Adiamento da nova sobretaxa americana sobre produtos chineses faz com que uma trégua da Trade War esteja se tornando realidade
O cessar fogo na Trade War parece mesmo uma realidade cada vez mais próxima. Ontem à noite, Donald Trump anunciou o adiamento para 15 de outubro em sua nova sobretaxa sobre US$ 250 bilhões em produtos Made in China.
A “retaliação” se deu em virtude da iniciativa chinesa em isentar 16 produtos dos EUA e nos dá esperanças de que o encontro marcado para o mês que vem, não seja apenas para beber café e dar tapinha nas costas.
Hoje pela manhã, o Banco Central Europeu tem a missão de manter a expectativa em alta, ao anunciar o seu pacote de estímulos à zona do Euro, enquanto por aqui, o dia é de observação ao “velório” da nova CPMF, que morreu ainda durante o parto.
Tudo porque a pauta, era sim desejo de Paulo Guedes. Em diversas ocasiões, o ministro defendeu publicamente, a criação do que chamava de Imposto sobre Transações Financeiras (ITF), que visava combater a perversa carga de impostos incidentes sobre a folha de pagamento.
O recado de Bolsonaro foi claro: “A recriação da CPMF ou aumento da carga tributária estão fora da Reforma Tributária por determinação do Presidente.”
Que Bolsonaro e Cintra não se “bicavam”, não é segredo para ninguém: Em abril, o agora ex-Secretário defendeu que até as igrejas pagassem a “nova CPMF” e naquela ocasião, tomou o primeiro cartão amarelo.
A contribuição de Marcos Cintra não foi relevante ao ponto de desgastar a excelente relação de Bolsonaro com o ministro Guedes, mas todo o problema consiste em: onde encontrar os R$150 bilhões previstos com a arrecadação do novo imposto?
É possível também, que a “pataquada” nos custe o atraso no encaminhamento da Reforma Tributária. Ontem, Fernando Bezerra Coelho, líder do governo no Senado, projetou que a reforma ficará para 2020, lembrando que as duas propostas encaminhadas ao Congresso até agora, não são a do governo, ou seja, Paulo Guedes está atrasado no tocante a esta questão.
PLC 79
E por falar em atraso, o Senado aprovou ontem o projeto que visa atualizar o marco legal das telecomunicações, após mais de três anos perambulando pelo congresso.
Em suma, o projeto permite às empresas de telefonia fixa, adotarem preços livres, o que já é realidade na telefonia móvel. Além disso, a mudança na legislação, desobriga bizarrices como a instalação de orelhões. Mais dinheiro para investimentos, portanto.
A combalida Oi, no radar da gigante AT&T, agradece.
Boas novas
Ontem também foi dia de saudar o crescimento do setor de varejo em julho, um alívio para os papéis das varejistas, que na terça-feira, sofreram com o anúncio da chegada da Amazon Prime ao Brasil.
Ainda assim, as expectativas para mais um corte de 50 pontos na Selic seguem a todo vapor.
E o bode na sala?
Ontem escrevi sobre a estranheza em relação ao projeto da recriação da CPMF, justamente por entender que o aumento da carga tributária era um tiro no pé para o governo Bolsonaro, que nos últimos anos, defendia exatamente o contrário.
A questão da CPMF foi apenas a cereja do bolo, mas causa estranheza que alguém com a formação de Paulo Guedes, possa ter apoiado por tanto tempo, uma medida sem pé nem cabeça, fiscalmente e politicamente falando.
A demissão de Cintra, me faz lembrar da velha máxima do futebol, para explicar substituições que se mostram acertadas ao longo dos 90 minutos:
Mexe bem, quem escala mal.
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