Um dos veículos financeiros que concentram a maior quantidade de recursos são os fundos de investimentos. Toda a indústria é muito grande e possui diversas subdivisões. Entre elas, podemos destacar os fundos multimercados. Tratam-se de excelentes alternativas para diversificação de portfólio.
Neste artigo, você verá importantes informações a respeito desse instrumento de aplicações. Você poderá acompanhar diversas de suas características. Ao ler o texto, ficará mais claro para você que investir nesses fundos pode ser uma ótima opção para delegar a gestão de seu patrimônio a profissionais especializados.
Não perca mais tempo e continue a leitura!
O que são fundos multimercados?
A indústria dos fundos de investimentos é composta por veículos financeiros que precisam obedecer a regras definidas pela CVM ― Comissão de Valores Mobiliários ― no que diz respeito à aplicação de seu patrimônio líquido. Fundos de renda fixa têm que manter a maior parte dos recursos aplicados em títulos de renda fixa, enquanto fundos de ações investem majoritariamente nessa classe de ativos de renda variável.
Já com os fundos multimercados é diferente. Como o próprio nome diz, esses fundos têm a liberdade de fazer suas aplicações em vários mercados. E de fato é isso o que faz o gestor responsável por fundos desse tipo. A diversificação da carteira pode chegar a tal ponto que ativos internacionais compõe o patrimônio de muitos multimercados.
Isso traz uma versatilidade muito grande para todos, tanto gestores como cotistas. A razão disso é que existem fundos multimercados com maior volatilidade e com baixo risco também. Assim, um investidor pode compor seus investimentos considerando vários fundos multimercados, de modo que sua exposição ao risco fique muito bem controlada.
Quais são os tipos de fundos multimercados?
Em relação à divisão dos fundos multimercados, a ANBIMA os separa em três grandes grupos: alocação, estratégia e investimento no exterior. Cada um deles possui suas próprias subdivisões, a exceção do último que corresponde a uma categoria e subcategoria ao mesmo tempo.
Veremos a seguir uma explicação melhor sobre cada uma das modalidades de fundos multimercados separados por grupo e subgrupo.
Alocação
Segundo esse critério, os fundos são classificados de acordo com o modo como seu recurso é alocado em determinados ativos. É possível que sua alocação se dê em papéis de renda fixa, câmbio, ações ou até mesmo em cotas de outros fundos. Sendo assim, duas subcategorias são possíveis.
Balanceados
Os fundos enquadrados na categoria balanceados são aqueles nos quais o gestor precisa deixar bem claro qualquer mudança em relação à política de investimentos. Ou seja, se houver uma mudança na aplicação dos recursos, todos precisam ser previamente informados.
Dinâmicos
Os fundos dinâmicos são aqueles nos quais o gestor tem mais liberdade na alternância entre ativos. Assim, não é necessária uma comunicação formal caso a estratégia de alocação seja alterada. Isso confere mais dinamicidade ao fundo, daí vem sua nomenclatura.
Estratégia
Esse é o principal grupo de caracterização dos fundos multimercados, daí ser a classificação com número maior de subgrupos. A razão disso vem de sua própria natureza: como eles aplicam seus recursos em uma variada gama de classes de ativos, cada fundo é classificado de acordo com sua alocação majoritária. Acompanhe.
Macro
Fundos macro tem por princípio fazer sua alocação com base em princípios macroeconômicos. Dessa forma, o cenário político e econômico é sempre considerado na elaboração de suas estratégias.
Trading
Esses fundos trabalham com diferentes classes de ativos buscando obter lucros por meio da negociação de ativos disponíveis. Daí seu nome que remete a atividade de realizar trade, ou seja, ganhar com a diferença positiva entre compras e vendas.
Long and Short Direcional
A proposta de alocação desse tipo de fundo se baseia em operações “long and short”. Isso quer dizer que duas operações devem ser feitas e elas precisam estar em mercados correlatos. Um bom exemplo disso é a relação entre o índice Bovespa e a cotação do dólar. Nesse caso, trata-se de uma relação assimétrica, pois quando um sobe o outro tende a descer.
Os fundos direcionais montam operações da maneira descrita, sendo que os percentuais de alocação podem ser diferentes. Ou seja, a posição “long” pode ter mais recursos empregados do que a posição “short”, e vice-versa.
Long and Short Neutro
Já os fundos que adotam a estratégia de long & short neutro também fazem alocação em posições duais. No entanto, não existe desproporcionalidade entre elas como no caso anterior. Tanto a posição “long” quanto a “short” tem o mesmo tamanho. Isso reduz o risco, ao passo que a exposição passa a ser menor.
Juros e moedas
Essa classe de fundos multimercados firma suas posições maiores em mercados de renda fixa, assumindo exposições em taxas de juros. Adicionalmente, assume riscos montando posições em moedas de mercados estrangeiros e em índice de preços.
Livre
Aqui não há absolutamente nenhuma exigência de alocação dos ativos do fundo. O gestor tem a liberdade para fazer aplicações em todos os tipos de mercado, tanto domésticos quanto internacionais. Dessa forma, essa classificação é atribuída a grande parte da indústria dos multimercados.
