A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) aprovou, nesta semana, uma medida que promete impactar positivamente o mercado de fundos de investimento imobiliário (FIIs) e de fundos das cadeias agroindustriais (Fiagros). A nova regra permite que esses fundos recomprem suas próprias cotas negociadas na Bolsa de Valores, prática já comum entre empresas listadas na B3.
Segundo a CVM, a ata completa da reunião será publicada em até 30 dias. Para a analista de fundos imobiliários da EQI Investimentos, Carolina Borges, a medida representa uma oportunidade para os fundos gerarem valor aos cotistas, desde que bem executada.
“Essa recompra pode ser feita até um determinado percentual das cotas emitidas — geralmente até 10% — e por um prazo limitado, que costuma ser de até 12 meses”, explicou.
Recompra de cotas por FIIs e Fiagros pode aumentar dividendos e valor patrimonial
Carolina lembra que a prática já é permitida para os FI-Infras (fundos de infraestrutura), embora sua aplicação ainda seja tímida. “Nos FI-Infras, já vimos programas de recompra aprovados e executados, mas em volumes pequenos e em momentos muito específicos de mercado”, disse.
Ela destaca que, quando feita de forma estratégica, a recompra pode beneficiar diretamente os investidores. “Se a gestão recompra cotas que estão sendo negociadas abaixo do valor patrimonial e as cancela, isso aumenta o valor patrimonial por cota e, consequentemente, o dividendo pago ao cotista”, afirmou.
A especialista, no entanto, faz uma ressalva: o impacto positivo dependerá de como os gestores utilizarão essa ferramenta. “É importante que essas recompras ocorram com o objetivo de gerar valor real ao investidor, e não apenas como uma forma de inflar artificialmente os dividendos”, ponderou.
Segundo Carolina, manter as cotas recompradas em tesouraria, por exemplo, pode gerar algum aumento nos proventos de curto prazo, mas abre espaço para conflitos de interesse, caso essas cotas retornem ao mercado em momentos oportunos apenas para a gestora.
“Tudo vai depender da forma como o instrumento será utilizado. Se for bem executado, pode ser uma excelente oportunidade para os cotistas. A princípio, eu vejo essa medida com bons olhos”, concluiu Carolina Borges.