A Allos (ALOS3), empresa do setor de shopping centers, registrou um desempenho considerado “em linha” no mais recente resultado trimestral, mas conseguiu surpreender o mercado com um forte anúncio de dividendos. A avaliação é de João Zanott, analista da EQI Research, que destaca que a notícia impulsionou a ação da companhia, que avançou cerca de 4% no pregão, refletindo a reação positiva dos investidores.
Segundo Zanotti, embora os números operacionais tenham vindo dentro do esperado, o grande catalisador da valorização foi a decisão da empresa de elevar substancialmente o pagamento de dividendos. “O mercado recebeu essa regularidade e esse aumento como uma surpresa muito positiva”, afirma o analista.
Allos e dividendos: resultados estáveis e FFO impulsionado por recompras
No desempenho operacional, a empresa apresentou crescimento moderado, com um ponto de atenção: a desaceleração das vendas nas mesmas lojas, impactada pelo segmento de entretenimento e por uma base de comparação elevada. Já o custo de ocupação dos lojistas permaneceu estável.
Zanotti destaca que o FFO por ação — indicador de geração de caixa recorrente — cresceu 9% no trimestre, impulsionado principalmente pelo programa de recompra de ações realizado pela empresa. Esse movimento contribuiu para a valorização dos papéis e reforça a estratégia de alocação de capital da companhia.
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A empresa opera hoje com uma alavancagem considerada baixa: 1,7 vez dívida líquida/EBITDA. De acordo com o analista, a própria Alus afirma que poderia trabalhar com um nível acima de 2 vezes, o que sinaliza margem para elevar endividamento de forma saudável.
Esse cenário, segundo Zanotti, é um dos fatores que permitiu à companhia anunciar um novo guidance de dividendos. A expectativa agora é que a empresa entregue um dividend yield próximo de 13%, muito superior ao consenso anterior, que projetava cerca de 5%.
Dividendos devem triplicar
A Allos pretende distribuir aproximadamente R$ 0,30 por ação, ante os cerca de R$ 0,10 pagos anteriormente. O montante total pode chegar a R$ 150 milhões por mês, reforçando o perfil da empresa como uma forte pagadora de dividendos, segundo avaliação do analista.
Zanott explica que essa mudança reflete um processo recente de reorganização: a empresa vendeu ativos considerados não essenciais, manteve apenas o portfólio mais rentável e executou um robusto programa de recompra de ações. Agora, com a alavancagem sob controle, direciona foco para retornar caixa aos acionistas.
Posição estratégica na carteira da EQI Research
Do ponto de vista estratégico, o analista reforça que a tese da Allos está baseada justamente nesse novo perfil: geração estável de caixa, portfólio refinado e política clara de remuneração aos investidores.
“Virou um caso típico de empresa pagadora de dividendos, e o mercado reconheceu isso imediatamente”, destaca Zanott.
A Allos segue como uma das posições da carteira buy and hold da EQI Research, e a valorização recente contribuiu diretamente para o desempenho da estratégia recomendada pela casa.





