O benchmark é uma ferramenta bastante comum no marketing, no mundo corporativo e até mesmo em nossas vidas pessoais. Geralmente, quando estamos interessados em adquirir um produto, nós, consumidores, fazemos um levantamento sobre ele. Começamos a fazer pesquisas com o objetivo de fazer comparações entre os produtos, como preço, marca, qualidade e beleza, para escolher a melhor opção.
Isso que fazemos inconscientemente é um benchmark! Podemos definir este termo como uma análise estratégica para avaliar produtos ou empresas utilizando uma referência para compará-los.
No marketing e no mundo corporativo, as companhias usam os seus próprios dados e comparam com a concorrência para entender o seu posicionamento no mercado em que atuam. Assim, elas podem compreender se a sua estratégia foi aplicada corretamente ou se precisa de alguns ajustes no meio do caminho.
Podemos nos inspirar nesta metodologia e aplicá-la em nossa carteira de investimentos, que é denominada como benchmark financeiro.
O que é benchmark financeiro?
Assim como o mundo corporativo faz comparações baseadas em índices de referência para avaliar o seu desempenho, o benchmark financeiro tem a função de atrelar um índice econômico à carteira de investimentos para analisar se a rentabilidade é condizente com os seus objetivos.
Em outras palavras, este método tem a premissa de comparar duas variáveis, o índice de referência e os seus investimentos, para verificar se a sua estratégia está no caminho certo.
Antes de tudo, é preciso saber o que comparar. Não adianta buscar elementos em que a comparação não faz sentido. Como diria o ditado popular: “não há como comparar maçãs com laranjas”.
Logo, quando realizamos um aplicação em título público, como o Tesouro Direto com rentabilidade ligada à Taxa Selic, o ideal é fazer comparações com a rentabilidade com investimentos atrelados ao CDI, que são influenciados pela taxa básica de juros. Agora se compararmos com a rentabilidade com fundos multimercado, podemos ter uma distorção dos dados, uma vez que eles têm funções e objetivos distintos.
Confira os principais benchmarks financeiros
Como destacamos durante o texto, um benchmark bem feito é aquele que usa os índices corretos para comparação. Seja qual for o seu investimento, você deve fazer comparativo diariamente, ou pelo menos semanalmente, avaliar se a rentabilidade está dentro dos seus objetivos.
Confira abaixo os principais índices:
Inflação
A inflação é indicador econômico que mede o aumento contínuo dos preços na economia. Assim, ele apresenta uma perda no valor monetário do dinheiro ao longo do tempo.
No mundo dos investimentos, o ideal é ter uma carteira com uma rentabilidade maior que a inflação. Afinal de contas, você investe para aumentar o seu patrimônio. Se as suas opções estiverem abaixo do nível de inflação, você estará perdendo dinheiro. Deste modo, podemos apontar que a inflação é um excelente benchmark inicial.
Há diversos mecanismos para avaliar a inflação em um país, o Brasil tem mais de cinco indicadores. Contudo, o principal deles é o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que é utilizado para medir o preço médio necessário para a compra de bens de consumo e serviços.
Taxa DI e Selic
A taxa DI ou CDI é uma tarifa de juros que incide sobre as operações de crédito entre as instituições financeiras. Por exemplo, caso um banco fique com o seu caixa negativo, ele pode pedir um empréstimo no mercado interbancário para aqueles que apresentam uma situação mais confortável.
Já a Selic, também conhecida como a taxa básica de juros, é um mecanismo do Banco Central para segurar a inflação no país. Ela influencia todas as operações que envolvam crédito no Brasil, como empréstimos, financiamentos.
Como ambas as taxas têm índices próximos entre eles, diversos analistas do mercado analisam elas como se fosse apenas um.
O benchmark utilizado para essa operação, normalmente são os investimentos mais conservadores, como a renda fixa, em que os investidores correm menos riscos, mas tem uma rentabilidade com menor potencial. Portanto, é necessário comparar as opções em títulos públicos, como Tesouro Direto; CDB; LCA; LCI.
Os investimentos desse tipo podem pagar um percentual maior ou menor do CDI, dependendo do risco. Fundos multimercado, por exemplo, que correm um pouco mais de risco tendem a superá-los. Se o investimento, por sua vez, indicar um pagamento muito abaixo do CDI pode não valer a pena.
B3 e índices setoriais da bolsa
Na renda variável, o principal índice do benchmark financeiro é através do desempenho da bolsa de valores, no caso brasileiro, a B3. A análise deste índice te apresentará a performance dos ativos negociados na bolsa. O ideal é ter uma rentabilidade acima ou próxima da apresentada pelo Ibovespa.
Além da B3 em si, você pode comparar os seus ativos em renda variável em índices ou fundos em setor específico, como o financeiro, empresas em ascensão, imobiliário, dentre outros. Os principais índices são:
- Índice Brasil 50 — que reúne as 50 ações mais negociadas na bolsa de valores;
- Índice Small Cap — que reúne os empreendimentos de menor capitalização;
- Índice Financeiro — que reúne as negociações em ativos do mercado financeiro;
- Índice Imobiliário — mais um índice setorial, associa médias de ações de empresas que estão alocadas no mercado imobiliário.
Por que fazer o benchmark
O benchmark financeiro é muito importante, pois através dele você entende como a carteira de investimentos está se comportando. Imagine a seguinte situação: você tem um ativo com rendimento de 10% ao ano. Daí, você reflete se isso é bom ou ruim? A resposta é simples, “depende”.
Por exemplo, em 2021, o Brasil fechou a inflação acima de 10%. Então, se o seu rendimento apresentou essa rentabilidade, podemos dizer que ele não teve ganhos.
Por outro lado, o Ibovespa sofreu uma desvalorização de 11,9% no ano passado. Se a sua carteira chegou ao patamar de 10%, logo você conseguiu se destacar após um ano mais fraco na bolsa de valores.
Assim, essa metodologia é importante para entender de forma clara a valorização de um ativo e fazer uma comparação correta com outros ativos semelhantes. Afinal, não adianta contrastar um ativo de renda fixa com um de renda variável.
Além disso, o benchmark financeiro serve para fazer a diferenciação da rentabilidade, compreendendo se ela é nominal ou real, possibilitando, assim, uma comparação mais eficaz.