Uma das formas de avaliar a geração de valor de um negócio é usando o indicador ROA. Esta é uma sigla para a expressão em inglês Return on Assets.
Conheça mais sobre ele neste artigo.
O que é ROA
O ROA indica qual porcentagem de cada dólar (ou real) investido no negócio que voltou para você sob a forma de lucro, de acordo com a definição do livro Financial Intelligence.
Todos os tipos de empresas colocam seus ativos para trabalhar: dinheiro, fábricas, equipamentos, veículos, estoques.
No setor industrial, as empresas têm muito capital investido em plantas industriais e equipamentos.
Ao mesmo tempo, empresas de serviços investem em sistemas de computação e telecomunicação. Varejistas trabalham com muitos estoques.
Todos estes itens aparecem nos balanços patrimoniais das empresas. “O indicador apenas mostra o quanto a empresa está sendo eficiente ao usar estes ativos para gerar lucro”, explica o livro publicado pela Harvard Business Review Press.
Como é calculado
Para calcular, basta dividir o lucro líquido pelo ativo total da companhia.
ROA = Lucro líquido/ Ativo Total x 100
Antes de continuar, vale explicar que a linha de ativos total é a soma de todos os ativos da empresa, inclusive dinheiro, imóveis, bens, dívidas a receber. O dado está disponível no balanço patrimonial das empresas.
Interpretando o indicador
Quanto mais alto for o indicador, mais eficiente é a companhia. Isso porque ela é capaz de gerar mais lucros com ativos menores.
Se uma empresa apresenta um ROA baixo, pode significar que seus investimentos foram direcionados para projetos pouco rentáveis. também pode significar que seus ativos têm baixa produtividade.
Para a empresa melhorar este indicador, ela deve aumentar o seu lucro operacional sem aumentar seus ativos na mesma medida.
No entanto, é bom olhar este indicador com cautela.
De acordo com o livro Financial Intelligence, o ROA de uma empresa não deve ser muito mais alto do que o das suas concorrentes.
Isso pode sinalizar que a companhia não está renovando sua base de ativos para o futuro. Ou seja, não está investindo em novas máquinas e equipamentos.
Com isso, suas perspectivas futuras podem estar comprometidas.
Cuidados ao usar este dado
Esse é um indicador que varia muito de acordo com o setor de atuação da empresa. Na hora de usar esta métrica, procure comparar empresas similares ou analisar a mesma companhia ao longo do tempo.
Em outras palavras, empresas de tecnologia terão uma base de ativos muito diferente de uma empresa de extração de petróleo, por exemplo. Por esta razão, comparar as duas não será muito interessante.
Outros indicadores
Existem outros indicadores de rentabilidade, sendo que um dos mais conhecidos é o ROE.
Embora sejam parecidos, é importante destacar que o ROE mede o retorno sobre o patrimônio da empresa. Com isso, deixa de fora os passivos.
Já o ROA inclui a dívida de uma empresa na conta. Afinal os ativos de uma empresa são financiados por dívida ou por patrimônio.
Quanto mais endividada a empresa, maior tende a ser o ROE em relação ao ROA.
ROE e outros indicadores financeiros: entenda a análise fundamentalista
A análise fundamentalista é uma metodologia que reúne diversas informações financeiras e mercadológicas das empresas para definir se vale a pena ou não investir em suas ações.
Para isso, são utilizados demonstrativos contábeis, indicadores financeiros, dados macroeconômicos, projeções financeiras e de resultados, e tudo mais que possa exercer alguma influência sobre o valor dos títulos das empresas.
Entenda as estratégias: top down e bottom up
Top down e bottom up são duas estratégias utilizadas pela análise fundamentalista para avaliação de investimentos. No entanto, elas contemplam aspectos diferentes e, por isso, o ideal é que sejam utilizadas de maneira complementar.
Top down
Top down (ou de cima para baixo) é uma estratégia de análise que inicia pelos fatores macroeconômicos, e vai descendo até alcançar detalhadamente os fundamentos da empresa.
