Com a demanda crescente no exterior, especialmente da China, o segmento de papel e celulose despontou na bolsa e alcançou bons resultados entre 2020 e 2021.
Se você tem interesse no setor de papel e celulose, reunimos aqui uma série de informações sobre as empresas, as principais características do segmento, o que faz a ação subir ou descer e as perspectivas.
Segmento de papel e celulose no Brasil
O Brasil ocupa o segundo lugar no ranking mundial de produtores de celulose. Só perde para os Estados Unidos. Dois fatores ajudam o país no setor: condições climáticas favoráveis e baixo custo da produção.
O Brasil possui 7,84 milhões de hectares plantados de eucalipto, pinus e outras espécies. A celulose de fibra curta vem das florestas de eucalipto. Já a celulose de fibra longa vem das de pinus. No Brasil, 85% da produção de celulose é de fibra curta.
Empresas do setor de papel e celulose
No país, existem dois grandes players no mercado de papel e celulose: Klabin (KLBN11) e Suzano (SUZB3). Ambas são listadas no Ibovespa.
Mas há outras duas companhias menores que têm ações negociadas na bolsa: Melhoramentos (MSPA3) e Irani (RANI3).
Anteriormente, havia também a Fibria, mas ela foi comprada pela Suzano. Da produção brasileira de celulose, mais de 70% se destina à exportação, sendo que a China é o principal destino.
Papel e celulose: performance durante a pandemia
Tanto Suzano, quanto Klabin foram positivamente favorecidas pela pandemia. E isso aconteceu por dois principais fatores: alta do dólar, já que são empresas prioritariamente exportadoras, e demanda maior por papelão ondulado para embalagem e também por papel higiênico.
O consumo desses itens citados se explica pelas medidas de distanciamento social adotadas para a contenção do Covid-19. As pessoas ficaram mais em casa, realizando mais pedidos por e-commerce, que, por sua vez, demandam embalagens para o transporte. O consumo do papel higiênico também aumentou pela maior permanência em casa.
“Se você olhar a performance de Suzano e Klabin, com mais de 20% de valorização dos papéis no ano, você entende que é um setor que teve muito destaque no período”, diz Henrique Esteter, analistas da Guide Investimentos.
Ele explica que, no início do ano, antes da pandemia, havia uma perspectiva de aumento no preço da celulose. Mas esse movimento foi interrompido.
No entanto, as empresas foram positivamente favorecidas pela depreciação do câmbio, o que gerou mais caixa. Paralelamente, interna e externamente, aumentou a demanda por embalagens.
“Nossa visão segue positiva para as duas companhias, Suzano e Klabin. Acreditamos que ambas devem ser empresas com performances sólidas ao longo dos próximos anos”, diz Esteter.
O que faz a ação subir ou descer no setor de papel e celulose?
O que mais impacta de papel e celulose, explica afirma Greco Salvatore Montagna, assessor de mesa de renda variável da EQI Investimentos, é a oferta e a demanda. E a produção brasileira, como dito, depende fortemente da demanda chinesa.
Outro ponto não fundamental, mas que ajuda – e ajudou na crise do coronavírus – é o câmbio. “O câmbio acaba sendo um fator muito importante na receita da empresa. Mas nós já tivemos momentos de câmbio alto e ações das companhias performando mal. Então, não é correto associar diretamente câmbio alto a mais exportação. No caso da celulose, ela depende de demanda e baixo estoque chinês”, esclarece.
Papel e celulose: balanço Klabin (KLBN4) 2TRI22
Em julho de 2022 a Klabin (KLBN4) companhia divulgou seu balanço corporativo referente ao segundo trimestre de 2022, quando obteve lucro líquido de R$ 972 milhões no período, alta de 35% na comparação anual.
As receitas da fabricante de papel e celulose somaram R$ 5,03 bilhões entre abril e junho, um incremento de 24% sobre o mesmo período de 2021.
Já o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado no trimestre foi de R$ 1,99 bilhão, uma alta de 11% na comparação anual. A margem Ebitda ajustada ficou em 39%, uma queda de cinco pontos percentuais ante 2021.
Em nota, destacou que 36% das receitas no segundo trimestre vieram das vendas de celulose, enquanto embalagens responderam por 30%, cartões, 16%, e outros papéis, 15%. Madeira e subprodutos responderam por 3% das receitas.
Também disse que o resultado financeiro da Klabin foi negativo em R$ 303 milhões, uma alta de 47% na comparação anual, com despesas financeiras subindo 27%, a R$ 483 milhões, impactada pela alta na taxa de juros.
