O presidente da Rússia, Vladimir Putin, foi à China nesta sexta-feira (4) onde visitou o presidente Xi Jinping. Os líderes trocaram afagos e adicionaram um novo capítulo no roteiro de guerra que as potências parecem escrever a quatro mãos.
Isso porque Putin tem mais de 100 mil soldados na fronteira com a Ucrânia, país que já integrou a extinta União Soviética (URSS) e, enquanto isso, os Estados Unidos (EUA) olham de lado, atentos à movimentação e prontos a dar uma resposta rápida ao ensejo.
A indisposição entre os países se dá porque o Ocidente tenta atrair a Ucrânia para a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) – e esta até quer, com exceção de alguns dissidentes. Já a Rússia se movimenta para inviabilizar o acesso de Kiev à organização.
“Os dois países se apoiarão ‘resolutamente’ na defesa de interesses centrais e aprofundarão a coordenação estratégica mútua”, disse Putin na China.
Isso porque se a queda de braço for vencida pela Rússia, com a Ucrânia se dobrando aos interesses do Kremlin, a China poderá fazer um movimento parecido em relação aos países com os quais faz fronteira. Faz tempo que Xi Jinping quer acertar as contas com alguns vizinhos.
Rússia e China: questão geopolítica
A questão é geopolítica e diz respeito também ao encolhimento dos EUA como maior potência econômica e militar do planeta. Ou seja, Rússia e China se mexem para ocupar os espaços que o Tio Sam vai abrindo mão.
Outro ponto que explica toda essa situação está ligada diretamente à China que, ao que tudo indica, será a principal potência econômica e militar do planeta em poucas décadas.
Os cinco países mais ricos do mundo, segundo ranking do Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgado em 2021 e com base no Produto Interno Bruto (PIB), são EUA, China, Japão, Alemanha, e Reino Unido. O primeiro registrou PIB de US$ 20,9 trilhões no ano passado, enquanto o segundo marcou US$ 14,7 trilhões.
Voltando a Hong Kong, o governo russo diz que Putin e Xi apresentarão uma declaração após o encontro sobre a “visão conjunta” que os dois países têm na área de segurança internacional e que vários acordos devem ser assinados durante a visita, inclusive um para o setor estratégico do gás.
Acontece que os EUA ameaçam a Rússia com sanções econômicas, caso esta invada a Ucrânia, sendo uma delas o cancelamento por parte da União Europeia do abastecimento de gás vendido por Putin.
Porém, se a China se comprometer a comprar o gás — e o país de Xi Jinping tem potencial para consumir toda a produção russa, ou boa parte dela, acabará ajudando a equilibrar as contas de Putin e diminuindo ou até eliminando a dependência dos europeus.