Ao adotar essa estratégia, o investidor procurará entender primeiro o cenário econômico, indicadores de inflação, taxas de juros, câmbio, e assim por diante.
Após analisar esses fatores, a próxima etapa é entender a atuação da empresa no mercado, comparando-a à concorrência. Por fim é que serão analisados os indicadores financeiros e outros detalhes inerentes à organização.
Bottom up
Já a estratégia bottom up (de baixo para cima) é inversa ao top down. Ou seja, a análise da empresa inicia pelos pontos mais específicos, como demonstrações contábeis e indicadores financeiros.
Logo após, serão avaliados os critérios de governança da empresa. Por último é que será feita a análise dos fatores macroeconômicos que influenciam no desempenho da companhia.
A metodologia bottom up classifica as empresas em três categorias: defensivas, cíclicas e em crescimento.
As empresas defensivas, também chamadas de anticíclicas, costumam ser menos vulneráveis aos ciclos econômicos. Isso porque as pessoas não deixam de consumir seus produtos mesmo quando a economia está contraída. Alguns exemplos são os setores de alimentação, medicamentos e serviços públicos.
Por outro lado, o desempenho das empresas cíclicas está diretamente relacionado com a performance da economia. Dessa forma, essas empresas apresentam bom desempenho em momentos prósperos.
No entanto, períodos de recessão fazem com que reduzam as suas atividades. Nesse sentido, alguns exemplos são os segmentos da construção civil e a indústria.
Por fim, as empresas em crescimento são as que conseguem se descolar das tendências do mercado. Normalmente, isso acontece com startups e com outras empresas que investem fortemente em inovações tecnológicas.
Agora, veja quais são os indicadores financeiros que ajudam na análise fundamentalista.
Vamos começar com o ROE:
ROE
A sigla ROE (return on equity) significa retorno sobre o patrimônio líquido. Nesse sentido, o indicador mede a rentabilidade sobre o dinheiro colocado pelos acionistas na empresa.
O ROE vai demonstrar o quanto a empresa consegue gerar de lucro com base no seu patrimônio líquido.
Fórmula do ROE
ROE = Lucro Líquido do Exercício / Patrimônio Líquido
Para calculá-lo, é preciso deduzir do lucro líquido os dividendos pagos aos acionistas donos de ações preferenciais. Somente depois disso é que serão deduzidos os dividendos das ações ordinárias.
Como analisar
Um exemplo ajuda a entender como utilizar o indicador na comparação entre duas empresas.
Imagine que duas empresas (X e Y) tenham apresentado lucro líquido de R$ 50 milhões em um determinado exercício.
Conforme os balanços patrimoniais de cada uma delas no final do mesmo exercício, o patrimônio líquido (PL) da empresa X era de R$ 200 milhões, e o da Y, R$ 500 milhões.
Dessa forma, temos que o ROE de cada uma das empresas é o seguinte:
Empresa X: (R$ 50 milhões / R$ 200 milhões) x 100 = 25%
Empresa Y: (R$ 50 milhões / R$ 500 milhões) x 100 = 10%
Perceba que, mesmo com lucro líquido idêntico, a empresa X proporciona rentabilidade sobre o PL bem superior à Y. Ou seja, a empresa X consegue otimizar mais os recursos próprios pois, com um PL menor, gerou o mesmo lucro da empresa Y.
As duas empresas têm graus de eficiência diferentes, certo?
Sabe aquela máxima de “fazer mais com menos”? É exatamente isso o que esse indicador procura demonstrar para o acionista e para o mercado. Quanto mais a empresa consegue lucrar com menos capital investido, mais eficiente ela será. É por isso que o ROE é considerado um indicador de eficiência, e o mercado precifica melhor as empresas que conseguem ser mais rentáveis.
Cuidados ao analisar o ROE
Como qualquer outro indicador da análise fundamentalista, ele isoladamente não diz nada sobre a eficiência de uma empresa. Por isso, é necessário tomar alguns cuidados na análise desse indicador, a fim de que não ocorram distorções.
