Após sucessivas baixas ao longo dos últimos anos e a manutenção da taxa Selic em 2% na primeira reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) este ano, a expectativa do mercado agora é para a alta da taxa básica de juros na reunião de março.
Após a divulgação da ata da última reunião nesta terça-feira (26), analistas projetam alta que pode variar de 0,25 p.p. a 0,50 p.p no próximo encontro do Copom.
Assim, caso isso ocorra, será a primeira alta da taxa Selic desde junho de 2015.
Em julho de 2015 a taxa básica de juros chegou a 14,25%, valor mantido até agosto de 2016, no ápice da crise econômica e política brasileira.
A partir desse período em diante, a Selic recebeu cortes sucessivos ao longo dos meses, atingindo o patamar de 2% em agosto de 2020 – valor mantido até a última reunião do Copom, no dia 20 de janeiro de 2021.
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Expectativa
Mas, agora, uma série de fatores levam especialistas a projetar uma alta da taxa Selic para 2021. Além da expectativa da primeira alta já na reunião de março, o mercado prevê ainda que, até o fim deste ano, a taxa básica de juros possa chegar a até 4,5%.
Os motivos dessa alta estão em acordo com a ata divulgada pelo Copom de sua reunião de 20 de janeiro. Ao citar a evolução da pandemia no Brasil e o fim do auxílio emergencial, o Copom destacou que pode haver um impacto nos próximos meses no cenário doméstico causando até mesmo uma reversão temporária da retomada econômica. Assim, o comitê diz que chegou a avaliar uma elevação na taxa básica de juros.
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Veja as previsões para a taxa Selic:
- Itáu projeta alta de 0,25 pp na taxa Selic em março, com taxa em 3,5% no fim de 2021;
- Anbima prevê que a taxa Selic chegue a 2,25% em agosto, com altas subsequentes até dezembro, encerrando o ano em 3%;
- Barclays prevê que a Selic deve estar em 3,75% a 4% até o fim de 2021;
- JP Morgan projeta a taxa básica de juros em 3,50% a 3,75% até o fim do ano;
- Bank of America prevê aumento de 0,50 pp da Selic em março, com taxa em 4% no fim do ano;
- Credit Suisse prevê alta da Selic em março, com expectativa de elevação da taxa para 4,5% até o fim de 2021;
- Goldman Sachs projeção a Selic em 3,5% até dezembro deste ano.
O que diz o mercado
Ao elevar suas expectativas para a taxa Selic deste ano e de 2022, o Bank of America citou que o Banco Central mostrou preocupação com os riscos fiscais para a inflação e com a recuperação da economia mais lenta do que o esperado neste início de ano devido ao fim dos programas de ajuda emergencial.
Após a divulgação da ata do Copom nesta terça, o Bank of America elevou a expectativa da taxa Selic de 3,25% para 4% ao fim de 2021 e de 4% para 5,25% ao fim de 2022. Para março, a projeção é de aumento de 0,50 pp.
Em relatório divulgado nesta terça, o UBS prevê que o Banco Central deve começar a mexer na Selic até maio. O banco cita que a inflação foi de 0,65% em janeiro no comparativo entre meses, e de 2,7% no comparativo entre anos. Ainda permanece abaixo da meta oficial para 2021 (3,75% a/a), mas agora é maior do que em meados de 2020 (2% a/a).
O UBS destaca que, com a divulgação da ata do Copom, alguns de seus membros questionaram se seria apropriado manter um “grau extraordinariamente alto de estímulo”, já que a economia se recuperou rapidamente dos primeiros meses de pandemia.
Assim, há chances de alta da taxa Selic em março, mas o UBS continua projetando a Selic em 4% até setembro deste ano.
Por fim, em relatório, o Goldman Sachs cita que o início do ciclo de normalização monetária deverá começar em maio ou junho. Mas uma elevação da Selic já em março não é descartada. A projeção do Goldman Sachs é que a Selic feche 2021 em 3,5%. Os motivos citados são as recentes surpresas negativas da inflação, elevação dos preços das commodities, expectativas de inflação crescentes, dólar instável (alta volatilidade) e incerteza política persistente.
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