A Petrobras informou nesta manhã de quinta-feira (26) o adiamento do pagamento de dividendos relativos ao exercício de 2019, que somam R$ 1,7 bilhões.
Conforme o comunicado, a Assembleia Geral Ordinária (AGO) que iria deliberar a aprovação da remuneração relativa a 2019 passou de 20/05/2020 para 15/12/2020.
O Conselho também aprovou a alteração da data da realização da AGO do dia 22/04/2020 para o dia 27/04/2020.
Segundo fato relevante, a postergação do pagamento dos dividendos é uma das medidas adotadas pela companhia para preservação de seu caixa, em função da pandemia do Covid-19 e do choque de preços de petróleo.
Conforme divulgado no dia 20 de fevereiro, o montante total a ser pago é de R$ 1,7 bilhão para as ações ordinárias (PETR3), equivalentes a R$ 0,233649 por ação.
Já às preferenciais (PETR4), o montante soma R$ 2,5 milhões, equivalente a R$ 0,000449 por ação em circulação, com base no resultado anual de 2019.
Os acionistas terão direito a esta remuneração na seguinte forma:
- A data de corte para os detentores de ações de emissão da Petrobras negociadas na B3 será o dia da Assembleia Geral Ordinária, ou seja, 27/04/2020, e o record date para os detentores de American Depositary Receipts (ADRs) negociadas na New York Stock Exchange – NYSE será o dia 29/04/2020.
- As ações da Petrobras serão negociadas ex-direitos na B3 e na NYSE a partir do dia 28/04/2020. Todos os valores serão atualizados pela variação da taxa Selic de 31/12/2019 até a data do pagamento.
Demanda interna e externa
Em relação à comercialização de petróleo e derivados, a empresa informou que está “continuamente monitorando o
mercado interno e externo, bem como fazendo a gestão dos estoques e processamento em suas refinarias, em alinhamento com as variações das demandas do mercado.”
Segundo a Petrobras, a crise do Covid-19 tem provocado “reduções significativas de demandas de derivados, especialmente de diesel, gasolina e QAV no Brasil e no mundo”.
Redução produção
Nesse sentido, a companhia informou que decidiu reduzir um total de 100 mil bpd da sua produção de óleo até o final de março, “em função da sobreoferta”.
“A companhia avaliará as condições do mercado e, em caso de necessidade, realizará novos ajustes na produção de petróleo”, afirmou.
Projeções
Dado o alto grau de incerteza prevalecente na economia global, a Petrobras afirmou ainda “ser prematuro fazer previsões do cenário base e projeções de preços de petróleo”.
“Tais revisões serão feitas quando as incertezas e a consequente volatilidade de preços diminuírem”, acrescentou.
Petrobras adota ações para reforçar resiliência
A Petrobras atualizou ainda ao mercado as medidas que vêm sendo adotadas, tendo em vista os impactos da pandemia do coronavírus e do choque de preços do petróleo.
Segundo a companhia, as medidas para redução de desembolso e preservação de caixa neste cenário de incertezas visam “reforçar a solidez financeira e a resiliência dos seus negócios”.
Veja as ações:
- Desembolso das linhas de crédito compromissadas (Revolving Credit Lines), no montante de cerca de US$ 8 bilhões, conforme anunciado em 20/03/2020, que entraram no caixa essa semana;
- Desembolso de duas novas linhas que somam R$ 3,5 bilhões;
- Postergação para 15/12/2020 do pagamento de dividendos anunciado em 19/02/2020 com base no resultado anual de 2019, no valor de R$ 1,7 bilhão.
- Redução e postergação de gastos com recursos humanos, no valor total de R$ 2,4 bilhões (adiamento de do pagamento de horas-extras; de recolhimento de FGTS e do pagamento de gratificação de férias; do pagamento de 30% da remuneração mensal total do presidente, diretores, gerentes executivos e gerentes gerais; cancelamento dos processos de avanço de nível e promoção; e redução de 50% no número de empregados em sobreaviso parcial nos próximos três meses e suspensão temporária de todos os treinamentos.
- Otimizações do capital de giro
- Redução dos investimentos programados para 2020 de US$ 12 bilhões para US$ 8,5 bilhões (sendo
US$ 7 bilhões na visão caixa). - As reduções virão principalmente de postergações de atividades exploratórias, interligação de poços e construção de instalações de produção e refino, e da desvalorização do real frente ao dólar americano.
- Aceleração da redução dos gastos operacionais, com uma diminuição adicional de US$ 2 bilhões.
- Destaque nas reduções para a hibernação das plataformas em operação em campos de águas rasas, com custo de extração por barril mais elevado, que em virtude da queda dos preços do petróleo passaram a ter fluxo de caixa negativo. A produção atual de óleo desses campos é de 23 mil bpd e os desinvestimentos nesses ativos continuam em andamento.
“Como resultado da implementação das medidas descritas, a companhia estima que equilibrará seu fluxo de caixa no ano de 2020”, destacou.