Segundo a estimativa de janeiro do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), de responsabilidade do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção agrícola deve alcançar a marca de 271,9 milhões de toneladas em 2022. Os números estão relacionados com a safra brasileira de cereais, leguminosas e oleaginosas.
Mesmo com este resultado, na comparação com a estimativa de janeiro, houve um recuo de 1,9%, que representa 5,2 milhões de toneladas a menos. Apesar da queda, a safra deve ser 7,4% maior do que a de 2021.
“Essa redução na estimativa se deve à queda na safra de verão por causa, principalmente, da forte estiagem que está atingindo os estados do Sul, como Paraná e Santa Catarina. Isso reduziu a estimativa da soja em 4,7% em relação ao terceiro prognóstico e de 2,3% na comparação com o produzido no ano passado. Só de soja, é uma queda de 6,5 milhões de toneladas frente à estimativa do mês passado”, explica o gerente da pesquisa, Carlos Barradas.
Soja e milho em alta
A soja, ainda que apresente uma produção menor do que o ano anterior, deve responder por 48,5% do total de cereais, leguminosas e oleaginosas. Somados, o arroz, o milho e a soja representam 93% da estimativa de produção de 2022. Desses três principais produtos, apenas o milho tem a tendência de superar a produção de 2021.
“No ano passado, a produção do milho foi prejudicada porque a soja foi colhida com atraso, o que diminuiu a janela de plantio da segunda safra, ficando mais dependente do clima e, como faltou chuva, isso prejudicou o desenvolvimento das lavouras. Neste ano, a estimativa de produção do milho está crescendo muito por causa da segunda safra, que tem uma base de comparação muito baixa” , relata Barradas.
A produção do milho foi estimada em 109,9 milhões de toneladas, aumento de 0,9% frente ao previsto no mês anterior e de 25,2% em relação à produção de 2021. Na primeira safra, o aumento em relação ao produzido no ano passado deve ser de 6,1%.
Por causa da estiagem no Sul, a estimativa do milho caiu 4,6% frente ao previsto no terceiro prognóstico. Já a segunda safra deve chegar a 82,7 milhões de toneladas. É um crescimento de 2,9% frente à última previsão e de 33,1% em relação ao que foi produzido em 2021.
Feijão cresce, mas arroz cai
O feijão também deve aumentar a sua produção em relação ao que foi previsto no terceiro prognóstico. Somadas as três safras, a leguminosa deve chegar a 3,1 milhões de toneladas.
“A primeira safra do feijão teve declínio de 6,4% frente à estimativa anterior por causa da falta de chuvas nos estados produtores do Sul. Na segunda safra, houve aumento de 20%, já que há uma boa janela de plantio e os produtores devem investir. Tanto a produção do feijão quanto ao do arroz devem atender à demanda do mercado nacional”, diz Barradas. A produção do arroz foi estimada em 11,0 milhões de toneladas, queda de 4,9% frente à safra de 2021.
Café deve crescer 13,6% em 2022
A produção de café deve ser 13,6% maior do que a do ano anterior. As duas espécies do grão, arábica e canéfora, devem somar 3,4 milhões de toneladas. O ano será de bienalidade positiva (quando, em anos alternados, o grão tem produtividade alta), o que deve garantir ao café arábica uma safra 20,2% acima do que foi produzido em 2021.
“Boa parte desse café é produzida em regiões elevadas ou de montanhas, onde, no inverno do ano passado, fez muito frio. Em algumas regiões produtoras, houve geadas. Isso reduziu o potencial da produção, mas, por causa da bienalidade positiva, a safra deve aumentar bastante”, explica o pesquisador.
Já o canéfora, também conhecido como conillon, deve chegar a 1,0 milhão de toneladas, o que representa um crescimento de 1,2% em relação a 2021.
Somente o Nordeste apresenta aumento na produção
Apesar da expectativa para produção recorde, o Nordeste foi a única que registrou aumento (1,1%). Com produção de 24,4 milhões de toneladas, a região deve responder por 9,0% do total do país.
A maior queda foi registrada pelo Sul (-5,7%), que deve totalizar 80,2 milhões de toneladas (29,5% do total). Já o Norte teve queda de 2,6% em sua estimativa e deve totalizar 12,0 milhões de toneladas (4,4% do total). O Centro-Oeste, com declínio de 0,2%, deve produzir 128,4 milhões de toneladas, ou 47,2% da produção nacional.
Enquanto que a produção do Sudeste ficou estável e deve ser de 26,8 milhões de toneladas (9,9% do total).