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Galípolo defende debate sobre política monetária, mas diz que BC “não pode brigar com os dados”

Galípolo defende debate sobre política monetária, mas diz que BC “não pode brigar com os dados”

Presidente do Banco Central afirma que juros seguem em patamar restritivo porque projeções indicam dois terços do mandato fora da meta de inflação

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou nesta quarta-feira (12) que é legítimo que a sociedade se manifeste sobre a política monetária, mas ressaltou que a instituição deve se guiar exclusivamente pelos dados econômicos. A declaração foi feita durante entrevista coletiva em São Paulo, após a apresentação do Relatório de Estabilidade Financeira (REF) de novembro.

“Todo mundo pode brigar com o Banco Central, mas o Banco Central não pode brigar com os dados”, disse Galípolo. Ele destacou que o objetivo do BC “é claro: perseguir a meta de inflação”, fixada em 3% ao ano.

Inflação fora da meta e juros restritivos

Galípolo afirmou que as projeções de inflação — tanto do boletim Focus quanto de instituições privadas e da Fazenda — indicam que o país deve permanecer pelo menos dois terços do mandato dele com a inflação acima da meta.

“Por isso está claro porque estamos com a taxa de juros em um patamar restritivo; é isso que estamos fazendo”, afirmou. Segundo ele, o BC tem calcado suas decisões “em fatos e dependência de dados”, em um cenário que ainda exige cautela na condução da política monetária.

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Crédito cresce, mas em ritmo menor

O presidente do BC reconheceu que a política monetária atual resultou em desaceleração do crédito, mas destacou que o volume de empréstimos segue em crescimento.

“Temos a preocupação, sim, de analisar como está a relação com o crédito privado. A política monetária vem fazendo efeito, de maneira lenta e gradual, mas vem fazendo efeito”, afirmou.

Galípolo ressaltou que o debate público costuma se concentrar no nível da taxa de juros, mas que o foco correto deve ser “os canais de transmissão” da política monetária no país.

“Temos uma série de indicadores que deixam claro que temos uma economia aquecida”, disse.

“Precisamos ver como conseguimos conviver com a taxa de juros que temos e ainda assim apresentar o nível de atividade econômica que estamos vendo”, acrescentou.

Independência e comunicação

Ao ser questionado sobre críticas à atuação do Banco Central, Galípolo defendeu a legitimidade das manifestações, inclusive as de membros do governo.

“É legítimo qualquer comentário de qualquer segmento da sociedade. O ministro Haddad tem o direito de fazer qualquer comentário, mas o BC tem um comando legal, que é perseguir a meta de inflação”, afirmou.

Ele reforçou, contudo, que a autoridade monetária não antecipa decisões sobre a taxa básica.

“Se você entendeu na nossa comunicação algum sinal do que possamos fazer no futuro, você entendeu errado. Dizer o que vamos fazer no futuro vai na contramão de toda literatura, especialmente em um ambiente de incertezas como o de agora”, informou o presidente do BC.

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Desafios e incertezas

Galípolo reconheceu que as projeções para a economia brasileira têm surpreendido positivamente, com inflação em queda e desemprego mais baixo do que o esperado. Ainda assim, alertou para as “desancoragens de médio e longo prazos”, que classificou como preocupantes.

“Temos uma visão humilde sobre as incertezas que temos hoje”, afirmou. “Vamos continuar assistindo para entender os impactos efetivos da lei da isenção do Imposto de Renda”, acrescentou.

O presidente também ressaltou a importância da cooperação institucional entre órgãos de fiscalização e controle.

“É importante que as instituições, como Polícia Federal, Receita e Banco Central, troquem informações para coibir a lavagem de dinheiro”, concluiu.