O BTG Pactual (BPAC11) analisou o ativo Eneva (ENEV3) em seu portfólio e optou por reduzir o preço-alvo de R$ 18,00 para R$ 15,00 por ação até o final de 2022.
Ainda assim, o banco de investimentos mantém o rating de Compra para a companhia, visto que embora as negociações com a Petrobras sobre Urucu tenham sido encerradas, o BTG diz acreditar que as diversas opções de crescimento da Eneva poderiam compensar parcialmente a retirada de Urucu das projeções.
“Não só a Eneva tem sido extremamente bem-sucedida na busca de gás adicional, mas sempre buscou oportunidades em outros lugares, como foi o caso da AES Tietê, Focus e, mais recentemente, Urucu. Com as consideráveis reservas de gás na região Norte, estamos agora incluindo em nossa soma das partes o VPL potencial dos projetos Azulão II e III, que estimamos adicionar cerca de R$ 1,5 bilhão, ou R$ 1,2/ação”, disse.
BTG: investor day da Eneva
Ainda de acordo com o BTG, a Eneva realizou o Investor Day, onde apresentou uma visão detalhada de seu plano de negócios a ser implementado nos próximos oito anos.
O evento teve como fo co estender os ciclos de vida dos ativos e replicar o modelo de reservatório em outras regiões; maximizar os reservatórios de gás e desenvolver soluções integradas no Norte; desenvolvimento de hubs de gás de infraestrutura; comercialização e novos modelos de negócios; tecnologias renováveis e de baixo carbono; e soluções de eficiência.
Em relação à Bacia do Parnaíba, as campanhas exploratórias da Eneva têm sido muito bem-sucedidas, com índices de reposição de reservas acima de 200% nos últimos cinco anos.
Na bacia do Parnaíba, as reservas 2P atingiram 29,3BCM, principalmente devido a campanhas exploratórias bem-sucedidas nos campos de Gavião Belo e Gavião Tesoura.
Outros quatro poços exploratórios também receberam notificação de descoberta em 2021, e a empresa pretende intensificar a campanha exploratória em Parnaíba em 2022 com 15 poços, aquisição de 5.000km de linhas sísmicas 2D, conclusão de gasoduto de 56km e licenciamento de 125km de gasoduto.
Companhia atualiza projetos
O projeto Parnaíba V está previsto para entrar em operação no terceiro trimestre de 2022, e Paraíba VI está totalmente contratado com COD previsto para 2025.
A Eneva também possui uma JV com a Enalta na Bacia do Paraná, que tem semelhanças com a Bacia do Parnaíba, e as campanhas de perfuração estão previsto para começar em 2025.
Em relação à Bacia do Amazonas, o Azulão se tornará um complexo de 1GW, e mais de 400 caminhões com GNL já foram encaminhados para a UTE Jaguatirica II, que está em operação de testes, com previsão de COD para fevereiro/março.
Em dezembro, a Eneva conquistou um PPA para a termelétrica Azulão I (295MW), que replicará o modelo reservatório do complexo Parnaíba. O projeto tem capex esperado de R$ 1,3 bilhão e receita fixa de R$ 217 milhões.
Assumindo um despacho de 30%, a Eneva estima um retorno real (desalavancado) de cerca de 20% para o projeto.
Também foram apresentados dois novos projetos: Azulão II (295MW), que replicará Azulão I; e Azulão III (320MW), que será uma usina de ciclo fechado utilizando o gás de Azulão I&II.
Com isso, o complexo de Azulão deverá atingir uma capacidade instalada de 1GW. Esses projetos terão a oportunidade de serem vendidos no próximo leilão de reserva previsto para este ano.
Monetização de gás no Norte
Para o BTG, além das reservas de gás do campo de Azulão, a Eneva também possui reservas de contingência no campo de Anebá.
Somando as reservas de Azulão (3P) e Anebá (2C), elas têm gás suficiente para Jaguatirica II e o complexo de Azulão com 100% de despacho por 15 anos.
“Se assumirmos 50% de despacho em Azulão e 65% em Jaguatirica por 15 anos, as reservas de Azulão (3P) são suficientes para atender as necessidades de gás”, disse.
No Norte, a Eneva também possui reservas de contingência na Bacia do Solimões no campo de Juruá. Para rentabilizar a capacidade potencial dos reservatórios da região Norte, destacaram: novas termelétricas; e GNL de pequena escala, focado no desenvolvimento de soluções para substituir o diesel por GNL.
Eles veem uma demanda potencial de 1,8 milhões m³/dia no Norte para geração de energia, agronegócio e transporte.
Criação de hubs de gás
Segundoo banco de investimentos, a empresa também planeja criar hubs de gás, adicionando flexibilidade à oferta e demanda de gás. A meta é criar 2 polos: um em São Luís (Maranhão) e outro em Macaé (Rio de Janeiro). No Maranhão, a Eneva pretende conectar o complexo de Parnaíba a um terminal de GNL no Porto de Itaqui para ajudar a desenvolver o mercado de gás local.
Vale lembrar que a Eneva assinou contrato com o Grupo Vale Azul para analisar o desenvolvimento do terminal portuário de Macaé, com exclusividade até 2022.