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Fed sobe juros em 0,5 ponto percentual, conforme expectativa do mercado

Fed sobe juros em 0,5 ponto percentual, conforme expectativa do mercado

O Fed (Federal Reserve) anunciou, nesta quarta-feira (04), um aumento 0,5 ponto percentual na sua taxa básica de juros, para um novo intervalo entre 0,75% e 1%. O avanço ocorreu dentro da expectativa do mercado financeiro. 

A decisão foi publicada em um comunicado após a reunião dos dirigentes. A decisão foi unânime entre os dirigentes. 

“O Comitê decidiu aumentar a faixa-alvo para a taxa dos fundos federais para 0,75% a 1% e prevê que os aumentos contínuos na faixa-alvo serão apropriados. […] Além disso, o Comitê decidiu começar a reduzir suas participações em títulos do Tesouro e dívida de agências e títulos lastreados em hipotecas de agências em 1º de junho”, informa o comunicado do Fed.

O Fed também divulgou que vai reduzir o balanço patrimonial a partir de 1 de junho. O limite para a redução no balanço será de US$ 47,5 bilhões por mês nos primeiros três meses, subindo depois para US$ 95 bi por mês.

O presidente do Fed, Jerome Powell, antecipou que há uma avaliação dos dirigentes do Fomc de que mais uma alta de 0,5 p.p. estará na mesa na próxima reunião. Contudo, ele promete que o Fed será “ágil para reagir aos dados econômicos”.

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Powell admite que a inflação alta ainda é uma preocupação para o povo americano. Mas que tem uma “boa chance de termos um pouso suave da economia”. Ele ainda destaca que o mercado de trabalho está muito forte.

O aperto da política monetária dos EUA ocorre para conter a forte inflação no país, que atingiu o maior patamar desde 1981. Apesar dos investidores já esperarem este avanço nos juros, ainda há o temor que ele seja persistente ao longo do ano e possa desencadear uma desaceleração econômica após a pandemia de covid-19. 

O mercado financeiro dos EUA espera mais oito altas (são 10 projetadas no total), com juros chegando próximo a 3% no final do ciclo, que deve se estender até 2023. 

“Enquanto aqui estamos chegando no final do aperto ou muito próximo dele, lá eles estão recém-iniciando o ciclo. As notícias por lá tendem a ser piores do que as daqui por um bom tempo, durante um ano mais ou menos”, explica Denys Wiese, head de renda fixa da EQI Investimentos. 

Quer entender como funcionam os ciclos econômicos e como eles mexem com os seus investimentosEntão, confira nosso vídeo a respeito. 

Hoje (04) de manhã, Janet Yellen, ex-chairwoman do Fed e atual secretária do Tesouro dos EUA (uma espécie de Ministério da Economia dos americanos), afirmou que o Fed precisará ser “hábil” e “sortudo” para guiar a economia para um pouso suave. 

Em uma conferência do Wall Street Journal, Yellen disse que tem confiança na saúde econômica dos EUA, embora a inflação seja a mais alta em quatro décadas. Mas que isso é um problema e controlá-la é trabalho principalmente do Fed.

Confira a análise sobre aumento dos juros pelo Fed

Para o BTG Pactual (BPAC11), o Fed deve promover três altas de 0,50 ponto, mais duas altas de 0,25 até dezembro (taxa de 2,75% a 3% até o final de 2022). Para 2023, o banco prevê mais quatro altas de 0,25, com taxa terminal de ciclo entre 3,75% e 4%.

Análise grafista sobre a projeção dos juros nos EUA

Os analistas do banco de investimentos relatam que o comunicado do FOMC não trouxe grande surpresa, reforçando o tom hawkish das últimas aparições dos membros votantes.

A análise dos estrategista da área de Macro & Estratégia do BTG Pactual destacam três trechos do documento:

  • Aceleração do ritmo de altas da FFR de +25bps para +50bps (intervalo atual de 0,75% para 1%) – hawkish, em linha;
  • Anúncio do processo de redução do balanço conforme a ata da reunião anterior: US$ 95 bi/mês, sendo US$ 60 bi/mês US Treasuries e US$ 60bi/mês de MBS. Esse pico será atingindo em 3 meses, iniciando o processo com US$ 30bi de UST e US$ 17,5 bi MBS – hawkish, em linha;
  • O novo lockdown na China é um risco para as cadeias produtivas e, portanto, os dirigentes do Fed estão atentos aos riscos inflacionários reflexo do evento. Sobre economia, apontaram que o consumo foi elevado, assim como os investimentos (dando downplay na queda do PIB, como esperado) – hawkish”.

Tá, mas e daí?

Com a decisão do Fed em aumentar os juros, essas ações refletem podem indicar  a migração do capital para os papéis do tesouro americano, considerado o investimento mais seguro do mundo.

Isso quer dizer que haverá menos liquidez, com impacto na bolsa brasileira e também no dólar, que tende a se valorizar frente ao real. 

“A janela de oportunidade do dólar durou um bom tempo, quem aproveitou fez um ótimo negócio. Mas o que deve acontecer agora é que as coisas tendem a voltar ao normal e se estabilizar”, explica Alexandre Viotto, head de câmbio da EQI Investimentos. 

“Isto confirma que o que segurava o real era mesmo o diferencial de taxa de juros (carry trade), que por sinal ainda é grande. Só que o mercado é ansioso e trabalha com perspectivas, estando duas, três, até quatro casas na frente da realidade. Então, o que vemos é que os analistas já estimam que o dólar não estava no preço correto. O preço dele é muito mais próximo de R$ 5, talvez até um pouco mais alto que isso”, finaliza.

Veja a análise completa de Alexandre Viotto sobre dólar!