Desde o início deste ano 18 empresas já cancelaram oficialmente seus IPOs (Oferta Pública Inicial) no Brasil. Entre elas estão grandes companhias como Kalunga e Tok & Stock.
Segundo reportagem do Estadão, o recorde de mortes por conta da Covid-19, o atraso na vacinação e o constante ruído político no país atrapalham os planos das empresas de abrir capital neste momento. O movimento pode ter tirado R$ 15 bilhões do mercado.
Mas segundo apurou o Estadão, a tendência é que o total de cancelamentos cresça em meio ao desânimo com a economia nacional em tempos de recordes de mortes por coronavírus.
Ainda há 40 empresas na fila dos IPOs
Uma das empresas que cancelaram sua oferta, sob a alegação de condições desfavoráveis do mercado, foi a Agrogalaxy. A empresa de varejo de insumos agrícolas, que chegou a lançar uma oferta inicial de ações poderia movimentar R$ 1,4 bilhão. Ela foi obrigada a suspender a operação por não encontrar demanda entre os investidores.
O total de empresas na fila para fazer uma oferta nos próximos meses, com pedido para registro junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), ainda é grande.
Há mais de 40 empresas, incluindo o Grupo Avenida, o aplicativo Getninjas e a Caixa Seguridade.
A maior aversão ao risco ocorre após uma primeira janela do ano para emissões de grande movimento, com um volume movimentado de mais de R$ 30 bilhões na Bolsa brasileira, considerando não somente os IPOs, mas também as ofertas subsequentes (follow-ons).
Após esse “boom”, a previsão inicial era de que as ofertas previstas para os próximos meses pudessem girar mais de R$ 50 bilhões, o que não deverá mais se concretizar.
Termômetro de risco
A primeira oferta de peso da atual janela será a da Diagnósticos da América (Dasa), dona da rede de diagnóstico Delboni Auriemo. A empresa precifica uma oferta subsequente de cerca de R$ 6 bilhões na próxima semana. Ela dará o tom do apetite do mercado.
O setor de saúde, por conta da demanda dos investidores, acabou atraindo muitas empresas em busca de uma captação via bolsa de valores. Além de Dasa e Mater Dai estão na rua com ofertas O Hospital Care Caledônia, a farmacêutica Blau, e da Viveo, da CM Hospitalar, de distribuição de material hospitalar e medicamentos.
O que dizem as empresas
Procurada, a Açu Petróleo disse que mantém a intenção em fazer o IPO em momento oportuno, o que deve ocorrer nos próximos 12 meses.
“Todos os planos de investimento da companhia estão mantidos e reforçados para 2021”, frisou.
A Paschoalotto afirmou que o pedido de desistência ocorreu por conta do “momento de volatilidade do mercado e crise sanitária ainda em curso”.
A GranBio afirmou que adiou sua estratégia de abertura de capital para o segundo semestre de 2021.
A MRV, controladora da Urba, disse que acredita no grande potencial da empresa e que “vai aguardar o momento oportuno para voltar ao mercado de capitais”.
A Tok&Stok disse que por conta de falta de condições ideais de mercado decidiu suspender o IPO e seguir, neste momento, por meio de recursos disponíveis.
As demais empresas que desistiram do IPO neste ano não comentaram.