O São Paulo Futebol Clube deu um importante passo para reorganizar suas finanças ao aprovar a criação de um Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC).
A medida visa captar R$ 240 milhões no mercado financeiro, como estratégia para modificar o perfil de sua dívida e consolidar débitos em um único credor.
O fundo, administrado pelas gestoras Galapagos e Outfield, permitirá ao clube antecipar receitas futuras, como contratos de televisão, patrocínios e vendas de jogadores.
A proposta é similar à estratégia que o Cruzeiro adotou antes de ser adquirido por Pedro Lourenço, dono da rede de supermercados BH.
São Paulo: como está a situação financeira
De acordo com um relatório da Nord Research, a dívida líquida do São Paulo era de R$ 856 milhões no final de 2023, com um índice de alavancagem de 7,4 vezes. Isso significa que o clube deve 7,4 vezes o seu faturamento anual.
Em dezembro de 2023, a dívida bancária do clube somava R$ 217 milhões, dividida entre 12 contratos de instituições financeiras, como Bradesco ($BBDC4), BTG Pactual ($BPAC11) e Daycoval.
O prazo curto para o pagamento e os juros que incidem sobre as obrigações, que a diretoria do clube estima em R$ 38 milhões a R$ 48 milhões por ano, a depender de fatores da economia brasileira, são alguns dos problemas relacionados a esse tipo de endividamento.
O pagamento antecipado desses empréstimos possui multas e penalidades. Mesmo assim, a direção são-paulina entende que os riscos passam a ser reduzidos ao concentrar o passivo em um credor só.
Com a captação dos recursos via FIDC, o objetivo da diretoria é concentrar o novo passivo em um único credor, com prazos mais longos e condições consideradas mais vantajosas.
O valor arrecadado será utilizado para pagar dívidas antigas, que, atualmente, estão distribuídas em diversas operações de crédito com diferentes prazos e condições.
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Funcionamento do FIDC do São Paulo
O FIDC é um tipo de fundo que permite às empresas anteciparem receitas futuras, como duplicatas, cheques e recebíveis de cartões.
No caso do São Paulo, o fundo será lastreado em receitas futuras do clube, incluindo contratos de patrocínio, licenciamentos, direitos de transmissão, programa de sócio-torcedor e vendas de jogadores.
A ideia é que os investidores adquiram cotas do fundo, recebendo retornos financeiros baseados nesses direitos creditórios. O clube terá um prazo de quatro anos e meio para quitar o empréstimo, com vencimento em dezembro de 2028.
Entre as garantias oferecidas pelo São Paulo estão:
- Contratos de patrocínio;
- Direitos de uso de espaços;
- Licenciamentos;
- Direitos de transmissão;
- Programa de sócio-torcedor;
- Vendas de jogadores.
Restrições e governança
Caso a operação seja aprovada pelo Conselho Deliberativo, o São Paulo ficará sujeito a uma série de limitações financeiras. Essas restrições incluem:
- Limite para gastos no futebol, estabelecido em até 50% da receita bruta anual ou R$ 350 milhões, o que for menor;
- Limite de até 4% da receita bruta anual para salários da administração, limitado a R$ 25 milhões;
- Proibição de contrair novas dívidas superiores a R$ 10 milhões no mesmo trimestre sem aprovação do comitê de crédito do fundo;
- Necessidade de apresentar superávit ao final de todos os exercícios a partir de 2025.
Essas mudanças na governança têm como objetivo garantir que o clube melhore sua gestão financeira e evite acumular novos passivos.
Quem pode investir no FIDC?
Ainda não há informações definitivas sobre quem poderá investir no FIDC do São Paulo. No entanto, pelas características do fundo, é pouco provável que a oferta seja aberta ao pequeno investidor.
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) impõe que FIDCs abertos ao varejo tenham apenas créditos performados — ou seja, aqueles já realizados. Como o fundo do São Paulo inclui direitos futuros, como vendas de jogadores e contratos de transmissão, é esperado que seja restrito a investidores qualificados.
A previsão é que o valor inicial seja arrecadado em até 30 dias após o lançamento oficial do fundo, mas a data de oferta ainda não foi divulgada.
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