O volume de serviços cresce 0,9% em maio, bem acima do esperado. A estimativa do consenso do mercado apontava para alta de 0,2%.
Na comparação com maio de 2021, alta foi de 9,2%, também acima do esperado, de 8,5%. Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na manhã desta terça-feira.
Trata-se da série com ajuste sazonal e, neste cenário, o volume de serviços acumula um ganho de 3,3% nos quatro últimos meses.
Dessa forma, elencou o Instituto, o setor se encontra 8,4% acima do nível de fevereiro de 2020 (pré-pandemia) e 2,8% abaixo de novembro de 2014 (ponto mais alto da série histórica).

IBGE: volume de serviços
Ainda de acordo com o levantamento, na série sem ajuste sazonal, frente a maio de 2021, o volume de serviços teve sua 15ª taxa positiva consecutiva (9,2%).
O acumulado no ano chegou a 9,4% frente a igual período de 2021. O acumulado nos últimos doze meses passou de 12,8% em abril para 11,7% em maio de 2022, com perda de ritmo pelo segundo mês consecutivo, pois chegara a 13,6% em março deste ano.
Também disse que o avanço de 0,9% do volume de serviços, de abril para maio de 2022, foi acompanhado por todas as cinco atividades de divulgação investigadas, com destaque para os transportes (0,9%), que recuperaram parte da retração de 2,5% verificada no mês anterior, e para informação e comunicação (0,9%), setor que emplacou o terceiro resultado positivo consecutivo, com ganho acumulado de 3,4%.
E acrescentou que os demais avanços vieram de outros serviços (3,1%); de profissionais, administrativos e complementares (1,0%); e de serviços prestados às famílias (1,9%). Enquanto os dois primeiros setores recobraram as perdas de abril, de -3,0% e -0,5%, respectivamente; a última atividade registrou o terceiro resultado positivo seguido, com ganho acumulado de 8,1%.

Para o economista João Paulo de Farias Tavares Rabe, que integra a equipe do economista-chefe da EQI Asset, Stephan F. Kautz, os dados do setor de serviços trouxeram um número melhor do que o previsto na margem, bem acima do esperado, com crescimento de 0,9% frente ao mês anterior, quando o consenso esperava um crescimento de 0,2%.
“Foi um crescimento bem espalhado entre os setores, com 10 entre os 12 setores apresentando elevação”, disse, acrescentando que alguns destaques positivos foram os serviços prestados às famílias, que ainda têm um bom espaço para continuar crescendo.
“Com esse panorama a gente acabou revisando nosso Produto Interno Bruto (PIB) para o trimestre e para o segundo trimestre de 2022 para 1,0% de crescimento contra 0,7% da projeção anterior. Para 2022, a gente espera um PIB de 2,2% contra 1,8% da projeção anterior”, disse.
Média móvel trimestral
Ainda na série com ajuste sazonal, conforme a autarquia, a média móvel trimestral (0,9%) no trimestre encerrado em maio de 2022 frente ao nível do mês anterior, mantem comportamento positivo desde julho de 2020.
Todos acompanharam o crescimento do índice global: os serviços prestados às famílias (2,6%); informação e comunicação (1,1%); os profissionais, administrativos e complementares (0,8%); os transportes (0,6%); e os outros serviços (0,5%).
Na comparação com maio de 2021, o volume do setor de serviços, ao avançar 9,2% em maio de 2022, registrou a 15ª taxa positiva seguida. O resultado deste mês trouxe expansão em quatro das cinco atividades de divulgação e contou ainda com crescimento em 62,0% dos 166 tipos de serviços investigados.

Entre setores
Entre os setores, o de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (12,5%) e o de serviços prestados às famílias (39,0%) exerceram as principais contribuições positivas sobre o volume de serviços, impulsionados pelo aumento de receita das empresas pertencentes aos ramos de transporte rodoviário de cargas; transporte aéreo de passageiros; rodoviário coletivo de passageiros; e navegação de apoio marítimo e portuário; no primeiro ramo; e de restaurantes; hotéis; serviços de bufê; e atividades de condicionamento físico, no último.