Comparar empresas do mesmo setor
Digamos que uma empresa de tecnologia e uma indústria de máquinas pesadas tenham tido o mesmo lucro no exercício. No entanto, pela característica da atividade, o capital próprio (PL) da indústria tende a ser maior do que a empresa de TI. Logo, se compararmos o ROE de ambas, possivelmente a indústria ficará em desvantagem.
Atenção ao endividamento
Outro cuidado que é preciso ter com o indicador é que ele não demonstra o endividamento da empresa.
Utilizando o exemplo acima, podemos supor que a empresa de TI financie grande parte da sua atividade com recursos de terceiros (o que é normal nesse ramo). Logo, pode ser que ela seja mais endividada do que a indústria, que possui PL maior.
Em outras palavras, é possível que, mesmo com um indicador maior, a empresa de TI represente mais risco para o acionista, por estar mais endividada do que a indústria.
Empresas que não distribuem lucros
Quando não distribuem lucros, as empresas podem reinvestir no próprio negócio ou incorporar os resultados às reservas do patrimônio líquido. Nesse segundo caso, o PL aumenta, e isso puxa o ROE para baixo.
Prejuízo líquido no exercício
Quando uma empresa encerrar o exercício com prejuízo líquido, o indicador será negativo. Nessa situação, é preciso entender quais foram as causas do resultado negativo para que se possa fazer uma análise mais completa de sua eficiência operacional.
Prejuízo líquido e patrimônio líquido negativo
Outro perigo de olhar somente o ROE é quando, além do prejuízo líquido, a empresa apresentar também patrimônio líquido negativo.
O PL negativo acontece quando o endividamento da empresa é maior do que todos os seus ativos somados. Em outras palavras: nessa situação, a empresa não tem mais recursos próprios, pois tudo está comprometido com dívidas. Ou seja, a situação possivelmente seja a mais crítica possível.
Nesse caso, como os dois componentes da fórmula do indicador são negativos, o resultado será positivo. Mais um perigo da análise isolada de indicadores.
Preço sobre Lucro (P/L)
O P/L é um dos indicadores mais utilizados por quem investe em ações. Ele serve para demonstrar a relação entre o preço atual de uma ação e o lucro que essa ação acumulou nos últimos 12 meses.
Ao analisar esse indicador, o investidor consegue descobrir quantos anos serão necessários para ele recuperar o valor investido somente com o recebimento de lucros da empresa.
Preço sobre Valor Patrimonial (P/VP)
O P/VP é outro indicador que se pode utilizar para saber se uma ação está cara ou barata. Nesse sentido, ele representa o valor da empresa em bolsa dividido pelo seu patrimônio líquido.
Quando o P/VP é inferior a 1, significa que a empresa vale em bolsa menos do que o seu patrimônio líquido.
Isso pode significar que o mercado está vendo algum problema na ação, ou que ela representa uma boa oportunidade para o investidor.
Enterprise Value (EV)
Também conhecido como valor da firma, o EV mostra quanto seria preciso gastar para adquirir a empresa, considerando todos os seus ativos e passivos.
Por sua vez, o valor de mercado é obtido multiplicando o número de ações em circulação pelo preço de cada uma delas: Valor de mercado: n° de ações em circulação X preço da ação.
EBITDA
A sigla EBITDA significa earnings before interest, taxes, depreciation and amortization (ou lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização).
Mostra a geração operacional da empresa, ou seja, o quanto ela gera de dinheiro somente com a sua atividade. Por isso, trata-se de um importante indicador de eficiência operacional, muito utilizado pela análise fundamentalista.
Dívida Líquida/EBITDA
A Dívida Líquida/EBITDA mostra a relação entre a dívida total da empresa e o quanto ela gera de caixa operacional.
O indicador demonstra quanto tempo seria necessário para a empresa pagar toda a sua dívida somente com a geração de caixa da própria operação.
