O resumo da semana é que o mundo todo está de olho mesmo é nos juros americanos.
Os mercados de Nova York ainda digerem os dados de inflação, que se encontra no maior nível dos últimos 40 anos. Com isso, aumentaram as expectativas para a subida de juros.
Os preços ao consumidor (IPC ou CPI na sigla em inglês) subiram 0,6% em janeiro, com alta de 7,5% na comparação anual. As projeções apontavam elevação de 0,4% e 7,2%.
Com isso, alguns analistas já começam a ventilar 0,5 ponto porcentual de alta de juros na reunião de março do Federal Reserve (Fed), banco central americano – até aqui, a projeção predominante era de 0,25 p.p. E, depois, de cinco a sete altas sequenciais.
O presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, defendeu que o Fed eleve os juros em 1 ponto percentual até 10 de julho. Vale dizer que, até lá, o Fomc terá se reunido três vezes.
Com a alta de juros nos EUA, deve ocorrer uma migração estrangeira para os papéis do tesouro de lá, considerados o investimento mais seguro do mundo. Com isso, perdem os emergentes, como o Brasil, que até aqui vinham atraindo capital de fora pela taxa de juros mais alta, mas a custo de maiores riscos.
Resumo da semana: componentes da inflação americana

Reprodução/BLS
Resumo da semana no Brasil
Ata do Copom reafirma reajuste de menor magnitude
Na semana também foi divulgada a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil, que subiu a Selic de 9,25% para 10,75%. Diante do comunicado, grande parte do mercado revisou para cima sua expectativa de teto da Selic no ano: pelo menos 12,25%.
Até então, a maioria apostava em mais um aumento de 1 ponto porcentual em março, encerrando o ciclo. No entanto, com o Copom afirmando que novos ajustes (no plural) podem ocorrer, apesar de que em menor magnitude, a interpretação dominante foi de que mais 0,5 ponto porcentual deve vir na reunião de maio. Mas pode não parar por aí.
Ou seja, a renda fixa está mais viva do que nunca e promete boa rentabilidade no ano.
Inflação recua, mas resultado ainda é considerado ruim
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial de inflação do país, teve variação de 0,54% no primeiro mês de 2022, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Apesar do recuo em relação a dezembro de 2021, foi a maior alta para janeiro em seis anos e a inflação acumulada em 12 meses apontou alta de 10,38%, vindo de 10,06%.
Para os próximos meses, a inflação deve ser novamente impactada, avaliam os especialistas, especialmente por alimentos e commodities.
Como a Selic é o instrumento de política monetária usado justamente para conter a inflação, e é ela que baliza os rendimentos da renda fixa, todo movimento que ela faça interessa ao investidor. Selic em alta, foco na renda fixa; Selic em baixa, migração para a renda variável se o objetivo for rentabilidade.

Reprodução/IBGE
Prévia do PIB pouco abaixo da projeção
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB), teve alta de 0,33% em dezembro, 1,30% na comparação anual. A alta no ano e em 12 meses é de 4,5%. No quarto trimestre, alta de 0,26% na comparação com o mesmo período do ano anterior.
A projeção do BTG Pactual era de alta de 1% em dezembro e 1,70% na comparação anual. Comparativamente, em novembro, a alta foi de 0,60%.
Vale lembrar que, segundo a visão do mercado captada pelo Boletim Focus, o PIB brasileiro deve avançar 4,51% no 4TRI21, 0,30% em 2022 e 1,53% em 2023.
O BTG Pactual (BPAC11) prevê crescimento de 4,40% para 2021, 0% em 2022 e 2% em 2023.

