Em 2020, se a economia brasileira crescer conforme as estimativas, no patamar de 2% a 2,5%, com manutenção da safra agrícola de 2019/2020 no mesmo patamar da safra 2018/19, as vendas reais da indústria de alimentos podem crescer entre 2,5% até 3,5%. A constatação é da ABIA (Associação Brasileira da Indústria de Alimentos).
A entidade divulgou nesta terça-feira os resultados do setor de 2019 e as perspectivas para 2020. Neste ano, vários fatores podem influenciar o desemprenho da indústria de alimentos, de acordo com a ABIA.
Um deles é o coronavírus. O impacto da doença na economia mundial vai depender de como a China e os demais países irão conter a disseminação do vírus, diz a ABIA. No curto prazo, os preços de algumas commodities agrícolas podem ser pressionados.
A taxa Selic também deverá influenciar a indústria de alimentos. O repasse gradual das reduções da taxa básica de juros para as taxas direcionadas ao financiamento do consumo e do investimento começa a reduzir o custo e ampliar o volume de crédito na economia, afirma a ABIA. A entidade estima que em 2020 esse processo continuará estimulando as vendas no varejo, construção civil e investimentos na indústria. Ou seja, isso gerará importantes efeitos multiplicadores para a geração de emprego e elevação da renda da população brasileira.
A agenda de reformas do governo também terá impacto fundamental para a indústria de alimentos em 2020. Assim como foi feito com a Reforma da Previdência, se o governo juntar esforços para aprovação da Reforma Tributária neste ano, o Brasil pode recuperar ainda mais a confiança dos investidores e todos os setores da economia podem ter uma retomada mais rápida e mais significativa, na avaliação da entidade. Eles esperam ainda uma diminuição da carga tributária nos alimentos para o setor prosperar ainda mais.
Indústria de alimentos cresceu 6,7% em 2019
Em 2019, a indústria brasileira de alimentos e bebidas registrou um crescimento de 6,7% em faturamento em relação à 2018. Ou seja, o setor atingiu R$ 699,9 bilhões, somadas exportações e vendas para o mercado interno, representando 9,7% do PIB. Em 2018, o setor registrou R$ 656 bilhões.
Na contramão do desempenho da indústria nacional como um todo, que recuou 0,8% em 2019 (dados da CNI), a indústria de alimentos fechou o ano com crescimento de 2,3% em vendas reais. Foi a melhor taxa de crescimento desde 2013, quando o setor cresceu 4,2%.
Em relação à geração de empregos a indústria de alimentos e bebidas criou 16 mil novas vagas diretas em 2019, 3 mil a mais do que em 2018. O setor responde por cerca de 23% dos empregos da indústria da transformação do país. E registrou, assim, 1,6 milhão de empregos diretos.