Os preços do petróleo reagiram hoje, com o barril do petróleo americano WTI, que ameaçava cair abaixo dos US$ 20, se recuperando 23,8% e avançando para US$ 25,22.
O Brent também se recuperou e teve um avanço de 13,6% para US$ 28,33 o barril com entrega para abril.
Não é exatamente uma recuperação porque os preços do petróleo WTI, por exemplo, despencaram 60% neste ano.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou intervir na guerra de preços em curso entre a Arábia Saudita e a Rússia.
“Nós temos muito poder sobre a situação e tentamos achar um denominador comum. Eles estão em uma guerra de preços e de produção e no momento oportuno nós vamos nos envolver”, comentou Trump durante coletiva de imprensa na Casa Branca, informa a CNBC News.
O fracasso da reunião da Opep+ em 5 de março deflagrou a guerra de preços entre Arábia e Rússia. Os russos não aceitaram a proposta saudita de um corte de 1,5 milhão de barris na produção diária.
A Arábia retaliou dois dias depois, com o príncipe-herdeiro do reino, Mohammed Bin Salman (MBS, como é chamado), anunciando descontos de 25% no preço do barril.
MBS ordenou os descontos mesmo com perdas colossais nos preços das ações da estatal petrolífera saudita Aramco, que desabaram na bolsa de valores de Riad.
A Rússia também anunciou descontos, embora menores, e o ministro da Energia disse que o país pode aguentar dez anos de uma guerra de preços com a Arábia.
Excesso
Analistas de mercado em Nova York dizem que os preços estavam superiores à realidade antes mesmo da implosão da Opep+. Mas a queda de 30% a 40% nos preços em março foi excessiva.
O barril do West Texas Intermediate (WTI) ontem foi cotado a US$ 20,37, recorde de baixa em 18 anos.
“Os preços são elásticos e essa é a volta após uma situação em que o WTI estava supervendido”, diz Jeff Kilburg, analista na KKM Financial em Nova York, à CNBC.
Dezenas de empresas americanas que extraem petróleo do xisto no Meio-Oeste dos EUA estão ameaçadas de falência com a guerra entre Arábia e Rússia.
Segundo fontes ouvidas pelo The Wall Street Journal, lobistas dessas empresas fazem pressão sobre Trump e o Partido Republicano para intervir diretamente na disputa entre a Arábia e a Rússia.
Os EUA podem aumentar sanções contra o governo russo de Vladmir Putin ou as pressões sobre MBS, para que ele reduza os descontos ou desista de manter a produção da Arábia em 13 milhões de barris diários a partir de abril.
MBS
Analistas políticos, contudo, acham difícil que Trump, que enfrentará uma dura campanha para se reeleger, aumente as pressões sobe MBS, que governa a Arábia com mão-de-ferro.
MBS é aliado de Washington e de Israel contra o Irã na região.
Enquanto anunciava em 7 de março que a Arábia praticaria descontos de 25%, MBS aproveitou que a atenção mundial estava na disputa de preços com a Rússia e conduziu uma onda repressora contra integrantes da própria família real, mandando prender o tio, o príncipe Fayed.
A Arábia é uma autocracia religiosa. Quem detém o poder no palácio manda no reino com poderes absolutos, inclusive com o apoio dos clérigos sunitas da seita wahabbi.