Os demais avanços vieram dos serviços profissionais, administrativos e complementares (9,6%) e de informação e comunicação (4,0%), que apresentaram incrementos de receita em: em locação de automóveis; soluções de pagamentos eletrônicos; serviços de engenharia; locação de mão de obra temporária; organização, promoção e gestão de feiras, congresso e convenções; e atividades de cobranças e informações cadastrais, no primeiro setor; e em portais, provedores de conteúdo e ferramentas de busca na Internet; consultoria em tecnologia da informação; desenvolvimento e licenciamento de softwares; tratamentos de dados, provedores de serviços de aplicação e serviços de hospedagem na Internet; desenvolvimento de programas de computador sob encomenda; outras atividades de telecomunicações; e atividades de exibição cinematográfica, no último.
Outros serviços
Em contrapartida, a única taxa negativa do mês ficou com o setor de outros serviços (-4,0%), pressionado, especialmente, pela menor receita oriunda de recuperação de materiais plásticos; administração de bolsas e mercados de balcão organizados; corretores e agentes de seguros, de previdência complementar e de saúde; e atividades de apoio à agricultura.
No índice acumulado dos primeiros cinco meses de 2022, frente a igual período do ano anterior, o setor de serviços apresentou expansão de 9,4%, com quatro das cinco atividades de divulgação apontando taxas positivas e crescimento em 67,5% dos 166 tipos de serviços investigados. Entre os setores, a contribuição positiva mais importante ficou com o ramo de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (14,9%).
Os demais avanços vieram de serviços prestados às famílias (37,8%); de profissionais, administrativos e complementares (8,4%); e de informação e comunicação (3,4%). O setor de outros serviços (-4,1%) registrou a única taxa negativa do acumulado no ano.
Unidades da Federação
Regionalmente, 16 das 27 unidades da Federação assinalaram expansão no volume de serviços em maio de 2022, na comparação com o mês imediatamente anterior, acompanhando o avanço (0,9%) observado no Brasil. Entre os locais que apontaram taxas positivas nesse mês, os impactos mais importantes vieram de São Paulo (0,6%) e de Minas Gerais (3,3%), seguidos por Santa Catarina (3,3%), Mato Grosso do Sul (5,3%) e Amazonas (3,7%). Em contrapartida, Pernambuco (-3,1%), Rio de Janeiro (-0,2%), Mato Grosso (-1,7%) e Paraná (-0,4%) exerceram as principais influências negativas em termos regionais.
Na comparação com maio de 2021, o avanço do volume de serviços no Brasil (9,2%) foi acompanhado por 26 das 27 unidades da Federação. A principal contribuição positiva ficou com São Paulo (11,1%), seguido por Minas Gerais (15,0%), Rio Grande do Sul (14,8%), Ceará (24,1%) e Rio de Janeiro (2,4%). Em sentido oposto, o Distrito Federal (-4,3%) assinalou o único resultado negativo do mês.
No acumulado do ano 2022, frente a igual período de 2021, o avanço do volume de serviços no Brasil (9,4%) se ocorreu em 26 das 27 unidades da Federação. O principal impacto positivo em termos regionais ocorreu em São Paulo (11,0%), seguido por Minas Gerais (12,0%), Rio Grande do Sul (15,5%), Bahia (12,2%) e Rio de Janeiro (2,4%). Por outro lado, Rondônia (-1,0%) registrou a única influência negativa sobre índice nacional.
Atividades turísticas
Em maio de 2022, o índice de atividades turísticas apontou expansão de 2,6% frente ao mês imediatamente anterior, terceiro resultado positivo consecutivo, período em que acumulou um ganho de 11,7%. Com isso, cabe destacar que o segmento de turismo se encontra apenas 0,1% abaixo do patamar de fevereiro de 2020.
Apenas quatro dos 12 locais pesquisados acompanharam este movimento de crescimento verificado na atividade turística nacional (2,6%). A contribuição positiva mais relevante ficou com São Paulo (2,5%), seguido por Rio Grande do Sul (3,9%), Bahia (1,5%) e Ceará (2,3%). Em sentido oposto, Rio de Janeiro (-2,8%), Goiás (-9,6%), Paraná (-4,4%) e Santa Catarina (-4,8%) assinalaram os principais recuos em termos regionais.
Na comparação maio de 2022 / maio de 2021, o volume de atividades turísticas no Brasil cresceu 45,6%, 14ª taxa positiva seguida, impulsionado, principalmente, pelo aumento na receita de empresas que atuam nos ramos de transporte aéreo; restaurantes; hotéis; locação de automóveis; rodoviário coletivo de passageiros; serviços de bufê; e agências de viagens.