Papel e celulose: Suzano (SUZB3)
Em junho de 2022, a Suzano Papel e Celulose (SUZN3) fechou uma parceria com a finlandesa Spinnova para entrar no mercado têxtil. A joint-venture entre a brasileira e a startup escandinava terá investimento total de US$ 22 milhões – aproximadamente R$ 130 milhões.
Cada uma das empresas entrará com metade do investimento. A ideia da Suzano é produzir uma fibra à base de celulose. O diferencial é que esse tipo de tecido usa menos água em comparação com outros.
A joint-venture terá sede na Finlândia, na cidade de Jyväskylä, de acordo com matéria do Globo Rural. O objetivo é que o produto esteja disponível no mercado já em 2022.
Papel e celulose: Balanço Suzano (SUZB3)
A Suzano (SUZB3) reportou prejuízo líquido de R$ 2,75 bilhões no balanço do primeiro trimestre (1TRI21). Um ano antes a companhia registrou prejuízo líquido de R$ 13,41 bilhões.
“Em relação ao 1TRI20, a variação positiva de R$ 10.664 milhões no resultado líquido reflete principalmente a variação positiva no resultado financeiro (menor impacto da variação cambial negativa sobre a dívida e derivativos) e melhor resultado operacional”, destacou a companhia. em seu relatório.
Já a receita foi de R$ 8,88 bilhões, com alta de 27% sobre o mesmo período do ano passado.
“A elevação de 27% da receita líquida consolidada no 1T21 em relação ao 1T20 é explicada pela valorização de 23% do dólar frente o real e o aumento de 13% no preço médio líquido da celulose em dólar, parcialmente compensados pela redução de 6% no volume vendido de celulose e papel”, disse a companhia.
Segundo a Suzano, 85% da receita líquida foi gerada no mercado externo (vs. 81% no 4T20 e 83% no 1T20). Em relação ao 4TRI20, foi registrado um aumento de 11% na receita líquida.
Papel e celulose: Suzano investe em nova fábrica
Recentemente, a Suzano anunciou que vai investir R$ 14,7 bilhões para erguer o que chama de maior fábrica de celulose de linha única de eucalipto do mundo, prevista para entrar em operação em Ribas do Rio Pardo (MS) no início de 2024.
A nova unidade terá capacidade para 2,3 milhões de toneladas anuais de celulose.
Klabin: papel e celulose
A Klabin (KLBN11) registrou um lucro líquido de R$ 421 milhões no balanço do primeiro trimestre de 2021 (1TRI21), revertendo prejuízo líquido de R$ 3,143 bilhões do mesmo período do ano passado.
O resultado financeiro foi negativo em R$ 201 milhões no primeiro trimestre de 2021, redução 96% sobre as perdas financeiras do primeiro trimestre de 2020.
O volume de vendas atingiu 909 mil toneladas no trimestre, crescimento de 7% na base anual.
A receita líquida atingiu R$ 3,467 bilhões no período, uma elevação de 34% na comparação anual.
Conforme a Klabin, o desempenho é resultado dos reajustes de preços realizados em todas as unidades de negócios, em decorrência da forte demanda, tanto no mercado local quanto no mercado externo, além da desvalorização do real em relação ao dólar.
Em análise do BTG Pactual (BPAC11), a Klabin entregou resultados dentro do esperado, mas aquém do seu potencial. “O trimestre claramente não está refletindo todo o potencial operacional da empresa, que deve melhorar em todas as linhas de produtos nos próximos meses”, pontuaram os analistas.
Irani: papel e celulose
O BTG Pactual (BPAC11) divulgou na primeira semana de outubro de 2022 relatório sobre a Irani (RANI3), empresa do ramo de papel e celulose, com recomendação de compra das ações a preço-alvo de R$ 10.
A justificativa para a recomendação foi o bom desempenho recente da empresa e impressões positivas após participação em dia do investidor promovido pela companhia
Os papéis da empresa vêm sendo negociados no patamar de R$ 7 a R$ 8 nos últimos meses, com boa valorização em relação ao início do ano. O potencial de crescimento próximo de 20% para o preço-alvo.
ESG papel e celulose: tem potencial para Irani (RANI3)
O setor de Papel & Celulose tem potencial como grande beneficiário das tendências de descarbonização, aponta o relatório. “Vemos um impacto positivo no consumo nos próximos anos/décadas. O processo de produção de papel é altamente sustentável, sendo carbono negativo do lado da produção (22% da entrada de fibra), e apoiando as tendências de economia circular no negócio de reciclagem (78% da entrada de fibra)”, dizem os analistas do BTG.
A vende créditos de carbono desde 2005, totalizando uma receita acumulada de ~R$ 20 milhões, e estabeleceu diversas metas ESG que espera atingir até 2030.
- Se você quer investir no mercado de papel e celulose converse com um assessor da EQI Investimentos.