O agronegócio brasileiro enfrenta um momento de incerteza que está acendendo alertas no mercado financeiro. Dois grandes players do setor de insumos agrícolas, Agrogalaxy e Grupo Portal Agro, solicitaram recuperação judicial, o que aumentou a percepção de risco para o mercado de crédito do setor. Essa situação tem impactado diretamente os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs), que, para atrair investidores, já oferecem remunerações mais altas. No entanto, a questão vai além dos produtos de renda fixa, levantando dúvidas sobre os impactos dessa crise nos Fiagros e também nos Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs).
Segundo levantamento feito pela Uqbar, pelo menos 17 Fundos de Investimentos em Cadeias Agroindustriais (Fiagros) têm em suas carteiras CRAs com problemas de inadimplência e envolvimento em processos de recuperação judicial. Esses fundos, que investem no crédito do agronegócio, estão particularmente vulneráveis ao cenário desafiador. Mas e os FIIs ligados ao agro?
Carolina Borges, analista de Fundos Imobiliários e head da EQI Research, explica que, apesar de uma estrutura similar, os Fiagros e os FIIs possuem diferenças substanciais.
“Os Fiagros, em 95% dos casos, são veículos que compram crédito do agronegócio, enquanto os FIIs adquirem propriedades rurais. Mesmo que pareçam semelhantes, o crédito por trás dessas operações é muito distinto”, esclarece.
Ela acrescenta que o aumento no prêmio de risco para os CRAs hoje em dia já reflete a pressão gerada por fatores como eventos climáticos, variações no preço das commodities e as altas taxas de juros, que tornam o crédito agro mais arriscado.
FIIs e agronegócio
No entanto, apesar de diferentes dos Fiagros, alguns fundos imobiliários que investem em terras agrícolas também vêm apresentando queda. O BTRA11, um dos principais exemplos, viu uma queda superior a 40% somente neste ano, impulsionada por problemas relacionados à compra de terras.
Carolina destaca que, das seis terras adquiridas pelo fundo, quatro estão envolvidas em disputas judiciais de posse, o que tem dificultado a gestão desses ativos. “O fundo chegou a devolver parte do capital aos investidores, mas os problemas persistem, até mesmo durante as fases de arrendamento”, comenta.
A analista alerta sobre a falta de transparência nessas operações, que aumenta a percepção de risco. E mesmo com o desconto elevado no valor de mercado desses fundos, os problemas de governança e gestão pesam negativamente.
“Na EQI Research, não vemos potencial de valorização no curto prazo, não há gatilhos que indiquem que os atuais descontos são um exagero do mercado”, observa Carolina.
Diante desse cenário, sua recomendação é não correr risco com esses fundos, quando há opções mais seguras e previsíveis no mercado.
No Guia de FIIs da EQI Research, que traz as recomendações para FIIs sob cobertura da casa de análise, todos os fundos ligados ao agro, BTAL11, BRTA11 e RZTR11, estão atualmente classificados como “em revisão”.
Carolina recomenda cautela com os papéis, ressaltando a preferência por investimentos em crédito imobiliário com garantia real e estruturação mais robusta. “No cenário atual, o crédito imobiliário high grade, com baixo risco, já está com preços atrativos e não vejo motivos para correr riscos desnecessários quando temos opções mais previsíveis e seguras”, conclui.
Com o agronegócio atravessando um momento de turbulência, os investidores devem estar atentos às características específicas dos fundos, avaliando cuidadosamente os riscos antes de tomar decisões de investimento.
- Para investir com assertividade, nas opções mais seguras, fale com um assessor da EQI Investimentos.
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