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Selic em alta exige gestão mais criteriosa ao escolher ações e fundos de ações

Selic em alta exige gestão mais criteriosa ao escolher ações e fundos de ações

Como avaliar os investimentos em bolsa em um cenário de Selic em alta? Sobre isso, a Money Week conversou com Jerson Zalorenzi, responsável pela mesa de ações e derivativos do BTG Pactual, Felipe Montagna, co-fundador da Indie Capital, e Sara Delfim, sócia-fundadora da Dahlia Capital. A seguir, confira os principais pontos da entrevista.

Selic em alta: quais os melhores investimentos para esse momento?

Para Sara, a turbulência que o mercado vive hoje deve-se, em grande parte, à inflação. E, no caso do Brasil, isso veio seguido do aumento dos juros.

“Quando a gente olha isso, é fácil atribuir a inflação ao problema da cadeia de suprimentos no mundo. Afinal, acabamos de sair da pior pandemia da história recente. No entanto, acreditamos que, à medida que essa cadeia volte a se normalizar, as coisas caminhem para os trilhos e, também, encontrem um equilíbrio. Ou seja, existe de fato um choque de inflação, mas muito mais por causa de uma questão de oferta”, conclui.

Em contrapartida, existem forças deflacionárias muito poderosas. A primeira delas é a própria demografia. Nesse sentido, Sara comenta que o mundo está envelhecendo. E, se pensarmos na Europa ou no Japão nos últimos 20 anos, quando tiveram muito estímulo financeiro (inclusive com juro zero ou negativo), não houve um problema de inflação.

Para Sara, outra força deflacionária a considerar é a dívida mundial. Isso porque o mundo está mais endividado de forma geral e, quando isso acontece, a propensão das pessoas aos gastos acaba caindo naturalmente.

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Por fim, Sara destaca outra variável deflacionária, que é a tecnologia. Com o passar dos anos, o aumento da capacidade de processamento na área faz com que o preço dos ativos caia sucessivamente. Ou seja, você consegue produzir mais com um custo menor.

A solução é dar tempo ao tempo

Em meio a todo esse cenário de inflação, Selic em alta e instabilidade política, Sara ressalta a importância de dar tempo ao tempo.

“Se relembrarmos o que aconteceu de maio de 2018 para cá, tivemos o dólar a R$ 3,50, greve dos caminhoneiros, eleições turbulentas, pandemia, estímulos monetários que culminaram com a inflação, entre vários outros eventos. Tudo isso nos faz pensar em onde efetivamente estamos agora. Por outro lado, vimos Alpargatas e Weg multiplicarem por quatro o seu valor na bolsa; RaiaDrogasil multiplicou por dois, entre outros casos de sucesso. Tudo isso nos leva a concluir que o importante é dar tempo ao tempo, pois se você tem boas empresas, as coisas acabam se normalizando”.

Período de ajustes

Já para Felipe Montagna, estamos vivendo nesse momento um período de ajustes. Isso acaba gerando muita incerteza na bolsa, e o investidor percebe essa dificuldade para prever o desempenho das empresas no longo prazo.

No entanto, quando você analisa as empresas de bons fundamentos e que atuam em setores estruturais e compara com outros períodos problemáticos (como 2015, por exemplo), consegue confirmar esse potencial de crescimento. Ou seja, empresas com boa estrutura e fundamentos acabam passando de forma menos traumática por essas turbulências.

Nesse sentido, Jerson Zalorenzi complementa: “De forma geral, o mercado trabalha com três vieses: expectativa, preço e fluxo. Nesse momento, os preços estão em patamares bastante atrativos e, quando olhamos o fluxo e a expectativa, percebemos um movimento oposto à bolsa por causa do CDI, que ficou mais atrativo com a alta dos juros. Porém, é nesses momentos que, normalmente, aparecem boas oportunidades. Logo, apesar da cautela necessária, não dá para não olhar para a bolsa nessas horas”.

As maiores e melhores empresas do Brasil estão na bolsa

Sobre isso, Sara comenta que, mesmo em um cenário de PIB mais tímido, Selic em alta e incerteza política, isso não é necessariamente ruim para a bolsa. “Nesses momentos” diz, “há menos competidores, pois o investidor estrangeiro não abrirá uma empresa aqui. Por outro lado, o pequeno investidor também não consegue se expandir e, na pior das hipóteses, até retrai a sua atividade, pois tem menos recursos. Dessa forma, as grandes empresas nacionais acabam roubando share das demais. Por isso, somos cautelosamente otimista com a bolsa nesses momentos, apostando na força dos grandes players nacionais”, conclui.

Ainda sobre o tema, Zalorenzi complementa que o ambiente que vivemos hoje não é nada novo para o Brasil. Tradicionalmente, temos eleições sempre muito polarizadas, e isso contribui para a alta volatilidade nos períodos pré-eleitorais.

“Nesse cenário de juros altos, inflação e carga tributária elevada, todas as empresas que, hoje, têm bons fundamentos, estão acostumadas com essas situações. Outro ponto importante também é entender a estratégia dessas empresas. Nesse sentido, temos gigantes como Gerdau e Vale com forte exposição internacional, o que é benéfico em momentos como esse”, conclui.