Dívida Líquida/PL
Esse é mais um indicador de endividamento, que representa o total das dívidas da empresa em relação ao seu capital próprio.
Dessa forma, quanto menor for a relação Dívida Líquida/PL, menos a empresa estará endividada e mais saudável será a sua situação financeira.
ROIC
ROIC (return on invested capital), ou retorno sobre o capital investido mostra o quanto a empresa gera de recursos mediante o capital investido (próprio e de terceiros).
Esse indicador permite uma noção geral da rentabilidade do negócio. Ou seja, quanto maior ele for, mais eficiente em termos de resultados a empresa será.
Para calcular o ROIC, é preciso conhecer o NOPAT e o capital investido.
Na tradução, NOPAT significa lucro operacional sem os impostos (ou EBIT). Por sua vez, o capital investido é a soma de todos os recursos investidos na empresa, sejam eles de sócios ou de terceiros.
Da mesma forma que o ROE, o ROIC está relacionado à rentabilidade da empresa. A diferença é que o ROIC considera em seu cálculo também o capital de terceiros, ao passo que o ROE contempla apenas o capital próprio na geração de resultados.
Dividend Yield (DY)
O dividend yield (DY) é muito utilizado para quem busca ter renda passiva com investimentos. Isso porque ele demonstra o quanto uma ação paga de dividendos a um acionista, proporcionalmente à quantidade de ações que ele possui.
Quanto maior for o DY, maior será o pagamento de dividendos que a empresa fará aos seus acionistas.
Dividend Payout
Já o dividend payout demonstra o quanto do lucro a empresa distribuirá aos acionistas. Ele é expresso em percentual. Por exemplo, se uma empresa apresentou um payout de 30%, isso significa que ela distribuiu 30% do lucro do exercício aos acionistas nos últimos 12 meses. Os restantes 70% foram retidos como reservas ou para fins de novos investimentos.
Valuation
O valuation, que, traduzido literalmente, significa “avaliação” ou “valoração”.
De forma geral, o valuation busca relacionar o valor de uma ação ou outro ativo financeiro a fatores que possam influenciá-lo. Desse modo, consegue determinar quanto esse ativo poderá trazer de retorno ao investidor.
Existem diferentes maneiras de se fazer o valuation. Nesse sentido, algumas das mais conhecidas são as seguintes:
Fluxo de caixa descontado (FCD)
Uma das mais completas formas de se fazer valuation. Basicamente, o FCD busca descobrir o valor futuro da empresa ao realizar projeções dos seus resultados. Dessa forma, pode-se encontrar o valor intrínseco da companhia.
Uma das principais vantagens dessa metodologia é permitir avaliar o fluxo de caixa da empresa no médio e longo prazo. De forma geral, o período utilizado para o cálculo é de cinco a dez anos.
Múltiplos de mercado
Utiliza a comparação de indicadores financeiros. Nesse caso, as comparações podem ser feitas entre os indicadores da própria empresa em diferentes anos ou entre os indicadores atuais e os de outras empresas de mesmo porte e setor de atuação.
Valor patrimonial
O valor patrimonial é a forma mais fácil e direta de fazer o valuation. Nesse caso, a empresa é avaliada pelo valor do seu patrimônio.
Basicamente, é como se fosse tirada uma fotografia da empresa em uma determinada data. Nesse momento, soma-se o ativo circulante e o ativo não circulante e, logo após, deduz-se todas as suas obrigações. O resultado do cálculo será o valor patrimonial da companhia.
No entanto, o valor patrimonial não considera no seu cálculo os ativos intangíveis. Por isso, poderão ocorrer distorções no caso de empresas que possuem marcas e patentes valiosas.
Valor de liquidação
O valuation pelo valor de liquidação também é dado pela diferença entre os ativos e passivos da empresa. Nesse caso, a diferença é que o valor de liquidação é utilizado, normalmente, só para levantar o patrimônio total da companhia no caso de encerramento de suas atividades.
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