Reprodução/BTG
Resumo da semana: dólar em queda
Outro tema da semana foi o dólar, que vem apresentando queda frente ao real ao ponto de alcançar a menor cotação em 5 meses.
Bons investidores enxergam isso como uma oportunidade. Isso porque a expectativa é que o cenário não se mantenha assim por muito tempo, dadas a iminente subida de juros nos EUA e a eleição no Brasil.
A projeção do BTG Pactual (BPAC11) aponta dólar a R$ 5,60 em um cenário-base, R$ 5,40 em cenário otimista e R$ 5,90 no pessimista.
- Entenda o cenário completo e quais as opções de investimento no exterior em nosso artigo.
Setor de serviços cresce 10,9% em 2021
A Pesquisa Mensal de Serviços, do IBGE, apontou que o setor cresceu 10,9% em 2021, após ter recuado 7,8% em 2020.
Essa foi a maior taxa para um fechamento de ano desde o início da série histórica em 2012.
Já na comparação de dezembro contra novembro, o setor cresceu 1,4%, segundo mês seguido de alta, acumulando expansão de 4,1%.
Resumo da semana: PEC dos combustíveis fica para depois
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, afirmou que a PEC dos combustíveis deverá ficar para um “segundo momento”.
A proposta de emenda constitucional para conter a alta dos preços dos combustíveis ameaça o fiscal e acende o alerta em ano eleitoral.
A PEC, apelidada de Kamikaze pela equipe econômica do governo, propõe uma ampla redução de impostos sobre os combustíveis, cria auxílio para caminhoneiros e transporte público e amplia subsídio ao gás de cozinha.
Temporada de balanços
A temporada de balanços seguiu no Brasil. Confira os resultados:
- Itaú (ITUB4) tem lucro recorrente gerencial de R$ 7,159 bilhões no 4TRI21, alta de 32,9% na comparação com 4TRI20.
- Bradesco (BBDC4) reporta lucro líquido recorrente de R$ 6,613 bilhões no 4TRI21, com queda de 2,8% ante 4TRI20.
- Porto Seguro (PSSA3) registra queda de 27,2% no lucro líquido recorrente do quarto trimestre de 2021 (4TRI21) no comparativo anual.
- Banco Pan (BPAN4) tem lucro de R$ 190 milhões no 4TRI21, resultado 11% superior ao verificado no mesmo período de 2020.
- Usiminas (USIM5) lucra R$ 2,488 bilhões no 4TRI21, alta anual de 30%.
- Alpargatas (ALPA4) lucra R$ 303 milhões no 4TRI21, alta anual de 391%.
- Jalles Machado (JALL3) reporta lucro líquido de R$ 169,5 mi no 4TRI21, com aumento de 235% na comparação anual.
- Multiplan (MULT3) tem lucro líquido ajustado de R$ 213 milhões, com alta anual de 45,5%.
- Suzano (SUZB3) registra lucro líquido de R$ 2,313 bilhõesno 4TRI21, com queda de 61% na comparação com 4TRI20.
- Klabin (KLBN11) reporta lucro líquido de R$ 1,05 bilhãono 4TRI21, valor 21% menor do que o 4TRI20.
- Dexco (DXCO3) registra lucro líquido de R$ 581 milhões, crescimento de 92,6% na base anual.
- BrasilAgro (AGRO3) reverte prejuízo e registra lucro líquido de R$ 299,3 milhões no 2TRI/22, obteve o melhor resultado trimestral de sua história.
- BB Seguridade (BBSE3) reporta lucro líquido ajustado de R$ 1,226 bilhão no quarto trimestre de 2021, crescimento de 33,8% em relação ao mesmo período de 2020.
Resumo da semana: prévias operacionais
Além dos balanços, a semana foi marcada por algumas prévias operacionais:
- Petrobras (PETR3; PETR4) informa que a produção de petróleo e gás natural subiu 0,9% no 4TRI21, em comparação com o mesmo período do ano anterior.
- Vale (VALE3) registra aumento de 0,4% nas vendas de minério de ferro no 4TRI21, ao atingir 83,1 milhões de toneladas. Já a produção caiu 2,4%.
Resumo da semana: Cade aprova venda da Oi Móvel (OIBR3; OIBR4)
O Cade aprova venda da operação móvel da Oi (OIBR3;OIBR4) para o consórcio formado por TIM (TIMS3), Vivo (VIVT3) e Claro, mas com restrições.