A Hermès (RMS), grife francesa de luxo conhecida mundialmente por suas cobiçadas bolsas Birkin e Kelly, vai reajustar seus preços nos Estados Unidos a partir de 1º de maio. A decisão vem como resposta direta ao tarifaço de Trump, que impôs novas taxas de importação sobre produtos europeus. O aumento afeta exclusivamente o mercado americano e busca compensar os impactos financeiros das tarifas.
“O aumento de preços que implementaremos será apenas para os EUA, pois visa compensar as tarifas que se aplicam ao mercado americano e não haverá aumentos de preços nas outras regiões”, afirmou Eric du Halgouët, vice-presidente executivo de finanças da Hermès, durante uma conferência com analistas.
Tarifas americanas pressionam o luxo europeu
O governo dos Estados Unidos impôs, no início de abril, uma taxa de 20% sobre produtos da União Europeia. Posteriormente, anunciou uma redução temporária para 10%, válida por 90 dias.
Apesar dessa trégua parcial, marcas como a Hermès não ficaram imunes ao impacto.
A empresa deixou claro que os ajustes de preços visam compensar integralmente os custos adicionais, mantendo sua margem de lucro e padrão de excelência.
Impacto no mercado de luxo e na bolsa Birkin
O preço da bolsa Birkin, símbolo máximo de status e exclusividade no mundo da moda, será diretamente afetado pela medida. Com isso, consumidores americanos devem se preparar para pagar ainda mais caro por um item que já pode ultrapassar os US$ 20 mil, dependendo do modelo e material.
Apesar disso, analistas acreditam que marcas de luxo têm mais facilidade em repassar aumentos ao consumidor, diferentemente de setores mais sensíveis ao preço. A clientela da Hermès, composta por compradores de altíssimo poder aquisitivo, tende a absorver essas mudanças com menor resistência.
Resultados da Hermès seguem positivos
No primeiro trimestre de 2025, a Hermès registrou crescimento de 11% nas vendas nos EUA, que representaram cerca de 17% de sua receita global no período. Embora o crescimento tenha ficado ligeiramente abaixo das expectativas, 7% contra os 8% a 9% projetados, analistas do Deutsche Bank e do Citi consideraram os resultados robustos e respeitáveis.
Concorrência com a LVMH aquece o setor
Mesmo com a leve queda de 1,3% nas ações após o anúncio, a Hermès manteve seu valor de mercado próximo ao da LVMH, sua principal rival. A LVMH (LVMH), gigante que controla marcas como Louis Vuitton, Dior e Tiffany, divulgou queda nas vendas no mesmo período, especialmente na divisão de moda e artigos de couro, uma das mais lucrativas.
Setor de luxo em alerta, mas resiliente
O setor de luxo, apesar do cenário desafiador com tarifas e possíveis retrações econômicas, segue mais protegido do que o varejo convencional. O prestígio das marcas, combinado à fidelidade de seus consumidores, dá fôlego para enfrentar medidas como o tarifaço de Trump sem grandes perdas de demanda.
No entanto, a Hermès e outras empresas do setor continuam de olho em possíveis desdobramentos da política comercial dos EUA, qualquer instabilidade mais prolongada pode afetar o apetite do consumidor, mesmo entre os mais abastados.
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