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      Tarifaço: o cálculo de Trump está errado?

      Tarifaço: o cálculo de Trump está errado?

      Cláudia Zucare

      Cláudia Zucare

      08 Abr 2025 às 07:49 · Última atualização: 08 Abr 2025 · 4 min leitura

      Cláudia Zucare

      08 Abr 2025 às 07:49 · 4 min leitura
      Última atualização: 08 Abr 2025

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      O chamado “tarifaço” anunciado por Donald Trump está sendo duramente criticado por conter um erro de cálculo que pode ter inflado artificialmente as tarifas de importação impostas a diversos países — em alguns casos, até quatro vezes mais do que o valor correto.

      A constatação vem de uma análise feita por economistas do American Enterprise Institute (AEI), um grupo conservador sediado em Washington, que questiona não só a base empírica da fórmula adotada, como também seu impacto desproporcional sobre países economicamente frágeis.

      A política tarifária da administração Trump foi justificada com o argumento de estabelecer “tarifas recíprocas”, ou seja, igualar os encargos supostamente cobrados por outros países sobre produtos americanos. No entanto, a metodologia usada para esse cálculo levantou sérias dúvidas.

      Segundo Felipe Paletta, analista da EQI Research, o cálculo foi, na prática, simplista: “A base da fórmula do governo Trump foi basicamente o déficit de bens dos países em proporção à pauta de importação dos EUA”, afirma. Ou seja, quanto maior o déficit comercial dos EUA com determinado país, maior a tarifa aplicada a ele — independentemente das reais tarifas que esses países cobram dos produtos americanos.

      O tarifaço e o erro de cálculo

      A falha central apontada pelos economistas Kevin Corinth e Stan Veuger, do AEI, está na utilização de um valor incorreto para a variável φ (phi), que representa o repasse das tarifas para os preços de importação. A Casa Branca usou o valor de 0,25, baseado no preço final de varejo dos produtos — quando, segundo os especialistas, o correto seria usar 0,945, valor calculado com base nos preços de importação.

      “Corrigir o erro da Administração Trump reduziria as tarifas supostamente aplicadas por cada país aos Estados Unidos para cerca de um quarto do seu nível declarado”, escreveram os economistas do AEI. Com essa correção, por exemplo, a tarifa sobre produtos do Vietnã cairia de 46% para 12,2%, e a do Lesoto, de 50% para 13,2%.

      Alberto Cavallo, economista da Harvard Business School, cujos estudos teriam embasado a fórmula, contestou a forma como seus dados foram usados. “Com base em nossa pesquisa, a elasticidade dos preços de importação em relação às tarifas é mais próxima de 1”, escreveu ele nas redes sociais.

      Penalização aos mais pobres

      A fórmula adotada acaba penalizando mais duramente países que exportam, mas têm pouca capacidade de importar produtos dos EUA — muitos deles entre os mais pobres do planeta. É o caso de Madagascar, que, mesmo com um Produto Interno Bruto (PIB) per capita de pouco mais de US$ 500, foi alvo de uma tarifa de 47% sobre exportações como baunilha e vestuário.

      “Presumivelmente ninguém está comprando Teslas lá”, ironizou John Denton, da Câmara de Comércio Internacional, sobre a falta de poder aquisitivo desses países para equilibrar a balança comprando produtos americanos de luxo.

      Outro exemplo emblemático é o Lesoto, que exportou US$ 237 milhões para os EUA em 2024 — mais de 10% do seu PIB — e viu seus produtos, como jeans e diamantes, serem taxados em 50%. “A tarifa recíproca de 50% introduzida pelo governo dos EUA vai acabar com o setor têxtil e de vestuário no Lesoto”, alertou o analista Thabo Qhesi à Reuters.

      “Reciprocidade” ou retaliação?

      A Casa Branca sustenta que a fórmula tenta “zerar” os déficits comerciais bilaterais, mas economistas apontam que ela ignora fatores fundamentais como cadeias de suprimento globais, fluxos de capital e vantagens comparativas. “Trump falou como se a China cobrasse 67% de tarifas dos EUA, o que não é verdade”, explica Pedro Rossi, economista da Unicamp, em entrevista ao G1.

      A União Europeia também contestou a fórmula, que, para os produtos do bloco, resultou em uma tarifa média de 20% — quatro vezes mais do que os 5% calculados pela Organização Mundial do Comércio (OMC).

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      Cláudia Zucare null

      Cláudia Zucare

      Editora-chefe

      Jornalista formada pela Cásper Líbero, com pós-graduação em Jornalismo Econômico pela PUC-SP, especialização em Marketing Digital pela FGV, MBA em Finanças e Educação Financeira pela Unisinos, e extensão em Jornalismo Social pela Universidade de Navarra (Espanha), com passagens por IstoÉ Online, Diário de S. Paulo, O Estado de S. Paulo e Editora Abril.

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