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IPOs estão de volta ao Vale do Silício

IPOs estão de volta ao Vale do Silício

Quando a pandemia do novo coronavírus, o SARS-CoV 2, atingiu os Estados Unidos em março, as ofertas públicas iniciais (IPOs, na sigla em inglês, initial public offerings), especialmente aquelas de startups de tecnologia, estavam previstas para estar entre as primeiras vítimas. Afinal, quem quer abrir o capital em uma crise que ocorre uma vez a cada século?

Muitas pessoas, ao que parece, segundo artigo publicado pela The Economist na edição de 22 de agosto.

Nos últimos dois meses, os IPOs, que quase sumiram até o final de maio, voltaram com força total nos Estados Unidos.

Porém, nenhum deles, do Vale do Silício, se compara à do Ant Group.

A afiliada de pagamentos da Alibaba, gigante chinesa online, quer levantar um recorde de US$ 30 bilhões na China.

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O movimento poderia fazer a empresa ser avaliada em cerca de US$ 200 bilhões.

Mas as startups de tecnologia dos EUA arrecadaram US$ 10 bilhões até agora este ano – e há mais por vir.

Unicórnios prontos

Em 19 de agosto, a Airbnb entrou com um pedido de IPO.

Outros “unicórnios” supostamente prontos para escrutínios públicos incluem a Snowflake Computing, que fabrica software em nuvem; a DoorDash, que entrega comida; e a Instacart, que entrega mantimentos.

Adicione a Palantir, uma empresa de gerenciamento de dados enigmática que está se preparando para uma venda direta de ações existentes nos mercados públicos, e a última avaliação combinada dessas cinco é de US$ 80 bilhões.

Ou seja, de acordo com o artigo da The Economist, bilhões em novas ações de tecnologia logo serão negociadas publicamente.

Isso não atingiu a bolha das pontocom da virada do século, quando dezenas de startups surgiam a cada mês.

Mas há um sopro de “exuberância irracional” no ar, detecta Lise Buyer, que observa ações de tecnologia desde o inebriante final dos anos 1990 e agora ajuda startups com IPOs no Class v Group, uma empresa de consultoria.

Quando a Duck Creek, uma seguradora de tecnologia, abriu o capital em 14 de agosto, conseguiu quase 50% a mais.

O BigCommerce, uma plataforma de compras online que foi lançada uma semana antes, viu suas ações “estourarem” em mais de 200%.

IPOs são racionais no momento

Com o índice S&P 500 das grandes empresas americanas em um recorde histórico, não importa o quanto a Covid-19 continue, a racionalidade dos investidores certamente está em debate.

Contudo, para muitas startups, o desejo de abrir o capital é perfeitamente racional, por dois motivos.

O primeiro tem a ver com os próprios mercados financeiros.

Os investidores que estavam despejando bilhões em empresas não-listadas começaram a esfriar em startups antes da pandemia, depois que algumas listagens de unicórnios desapontaram, como Lyft e Uber, ou colapsaram, caso da WeWork.

Ao mesmo tempo, as taxas de juros baixíssimas estão levando o capital público a buscar retornos vantajosos.

Como resultado, os investidores do mercado de ações estão prontos para aceitar altas avaliações, diz à The Economist Lauren Cummings, do Morgan Stanley, que é um dos principais subscritores de IPOS.

“Há uma demanda insaciável por parte dos investidores”, concorda Brian Feinstein, da Bessemer Venture Partners, uma empresa de capital de risco.

As startups estão ansiosas para aproveitar o momento antes que ele se dissipe.

Muitas empresas estão, portanto, tirando a poeira dos planos de listagem que foram colocados em espera na esteira dos insucessos e da confusão do WeWork.

O caso deles é reforçado porque – e esta é a segunda razão para o desejo por listagens das startups – a pandemia tem sido uma bênção para muitas empresas de tecnologia.

Alta tecnologia em alta

As cinco grandes de tecnologia – Alphabet (dona do Google), Amazon, Apple, Facebook e Microsoft – prosperaram à medida que os consumidores isolados gastam mais tempo e dinheiro online.

Além disso, as empresas investiram em serviços de computação em nuvem para permitir o trabalho remoto.

Em 19 de agosto, a Apple atingiu brevemente o valor de mercado de US$ 2 trilhões, a primeira empresa americana a conseguir tal feito.

Antes, a maçã teve que anunciar de desdobraria as ações em quatro-por-um, para que elas ficassem mais acessíveis.

empresas menores também se beneficiam

A companhias de tecnologia que não são tão grandes também se beneficiaram.