Indicador
Todas as doze unidades da Federação onde o indicador é investigado mostraram avanço nos serviços voltados ao turismo, com destaque para São Paulo (50,5%), seguido por Minas Gerais (80,1%), Rio de Janeiro (24,6%), Rio Grande do Sul (58,7%) e Bahia (45,8%).
No indicador acumulado do ano, o agregado especial de atividades turísticas cresceu 50,2% frente a igual período de 2021, impulsionado, sobretudo, pelos aumentos de receita obtidos por empresas dos ramos de transporte aéreo de passageiros; restaurantes; hotéis; locação de automóveis; transporte rodoviário coletivo de passageiros; e serviços de bufê.
Todos os doze locais investigados também registraram taxas positivas, em que sobressaíram os ganhos vindos de São Paulo (56,7%), seguido por Minas Gerais (82,1%), Rio de Janeiro (27,9%), Bahia (47,2%) e Rio Grande do Sul (68,0%).
Transporte de passageiros
Em maio de 2022, o volume de transporte de passageiros no Brasil registrou variação negativa de 0,3% frente ao mês imediatamente anterior, na série livre de influências sazonais, após ter acumulado um ganho de 27,2% entre novembro de 2021 e abril de 2022. Dessa forma, o segmento se encontra, neste mês, 0,4% abaixo do nível de fevereiro de 2020 (pré-pandemia) e 22,0% abaixo de fevereiro de 2014 (ponto mais alto da série histórica).
Por sua vez, o volume do transporte de cargas apontou expansão de 1,8% em maio de 2022, acumulando, assim, um ganho de 13,0% desde outubro de 2021. Dessa forma, o segmento alcança novo recorde, ao atingir, neste mês, o ponto mais alto de sua série. Com relação ao nível pré-pandemia, o transporte de cargas está 25,9% acima de fevereiro de 2020.
No confronto com igual mês de 2021, sem ajuste sazonal, o transporte de passageiros teve a 14ª taxa positiva seguida (42,6%), ao passo que o transporte de cargas cresceu 13,7%, seu o 21º resultado positivo consecutivo.
No acumulado do ano, o transporte de passageiros cresceu 51,3% frente a igual período de 2021, enquanto o de cargas avançou 12,4% no mesmo intervalo investigado.
O que diz o BTG (BPAC11)
De acordo com o BTG Pactual (BPAC11), em maio o setor de Serviços apresentou alta de 0,9%, acima do esperado pelo consenso de mercado, próximo do limite superior das expectativas.
Com mais dias úteis, aumentando a mobilidade social no mês, os setores de Transportes, especialmente terrestre e aquaviário, e Serviços de Tecnologia e Informação foram beneficiados. Por sua vez, os Serviços Prestados às Famílias avançaram 1,9% no mês, mas registraram desaceleração, explicada pela ausência de feriados.
“Observamos alta em todas as atividades pesquisadas. Destaque para o avanço de 3,1% m/m em Outros Serviços e 0,9% m/m em Transportes. Com difusão de cerca de 80%”, disse.
E acrescentou que a série com ajuste sazonal apresentou relevantes revisões nos últimos meses, e o mês de abril foi revisado de 0,2% para menos 0,1%, março de 1,4% para 2,0% e fevereiro de menos 0,1% para 0,5%. A série original (n.s.a) não foi alterada.
“Ressaltamos que os choques decorrentes da pandemia da Covid-19 têm dificultado a dessazonalização dos dados, resultando revisões expressivas na série”, destacou.
E para frente?
Ainda de acordo com o banco de investimentos, para o 2T22, caso o setor apresente estabilidade em junho, Serviços deve crescer 1,9% com relação ao 1T22, deixando uma contribuição positiva para o crescimento da atividade econômica no trimestre, mas arrefecendo com relação ao último tri (2,1%).
No curto prazo, o setor de Serviços encontra espaço para leituras positivas pelos efeitos dos estímulos governamentais, como a liberação de recursos do FGTS e o aumento do Auxílio Brasil para R$ 600, além da melhora no mercado de trabalho e do rendimento real.
“Por sua vez, no ano, ressaltamos que o quadro inflacionário e o endividamento das famílias em patamar elevado, são possíveis elementos detratores. Os indicadores de confiança do setor, apesar de registrarem mais um mês de avanço em junho, já mostram sinais de estabilização. Para 2022, caso o setor apresente estabilidade até o final do ano, ele pode apresentar crescimento de 6,7%, sinalizando que a inflação de Serviços deve seguir como ponto de atenção para os próximos meses”, frisou.





