Pesquisa do Banco de Compensações Internacionais (Bank for International Settlements, BIS) mostra que cada vez mais bancos centrais podem criar suas próprias moedas digitais num futuro próximo. A pesquisa foi divulgada nessa quinta-feira (23).
Dos 66 bancos centrais pesquisados pelo BIS, em torno de 20% disseram que “provavelmente” vão criar uma moeda digital nos próximos seis anos, o que representa 10% a mais do que a pesquisa mostrou em 2018. Mais do que isso, 10% dos pesquisados tendem a criar suas moedas digitais nos próximos três anos.
Essas moedas são dinheiro tradicional, mas em formato digital, emitidas e reguladas pelo banco central de um país. São diferentes de criptomoedas como bitcoin, que são produzidas resolvendo complexos quebra-cabeças de matemática e regidos por comunidades online descentralizadas. As criptomoendas, na verdade, são o oposto de moedas tradicionais, por princípio.
Facebook e a Libra
Mark Zuckemberg vem investindo bastante no seu projeto de criptomoeda, chamada libra. O esforço do Facebook, porém, tem esbarrado na resiliência do mercado. Nos últimos meses, uma série de grandes marcas tem abandonado o projeto. A mais recente foi a Vodafone, empresa britânica de telecomunicações, que preferiu apostar na expansão do M-Pesa, serviço de pagamento digital da empresa na África, que já opera em sete países – República Democrática do Congo, Egito, Gana, Quênia, Lesoto, Moçambique e Tanzânia.
Em outubro de 2019, o Paypal anunciou que deixaria o libras. A Mastercard, a Visa e o eBay também pularam do barco. Na sequência, Mercado Pago, Stripe e Booking Holding tomaram o mesmo rumo.
De qualquer forma, o esforço da empresa em criar um controle sobre o dinheiro do futuro, abriu as portas para que os bancos centrais se antecipassem e buscassem entrar nesse mundo.
Moedas próprias
O Japão, Grã-Bretanha (agora fora da União Europeia) e a zona do euro afirmaram que estavam unindo forças para analisarem a emissão de moedas digitais próprias.
Antes do lançamento da libra, em junho, os bancos centrais estavam otimistas sobre criptomoedas. Mas a perspectiva de quase 2,5 bilhões de usuários do Facebook usarem a libra, com lançamento previsto para 2020, fez crescer o receio de uma única empresa controlar uma moeda sem controle de países sobre a política monetária.
O BIS, entretanto, mostrou que apenas 10% dos países pesquisados desenvolveram projetos-piloto ou começou a analisar questões operacionais ou legais em torno de moedas digitais. Ainda há um longo caminho pela frente. Dos bancos centrais pesquisados pelo BIS, cerca de um terço eram de economias avançadas e o restante de países emergentes.
O Banco de Compensações Internacionais ou Banco de Pagamentos Internacionais é uma organização internacional responsável pela supervisão bancária. Pretende “promover a cooperação entre os bancos centrais e outras agências na busca de estabilidade monetária e financeira”.