Após o melhor mês de abril para a bolsa brasileira em onze anos e de recuperação nas bolsas internacionais, os mercados ingressam essa semana no místico mês de maio, junto com a reunião do Copom, safra de balanços e indicadores de peso.
“Sell in May And Go Away” – ou, venda em maio e vá embora – é uma expressão cunhada por consequência de um padrão histórico do mercado acionário americano em que nos meses de verão (no hemisfério Norte) registra-se um pior desempenho quando comparado aos meses de inverno.
Este movimento na maior parte dos anos acaba sendo seguido pelo Ibovespa.
Segundo artigo de Mark Hulbert, para o MarketWatch, casualmente, no último grande crash dos mercados, em 2008, o movimento foi o contrário.
Do Halloween (31 de outubro), que marcou o início do inverno, até maio de 2009, o Dow Jones recuou 12,4%; mas, nos seis meses subsequentes, ganhou 18,9%. Essa recuperação, porém, foi uma exceção, pontua Hulbert.
Ainda de acordo com o artigo, desde 1896, o Dow Jones registrou ganhos médios de 4,1% nos verões em anos de eleições – no segundo semestre, o presidente Donald Trump concorre à reeleição. Essa é uma boa notícia.
No entanto, nos verões que se sucederam a invernos com perdas (o que acontece neste momento), o Dow perdeu em média 0,6% – o que pode ser um mal prenúncio.
Fonte: Reprodução site MarketWatch
Copom
Essa semana, na quarta-feira (6), o Comitê de Política Monetária (Copom) finaliza sua reunião e anuncia, após o fechamento dos mercados, a nova taxa Selic, atualmente em 3,75% – a menor da história.
Segundo o consenso de economistas consultados pela Bloomberg, o Copom deverá cortar a Selic em 0,5 ponto porcentual.
No entanto, a tendência é de que os cortes sigam até o final do ano, como precificado no último boletim Focus, quando o mercado estimou uma Selic em 3% até o final do ano.
Com a redução dos juros, o custo dos empréstimos fica menor, o que pode ajudar na recuperação da atividade, em meio à pandemia do Covid-19.
Balanços da semana
Outro destaque da semana é a sequência da divulgação dos balanços do primeiro trimestre.
Mais do que os resultados em si, a expectativa fica por conta das falas dos executivos durante as teleconferências, com as expectativas da pandemia no desempenho ao longo do ano.
Após o Bradesco reportar na última quinta-feira um lucro recorrente 39,8% menor, por conta do aumento das provisões para devedores duvidosos, os investidores vão ficar atentos às demais instituições financeiras de peso que divulgam seus resultados.
A começar nesta segunda-feira (4), após o fechamento dos mercados, com o Itaú Unibanco. Já na quinta-feira (7) será a vez do Banco do Brasil.
Veja os principais balanços:
- Segunda-feira: Gol, Porto Seguro, Klabin, BB Seguridade, Marcopolo e Tegma;
- Terça-feira: Tim, Alpargatas, EDP e Iguatemi;
- Quarta-feira: Vivo, Brasil Agro, BR Properties, Totvs, AES Tietê, CSN, Duratex, Ecorodovias, Engie, Gerdau, Metalúrgica Gerdau e Banco Pan;
- Quinta-feira: Ambev, B2W, Lojas Americanas, Yduqs, Light, Natura, Qualicorp, Tenda, Tupy e Wiz;
- Sexta-feira: MDias Branco e Hapvida.
Indicadores
Adicionalmente, indicadores nacionais e internacionais também vão movimentar o mercado.
Os índices de gerentes de compras (PMIs), que medem a atividade da indústria e de serviços, do Brasil, Zona do Euro, EUA e da China sairão essa semana.
Também serão conhecidos os dados de emprego nos EUA: ADP (quarta) e Payroll (sexta).
Por fim, no Brasil, sairão os dados de inflação, com o IPCA e IGP-DI na sexta-feira.
Vamos aos destaques:
- Segunda-feira – Focus, Indústria CNI e Fenabrave (veículos) no Brasil; PMI e confiança do investidor da zona do Euro; e encomendas à indústria (C. Bureau) nos EUA;
- Terça-feira: IPC-Fipe e produção industrial no Brasil; PMI e ISM nos Estados Unidos;
- Quarta-feira: PMI e IC-Br no Brasil; vendas do varejo da zona do Euro; ADP emprego nos EUA; e PMI da China;
- Quinta-feira: Anfavea (veículos) no Brasil; e pedidos de auxílio-desemprego e crédito aos Consumidor nos EUA;
- Sexta-feira: IPCA (IBGE) e IGP-DI (FGV); e relatório de emprego (payroll) nos Estados Unidos.
Política
No entanto, um dos principais drives da bolsa brasileira será a política. No sábado, o ex-ministro da Justiça Sergio Moro depôs à Polícia Federal (PF) em Curitiba, em oitiva sigilosa.
Segundo publicado pela imprensa, Moro teria reiterado as acusações e entregue provas por escrito, além de áudio e vídeo.
Enquanto isso, o chamado “Centrão” tem se aproximado do presidente Jair Bolsonaro afoito por cargos no governo.
Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, porém, estes cargos viriam de posições ocupadas por militares, o que não vêm sendo bem visto pelos fardados.
Trata-se, portanto, de um claro movimento para formação de uma frente anti-impeachment.