Descubra as 10 Maiores Pagadoras de Dividendos da Bolsa
Compartilhar no LinkedinCompartilhar no FacebookCompartilhar no TelegramCompartilhar no TwitterCompartilhar no WhatsApp
Compartilhar
Home
Economia
Notícias
Impostos sobre combustíveis vão voltar? Entenda impacto sobre a inflação

Impostos sobre combustíveis vão voltar? Entenda impacto sobre a inflação

Desoneração da gasolina e do etanol acaba na terça-feira e deve causar aumento de cerca de 70 centavos nos preços, pressionando a inflação.

A volta da cobrança de impostos sobre combustíveis, especificamente sobre o etanol e a gasolina, tem provocado discussões no governo federal a respeito da conveniência política da medida e despertado a atenção do mercado sobre o eventual impacto que a tributação causará na inflação a curto prazo.

A desoneração foi anunciada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e valeu para o segundo semestre do ano passado. Inicialmente, valia até 31 de dezembro, mas a medida foi prorrogada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) após decisão tomada durante a transição de governo para evitar um impacto na inflação logo no início do mandato.

O problema é que a desoneração causa impacto fiscal – segundo a Receita Federal, o governo deixou de arrecadar cerca de R$ 5,65 bilhões entre PIS/Cofins e IPI (Imposto Sobre Produtos Industrializados), isso sem falar no ICMS (Imposto sobre Circulação de Moradias e Serviços), que é estadual.

A desoneração sobre a gasolina e o etanol vence no dia 28 de fevereiro, e a previsão de arrecadação varia entre R$ 20 bilhões, projeção mais pessimista da EQI Asset, e R$ 28 bilhões, número citado pela própria Receita nesta semana. 

Imposto sobre combustíveis: impacto político e inflacionário

O problema é que o retorno da cobrança de impostos sobre combustíveis vai fazer com que os preços da gasolina e do etanol aumentem cerca de 70 centavos por litro, o que causará impacto direto na inflação.

Publicidade
Publicidade

A EQI Asset (veja mais abaixo) projeta que o impacto ficará em cerca de 0,60 p.p. no IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de março, o que fará com que o índice cheio passe de 1% – nesta sexta-feira, o IBGE anunciou o IPCA-15 de fevereiro, prévia da inflação oficial, em 0,76%.

“Esse valor já está precificado na nossa projeção do IPCA para o ano, de 6%, mas é preciso saber se todos os impostos vão voltar de uma vez ou se será feito por fases, um pouco a cada mês”, explica Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset.

Isso porque setores do governo têm sondado Lula sobre a possibilidade de adiar a reoneração, ou de promovê-la de forma gradual, temendo o impacto politico causado por um aumento abrupto no preço dos combustíveis. O assunto foi discutido nesta sexta-feira (24) em reunião do presidente com o secretário-executivo do ministério da Fazenda, Gabriel Galipolo, e o presidente da Petrobras, Jean-Paul Prates.

Uma decisão final só deve sair na segunda-feira, com a volta do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que está em reunião do G-20 na Índia. Ele é a favor da volta da cobrança dos impostos para tentar reduzir o déficit fiscal.

“A equipe da Fazenda já demonstrou estar preocupada com a questão fiscal deste ano e gostaria que a volta desses impostos acontecesse de maneira rápida para aumentar a arrecadação”, diz Kautz, da EQI Asset.

Imposto sobre combustíveis: impacto sobre produtos financeiros

O mercado, de forma geral, já precificou esse retorno dos impostos em suas projeções de inflação para o ano, coletadas semanalmente pelo Banco Central. A questão é que uma eventual volta gradual pode mexer no IPCA de março e, consequentemente, impactar produtos financeiros com rentabilidade atrelada ao índice inflacionário.

“Faz diferença no cálculo da inflação mensal e nos produtos financeiros precificados com o IPCA mensal, porque vai causar um impacto inicial forte”, diz.

Como a desoneração vale até o dia 28 de fevereiro, qualquer decisão que amplie esse prazo terá que ser tomada por Lula, via MP (Medida Provisória), até terça-feira.  

  • Baixe agora mesmo o e-book “Marcação na curva x marcação a mercado: o que muda na renda fixa”.

Tá, e aí?Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset

O economista-chefe da EQI Asset, Stephan Kautz, diz que o mercado aguarda uma sinalização do governo para como será o retorno da tributação sobre os combustíveis. “É preciso saber se todos os impostos vão voltar de uma vez ou se será feito por fases, um pouco a cada mês”, questiona.

Segundo ele, isso não vai impactar no cálculo anual do IPCA. “Mas faz diferença no cálculo da inflação mensal e nos produtos financeiros precificados com o IPCA mensal, porque vai causar um impacto inicial forte”, diz.

A estimativa, com o retorno integral, é de um impacto de 0,6 p.p. no índice de março, com o IPCA do mês passando de 1%. Kautz avisa, contudo, que as projeções da EQI Asset de IPCA em 6% ao fim de 2023 já incluem o retorno integral dos impostos em março.

O analista lembra que há disputas sobre o tema dentro do governo, e que a equipe do Ministério da Fazenda espera o retorno integral da tributação para compensar outras medidas de estímulo à atividade econômica anunciadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva nos últimos dias, como o aumento do salário mínimo para R$ 1.320 a partir de maio, o reajuste da tabela do Imposto de Renda e o retorno do Minha Casa Minha Vida.

“A equipe da Fazenda já demonstrou estar preocupada com a questão fiscal deste ano e gostaria que a volta desses impostos acontecesse de maneira rápida para aumentar a arrecadação”, diz, projetando um ganho de arrecadação de até R$ 25 bilhões.

Ouça o comentário completo abaixo.

Quer investir com assertividade e compreender o impacto do retorno dos impostos sobre combustíveis no mercado de capitais? Preencha este formulário e um assessor da EQI Investimentos vai entrar em contato para tirar suas dúvidas.