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Inflação atrapalha ganhos dos grandes bancos; entenda a situação

Inflação atrapalha ganhos dos grandes bancos; entenda a situação

Há um consenso no mercado de que a Selic mais alta, como a atual, que está em 12,75%, ajudam no desempenho dos grandes bancos no Brasil. Isso ocorre porque eles aproveitam a situação para recompor os spreads (diferença entre o custo de captação e as taxas dos empréstimos) e melhorar a lucratividade. 

Entretanto, o remédio para melhorar o desempenho pode ter se tornado uma grande dor de cabeça. A política de manter os juros mais altos pelo Banco Central (BC) é justamente para arrefecer a inflação, que em abril está em 12,03% e teve a maior variação para um mês desde 1996. 

O aumento nos preços prejudicou os ganhos dos bancos, que até tiveram um bom desempenho, mas não conseguiram superar a taxa de inflação. Entenda como isso aconteceu.

Confira o desempenho dos grandes bancos somados

Os cinco grandes bancos do Brasil, grupo por formado por Itaú Unibanco (ITUB4), Bradesco (BBDC4), Santander (SANB11), Banco do Brasil (BBAS3) e Caixa, conseguiram aumentar os seus ganhos no 1º trimestre de 2022, mas o resultado foi afetado pela inflação alta durante o período. 

Um levantamento feito pelo jornal Valor Econômico mostra que a margem financeira bruta (crédito e tesouraria) e as receitas de serviços até subiram, mas os ganhos ficaram abaixo da alta acumulada em 12 meses do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) até o mês de março, que foi de 11,3%. 

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Ilustrando com números, a margem dos grandes bancos cresceu 5,2% em comparação com o mesmo período do ano passado e chegou na marca de R$ 77,52 bilhões. Enquanto que a receita de serviços aumentou 7,1%, para R$ 36,5 milhões. Em ambos os casos, apesar do crescimento, o resultado ficou bem abaixo da inflação. 

A situação com os lucros segue de forma semelhante. Ao somar os lucros dos bancos, o resultado foi de R$ 27,34 bilhões no 1º trimestre. Isso representa um crescimento de 9,6% em comparação com 2021, mas também ficou abaixo da inflação. 

O desempenho foi afetado pela Caixa, cujo resultado diminuiu no período. Ao retirar a estatal, o lucro do grupo teria subido para 13,9%, com R$ 24,8 bilhões. Nesta situação, os bancos conseguiriam superar a pressão inflacionária no Brasil. 

O que explica o desempenho

A reportagem do Valor explica que há dois motivos para entender o bom resultado dos bancos mesmo com a inflação alta: crédito e controle de gastos. 

O controle de gastos ainda é um desafio para os grandes bancos, uma vez que teve aumentos na folha de pagamento, seja pelo efeito do dissídio ou pelo investimento em equipes da área de tecnologia. As despesas operacionais subiram 5,1% no período, para R$ 44,4 bilhões.

Mas o grande destaque do desempenho dos bancos no 1º trimestre foi o crédito. O produto teve uma alta anual de 13,5%, que ficou em R$ 4,16 trilhões. As linhas sem garantia e ligadas ao consumo, como crédito pessoal e cartões, foram as que mais subiram.

O jornalão ainda aponta que houve um salto nas despesas com provisões para devedores duvidosos (PDD), que subiram 37,6%. Este movimento revela uma aposta para linhas mais arriscadas (de maior spread). Para compensar isso, os bancos, geralmente, sobem as taxas para compensar o maior risco de inadimplência. 

Inclusive, os bancos tinham a expectativa de que a taxa de inadimplência voltasse para os patamares pré-pandemia até o final do ano, mas este cenário acabou sendo antecipado. O que aumenta ainda mais risco nas modalidades de crédito mais arriscadas. 

Por isso, eles ainda enxergam uma estabilização no segundo semestre e não esperam nada parecido com os picos apresentados em crises anteriores.