segmento de Saúde foi influenciada pelo reajuste nos preços dos medicamentos.
A perda de ímpeto do indicador em maio se deu, principalmente, por segmentos considerados voláteis, fora do núcleo de inflação, que sofreram fortes choques nos últimos meses.
Nesse sentido, destaque para a deflação em eletricidade, impactada pelo reajuste da tarifa de energia elétrica, e a desaceleração em combustíveis e alimentos, com acomodação na margem dos preços das commodities no mercado global.
Cenário de atenção no médio prazo
Por outro lado, as medidas de núcleo permaneceram sob pressão, com alta de 1,0% m/m no setor de Serviços; Produtos Industriais registraram 1,60% m/m de avanço. O dado de hoje reforça uma composição desfavorável do indicador de preços, com a inflação elevada e generalizada: indicador de difusão em ~75% e manutenção da pressão no componente subjacente de Serviços e em Bens Industriais, com a média dos núcleos acelerando para 1,10% m/m.
Para a leitura definitiva do IPCA de maio, os analistas esperam impacto para baixo remanescente da mudança da bandeira tarifária para Verde. Adicionalmente, as coletas do início de mês têm apontado para uma desaceleração na margem, especialmente, em preços Administrados.
Por sua vez, o reajuste de 8,9% no preço do Diesel deve ter impactos para cima sobre o índice. Além disso, para o curto prazo, o balanço de riscos segue assimétrico para cima, refletindo a elevada incerteza no cenário global com uma política monetária mais restritiva vinda do FOMC, a deterioração dos problemas das cadeias produtivas e o clima adverso.
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