Isso inclui muitas empresas que abriram o capital recentemente.

A pandemia destacou e acelerou uma mudança fundamental em direção aos negócios digitais, disse à The Economist Sarah Cannon, da Index Ventures, uma empresa de capital de risco.

A tendência vai durar décadas, prevê ela.

E os mercados concordam.

O Índice de IPO da Renascença Capital, que inclui a maioria dos listados dos últimos dois anos, subiu mais de 40% desde janeiro.

A Zoom, cujo aplicativo de videoconferência se tornou onipresente na pandemia em todo o mundo, viu o preço de suas ações quadruplicar desde abril de 2019.

A companhia vale hoje US$ 78 bilhões.

A CrowdStrike, uma empresa de cibersegurança listada em junho do ano passado, quadruplicou de valor desde março.

Custo e retorno rápido

Uma coisa que o boom mais recente fez foi destacar o quão infelizes as startups e firmas de capital de risco cresceram com o atual processo de abertura de capital.

“É complicado”, escreve a The Economist, “com resmas de papelada e pode levar mais de um ano”.

Além disso, segue, também é caro.

“As taxas dos bancos de investimento consomem entre 4% e 7% dos rendimentos de um IPO típico, sem contar os advogados e outros consultores”, diz a matéria.

Startups e firmas de capital de risco dão evidências de que as ofertas estão subvalorizadas ao dar aos grandes investidores dos bancos um retorno rápido.

Afinal, são clientes regulares que devem ser mantidos, já que a maioria das startups só abre o capital uma vez.

Alternativas aos IPOs

A insatisfação com o processo de IPO, combinada com um desejo de abrir capital, levou algumas empresas a considerar alternativas.

Primeiramente, exista a “lista direta”, do tipo que a Palantir, empresa de softwares, está buscando.

O Spotify, serviço de streaming de música, e a Slack, empresa de mensagens corporativas, também têm usado com bons resultados.

A Asana, de softwares de gerenciamento de projetos baseado na web, pode ser outro unicórnio a seguir o caminho direto.

As listagens diretas usam um leilão eletrônico da bolsa de valores para obter para as startups um preço mais justo por suas ações do que conseguem com os banqueiros de investimento.

Contudo, isso não permite que as empresas levantem dinheiro novo.

SPACs

Outra rota que vem ganhando destaque é a aquisição de empresas específicas para esse fim.

Essas SPACs (special-purpose acquisition company), como são conhecidas, são empresas de fachada que abrem o capital prometendo comprar uma ou mais empresas privadas com o dinheiro da listagem.

A empresa, então, faz uma fusão reversa.

SPACs têm uma história duvidosa. Muitas tiveram desempenho inferior ao do mercado de ações mais amplo.

Mas o lote mais recente promete consertar as falhas preservando os benefícios.

E os benefícios incluem negociações diretas sobre o preço de compra, que podem tornar os negócios mais rápidos e previsíveis.

De janeiro ao início de agosto, 60 SPACs se tornaram públicas, arrecadando US$ 22,5 bilhões.

Em julho, Bill Ackman, chefe de um fundo de hedge, lançou uma de US$ 5 bilhões a US$ 7 bilhões, a maior até agora.

Não está claro se o Vale do Silício irá abraçar as SPACs com vontade.

A maior empresa de tecnologia que já usou o artifício é a Nikola.

A companhia de caminhões com emissão zero agora ostenta uma capitalização de mercado de cerca de US$ 16 bilhões.

Apesar da resistência ainda encontrada, as SPACs têm lugar no mundo da tecnologia.

Em 18 de agosto, Kevin Hartz, um dos primeiros investidores do Airbnb e do Uber, lançou uma.

É a Ribbit Capital, uma empresa de capital de risco, e já está planejando outra.

Nem todas são iguais

A indústria de IPOs não é avessa a listagens diretas ou SPACs, mesmo sendo menos lucrativos do que os métodos tradicionais.

Os banqueiros prevêem um futuro diversificado de ações cada vez mais personalizadas que, digamos, visam investidores específicos e predeterminam por quanto tempo os funcionários devem manter suas ações.

Como Greg Chamberlain, do JPMorgan Chase, resumiu: “nem todas as empresas de tecnologia são iguais. Elas têm objetivos diferentes”.

Ou seja, se as startups quiserem lucrar, como todas querem, elas precisarão de Wall Street para conduzi-las.