Em um país de dimensões continentais como o Brasil, a infraestrutura não é apenas uma questão de desenvolvimento econômico, mas também de integração nacional. A qualidade das estradas, a rede de esgoto e a capacidade de geração de energia são determinantes.
O país enfrenta, porém, um grande déficit de investimento no setor. Atualmente, investe menos de 2% ao ano do seu PIB, enquanto estudos do Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada – Infraestrutura (Sinicon) indicam que seria necessário investir pelo menos o dobro (4% a 4,5%).
Em relação ao seu estoque de capital em infraestrutura (isto é, o valor total dos ativos existentes), a situação também não é das melhores: representa 35,5% do PIB. Esse percentual deveria estar acima de 60%, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
O Banco Mundial estima que, até 2030, o Brasil precisará direcionar cerca de US$ 778 bilhões para infraestrutura, se quiser alcançar suas metas de desenvolvimento. Na prática, isso significa elevar os aportes anuais para aproximadamente 3,7% do PIB, ainda distante do patamar atual.
Na tabela a seguir, é possível ter uma ideia mais clara do tamanho do desafio brasileiro em infraestrutura. À esquerda, você confere os investimentos realizados por setor, e, mais ao centro, os considerados necessários. À direita, a diferença entre ambas as colunas.
Investimentos em Infraestrutura por Ano (nos próximos 10 anos)
(em R$ bilhões correntes)

Essa carência de recursos, evidenciada no cotidiano dos números e dados de diferentes órgãos e entidades, está ligada à grave crise fiscal enfrentada pelo país, que reduz o espaço para despesas discricionárias do governo e limita a capacidade de investimento público.
A boa notícia é que o investimento privado e o mercado de capitais vêm preenchendo essa lacuna. Grandes concessões realizadas em diversos setores e instrumentos de financiamento, como as debêntures incentivadas, têm motivado maior participação do capital privado.
O gráfico abaixo retrata essa tendência, ao mostrar a trajetória dos investimentos público e privado em infraestrutura no Brasil desde 2010. Observe que, no ano passado, já se chegou ao maior nível da série, tendo o aporte privado sido o mais relevante em quase 10 anos.
Investimento Público e Privado em Infraestrutura (em R$ bilhões, sob valores constantes de 2024)

O leilão para a construção do túnel Santos–Guarujá, o primeiro imerso da América Latina, por exemplo, foi realizado na sede da Bolsa brasileira na última sexta-feira e movimentou R$ 6,8 bilhões em investimentos. A vencedora da disputa foi a portuguesa Mota-Engil.
Outro exemplo marcante foi o megaleilão de transmissão realizado em 2023 e que se tornou o maior da história da infraestrutura energética do país.
Na ocasião, foram contratados cerca de R$ 21,7 bilhões para a construção de mais de 4,4 mil quilômetros de linhas de transmissão, conectando as regiões Nordeste e Sudeste.
O apelo global dos ativos de infraestrutura
Em escala mundial, os ativos de infraestrutura são altamente demandados por fundos de pensão e fundos soberanos, que buscam características como:
1. Fluxo de caixa previsível
Rodovias pedagiadas, linhas de transmissão e aeroportos geram receitas estáveis e de longo prazo, alinhadas ao perfil de passivos previdenciários
2. Proteção contra a inflação
Muitos contratos de concessão preveem reajuste tarifário pelo índice de preços (ex: IPCA no Brasil, CPI na Europa), funcionando como um hedge natural
3. Diversificação
Infraestrutura tem baixa correlação com ativos tradicionais, como ações e títulos, ajudando a suavizar a volatilidade das carteiras.
4. Sustentabilidade e ESG
Fundos como o Canadian Pension Plan (CPP) e o Ontario Teachers’ Pension Plan (OTPP) lideram aportes em energia renovável e projetos verdes, reforçando suas credenciais ESG.
O papel do investidor brasileiro
O investidor local também tem se aproximado desse mercado, especialmente no caso de pessoa física, que conta com benefícios tributários para alocar recursos em infraestrutura.
Um exemplo é a Lei 12.431/2011, que instituiu as debêntures incentivadas, títulos de dívida isentos de IR para pessoas físicas.
Outro marco é a Lei 11.478/2007, que criou os Fundos de Investimento em Participações em Infraestrutura (FIP-IE), voltados para setores prioritários (energia, transporte, saneamento, entre outros), também com vantagens fiscais.
Em síntese, o desenvolvimento da infraestrutura brasileira é condição essencial para o crescimento sustentável e a competitividade do país.
A necessidade de capital é enorme, mas o movimento de maior participação do setor privado e os incentivos fiscais tornam o segmento uma oportunidade relevante para investidores.
Portanto, para quem busca ativos com geração de caixa estável, rendimentos recorrentes, diversificação e proteção contra ciclos econômicos, a infraestrutura deve ser considerada como parte estratégica do portfólio.
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