Quando falamos em economia na América do Sul, os primeiros pensamentos estão relacionados à instabilidade política e ao crescimento pífio. Apesar dessa percepção, um país sul-americano está se descolando do baixo crescimento econômico e tem a expectativa de crescer mais de 100% até 2028.
Este avanço está sendo impulsionado pelos lucros do seu setor de produção e exportação de petróleo.
Estamos falando da Guiana, localizada no norte da América do Sul, que faz fronteira com a Venezuela a leste, com o Suriname a oeste e com o Brasil no sul, com fronteiras nos estados do Amazonas e Roraima.
Este país tem apenas 800 mil habitantes, mas tem uma projeção de crescimento de 38% até o final do ano, conforme previsão do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Além do FMI, a BMI, uma unidade de pesquisa da Fitch Solutions, avalia que a Guiana terá um crescimento explosivo em 2023. Em relatório, a entidade cita que o PIB real da Guiana deve crescer cerca de 115% nos próximos cinco anos.
A BMI prevê que a produção de petróleo na Guiana salte de cerca de 390 mil barris por dia este ano para mais de um milhão de barris por dia até 2027, à medida que novos campos offshore na área de Stabroek Block do país forem abertos por um consórcio liderado pela Exxon Mobil (XOM; $EXXO34).
O Bloco Stabroek da Guiana é um reservatório de petróleo offshore de 6,6 milhões de acres na costa atlântica do país e estima-se que contenha 11 bilhões de barris de petróleo, de acordo com a Exxon Mobil.
Em 2022, a Guiana registrou um crescimento de 62,3% do PIB, a maior variação percentual do mundo, segundo o FMI.
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Além da produção de petróleo aumentando com um terceiro campo entrando em operação, o crescimento do setor não petrolífero da Guiana também foi impulsionado pelo investimento em transporte, habitação e aumento do capital humano.
O relatório do FMI destacou que os setores de agricultura, mineração e pedreiras da Guiana também estão indo bem.
Os riscos da econômicos da Guiana
Apesar do otimismo em relação à economia guianesa, o país não está isento de riscos. A Guiana conseguiu um crescimento econômico muito rápido, que a tirou de uma das economias mais pobres da região do Caribe para se tornar uma das de maior crescimento. Contudo, para manter essa trajetória, o país precisa estar atento a dois pontos cruciais:
- Estabilidade política: a estabilidade política é fundamental para sustentar o crescimento econômico. Com o rápido avanço, a Guiana precisa garantir que seu ambiente político permaneça estável, evitando conflitos e instabilidades que possam prejudicar os investimentos e o desenvolvimento econômico.
- Preços elevados do petróleo: A economia da Guiana está altamente vinculada ao petróleo, o que pode torná-la vulnerável a flutuações nos preços do petróleo no mercado internacional. Preços baixos do petróleo podem enfraquecer a economia guianesa, tornando-a mais dependente das receitas do petróleo.
A dependência excessiva do petróleo pode levar ao fenômeno conhecido como “doença holandesa”. Esse termo econômico refere-se às repercussões negativas que podem surgir de um rápido desenvolvimento baseado em recursos recém-descobertos, o que paradoxalmente pode prejudicar a economia como um todo, desequilibrando outros setores econômicos.
Um exemplo da doença holandesa é a Venezuela, que possui uma das maiores reservas de petróleo do mundo. Mesmo com este recurso, a economia venezuelana é altamente dependente do preço do barril de petróleo, e em momentos de preços baixos, o país enfrenta grandes dificuldades econômicas.
Além disso, fatores políticos também podem representar desafios para o desempenho da Guiana. O rápido crescimento econômico pode elevar o risco de corrupção no país.
O relatório da BMI destaca que a Guiana tem uma história de divisões entre suas populações indo e afro-guianenses, além de um histórico de alta corrupção e presença do crime organizado.