A equipe de análise da Wisir Research elaborou alguns pontos de atenção que os investidores devem ter na retomada do pregão desta quarta-feira (26) pós feriado de Carnaval.
Em primeiro lugar, em função das fortes perdas observadas nos últimos dias nos mercados internacionais, nesta sessão, a tendência é que haja uma “grande correção” nos preços dos ativos. Isso se refletirá principalmente sobre as ações da bolsa de valores.
A questão, contudo, é apenas de alinhamento dos preços locais ao comportamento dos ativos no exterior.
Pequenos investidores podem não aguentar as perdas
O segundo ponto é que esse movimento pode ser alavancado pelas ações de varejo, ou seja, pelos pequenos investidores.
De acordo com os analistas, esta será a primeira grande correção de preços para “muita gente”, uma vez que há muitos novatos na bolsa de valores, que investem há poucos anos.
É “muito difícil” avaliar como eles irão se comportar, mas parece razoável esperar que a reação seja pouco prudente. Isso pode agravar o ajuste.
Brasil enfrenta problemas internos
A bolsa de valores brasileira não refletirá apenas a aversão ao risco externa, intensificada pelo aumento dos casos de coronavírus fora da China.
O País também enfrenta um problema interno de “extrema gravidade”: os posts do presidente Jair Bolsonaro, sem partido, convocando para a manifestação do dia 15 e se posicionando contra o Congresso Nacional.
“Todos consideramos isso muito sério, ao ponto de pensarmos que talvez observemos um recuo. Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados, e Davi Alcolumbre, presidente do Senado, estão alinhados e deverão se posicionar de forma inteligente. Se o bom senso não aparecer também do lado do Executivo, poderemos entrar numa crise institucional”, ressaltou a equipe.
Dois vídeos que circulam pelo Whatsapp convocam a população a sair às ruas no dia 15 de março, contra o Congresso. Os vídeos trazem sobreposições de imagens do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) desde a época da facada que recebeu durante a campanha presidencial até fotos mais recentes do governo.
Frases exaltando as qualidades de Bolsonaro e convocando à manifestação aparecem ao longo das montagens, com o hino nacional incidental ao fundo.
Câmbio e juros
A crença é de que haverá uma correção no mercado, com o dólar subindo ante o real.
“Isso é mais ou menos óbvio. O que não é tão obvio, e pode ser oportunidade, é o movimento dos juros. A tendência dos juros no mundo é para baixo – já se precificam três cortes do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) neste ano –, então achamos que, mesmo que não seja num primeiro momento, o movimento de juros pode ser para baixo, o que pode gerar oportunidades.”
Com relação a possíveis intervenções do Banco Central no câmbio, eles acreditam que a autoridade monetária vai acompanhar os primeiros movimentos, antes de intervir no mercado.
Tá, e aí?
A recomendação é de observar, e não de agir. “Como foi dito, a grande incógnita é qual será a reação do varejo, hoje parte muito relevante do volume negociado na bolsa de valores. Do nosso lado a recomendação é cautela. Ficar frios e observar de perto os desenvolvimentos.”
Em tempo
Em coletiva de imprensa realizada às 11h desta quarta-feira (26), o Ministério da Saúde confirmou o primeiro caso de coronavírus no Brasil, mais um fator que pode pesar sobre a bolsa de valores.





