O dólar subiu 4% nesta sexta-feira (22), cotado a R$ 4,80. Na quarta-feira (20), véspera de feriado, a moeda americana fechou o dia em R$ 4,62.
A razão para a alta repentina é a reação dos mercados à expectativa de alta dos juros nos Estados Unidos, ao passo que, no Brasil, é aguardado para breve o fim do ciclo de alta da Selic.
Os mercados globais reagem à fala de Jerome Powell, presidente do banco central dos EUA (Fed), que verbalizou o que o mercado já projetava: a alta de 0,5 ponto porcentual está “na mesa” na reunião do comitê de política monetária do Fed, o Fom, no dia 4 de maio. Powell disse ainda que controlar a inflação se tornou essencial.
O discurso, considerado mais hawkish do que o presidente do BC americano apresentava até então, aumentou as expectativas de uma trajetória de juros mais íngreme e mais acelerada do que o esperado.
No dia 18, o presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, também já havia agitado os mercados, ao afirmar que altas de 0,75 ponto porcentual não são descartadas e que os juros podem atingir 3,5% até final do ano.
Segundo a última estimativa do BTG Pactual (BPAC11), o Fed deve promover quatro altas de 0,50 ponto, mais duas altas de 0,25 até dezembro (taxa de 2,75% a 3% até o final de 2022). Para 2023, o banco prevê mais quatro altas de 0,25, com taxa terminal de ciclo entre 3,75% e 4%.

Projeção para os juros nos EUA. Fonte: BTG
Alexandre Viotto, head de câmbio e comércio exterior da EQI Investimentos e colunista do EuQueroInvestir, confirma que a janela de oportunidade para quem quer investir em dólar está se fechando.
“O real está perdendo muito valor frente ao dólar. E a explicação é o carry trade”, explica Viotto.
O real, ele diz, vem sendo a estrela entre as moedas emergentes, por conta justamente do carry trade, que é o diferencial de juros entre o mercado local e os países desenvolvidos.
“A gente teve taxa de juros de 0% a 0,25% nos EUA, enquanto aqui a Selic está em 11,75%. Isso tornou o país muito atrativo e trouxe dólares para o Brasil, valorizando o real”, ele diz.
No entanto, explica, com Jerome Powell dando como certa a alta de juros em 0,5 ponto porcentual, tendo um discurso hawkish, e por aqui Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central brasileiro, afirmando que o ciclo de alta de juros está chegando ao fim, o cenário se inverte.
Dólar: o que acontece a partir de agora?
“A janela de oportunidade durou um bom tempo, quem aproveitou fez um ótimo negócio. Mas o que deve acontecer agora é que as coisas tendem a voltar ao normal e se estabilizar”, ele explica.
E complementa: “Isto confirma que o que segurava o real era mesmo esse diferencial de taxa de juros, que por sinal ainda é grande”.
Mas, e então, por que a mudança?
Viotto responde: “O mercado é ansioso e trabalha com perspectivas, estando duas, três, até quatro casas na frente da realidade. Então, o que vemos é que os analistas já estimam que o dólar não está no preço correto perto de R$ 4,50. O preço dele é muito mais próximo de R$ 5, talvez até um pouco mais alto que isso”, finaliza.
A projeção da EQI Investimentos e do BTG Pactual é de dólar a R$ 4,80 no cenário-base.

Cenários para o dólar. Fonte: BTG
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