Capital protegido
A categoria de capital protegido tem uma peculiaridade interessante: ela protege parte da aplicação do investidor no caso de perdas. A razão disso é que o patrimônio do fundo é investido em mercados de risco. Assim, existe uma proteção a mais para que alguém faça parte desse tipo de fundo.
Estratégia específica
A alocação desses fundos dependem do cenário apresentado em um dado momento. Assim, as operações são montadas de acordo com o risco apresentado, tendo as commodities e os futuros de índices como carros-chefe na execução da estratégia.
Investimentos no exterior
Por fim, temos a terceira categoria de fundos, a única que não apresenta subdivisões. Dessa forma, os fundos classificados como investimento no exterior mantém parte considerável de seu patrimônio investidos em ativos internacionais. Para fazer parte desse grupo, um fundo deve manter pelo menos 40% de seus recursos investidos fora do Brasil.
Quais são as vantagens de investir em fundos multimercados?
Seguramente, uma das principais vantagens conseguidas ao investir por meio de um fundo multimercado é ter maior diversificação em carteira. Ao invés de acumular diversos ativos de diferentes mercados, basta adquirir algumas cotas do fundo e todas essas opções estarão ao alcance do investidor.
Aliás, essa é a melhor forma de acessar muitos mercados com poucos recursos. Existem fundos dessa categoria com baixa barreira de entrada. É possível ser cotista de um multimercado a partir de R$ 100.
E como se não bastassem todas essas vantagens, pode-se também contar com uma gestão altamente profissional. Os gestores de um fundo desses geralmente têm muita experiência no mercado, e você os pode escolher verificando o histórico de seu desempenho. Essa é uma ótima referência.
Quais são os custos e taxas pagas ao investir em um fundo multimercado?
Para que um fundo de investimento mantenha seu funcionamento de maneira a atender as expectativas dos cotistas, é necessário que haja a cobrança de algumas taxas. Acompanhe a seguir.
Taxa de administração
Todo fundo de investimento é passível da cobrança de uma taxa de administração. Ela é necessária basicamente para manter a estrutura do fundo funcionando. Ao menos três agentes precisam ser cobertos por esse valor, conforme explicado a seguir.
O primeiro agente é a própria instituição administradora do fundo. É ela quem faz o cálculo de cotas e processo aplicações e resgates. Depois, temos a figura do gestor profissional. É ele quem executa a política de investimentos do fundo. Por fim, é necessária a presença de uma auditoria externa independente. Ela verifica se as boas práticas estão sendo seguidas e se não há indícios de irregularidades.
Taxa de performance
Essa taxa não é obrigatória na composição dos custos de um fundo multimercado. No entanto, existem aqueles que a cobram e isso deve ser definido quando da elaboração do estatuto do fundo. A taxa de performance é cobrada como um percentual que excede o benchmark escolhido e só incide caso o desempenho do fundo supere o indicador.
Tributação
Ainda que não seja um custo diretamente absorvido pelo fundo, a tributação deve entrar na conta de quem decide comprar cotas de multimercados. Assim, o fator a ser considerado é o tempo, pois a alíquota incidente (sobre os lucros) dependerá do período pelo qual os recursos permaneceram aplicados no fundo.
Portanto, caso o fundo em questão seja de longo prazo, a tabela de tributação obedecerá às mesmas regras aplicadas aos produtos de renda fixa. A diferenciação fica por conta dos fundos de curto prazo, que seguem apenas duas alíquotas de pagamento de impostos: 22,5% se o prazo de aplicação for de até 180 dias e 20% de alíquota passado esse período.
Quais são os riscos associados a esse tipo de aplicação?
Ao menos três riscos precisam ser analisados por quem decide investir em multimercados. O primeiro deles é o risco de crédito. Ele diz respeito a capacidade que os emissores dos títulos que compõe o fundo tem de honrar seus compromissos. Você deve consultar a composição de ativos do fundo para saber de que forma ele está posicionado.
O segundo risco é o de liquidez. Ele mostra a capacidade que o gestor tem de se desfazer de algum título caso seja necessário. Isso deve ser medido pelo especialista antes de adquirir um título, ou seja, faz parte da análise da gestão.
Por fim, o risco de estratégia precisa ser avaliado. Ele está relacionado à maneira pela qual foi desenhada a forma de alocar os ativos. Se tudo ocorrer conforme o planejado, o desempenho do fundo irá bem. Se não, a cota pode ter rendimento negativo. A análise de estratégia pode ser feita conhecendo os gestores que estão à frente do fundo analisado.
Exemplos de fundos multimercados atualmente?
EQI MACRO
Esse fundo multimercado faz parte da gestora de recursos da EQI Investimentos e é um grande diferencial atualmente. Seus gestores carregam a política de investimentos de trabalhar sempre com a melhor oportunidade, ainda que ela não aconteça no Brasil. Assim, várias operações são feitas em mercados internacionais.
Exemplo disso são as posições montadas em moedas como o peso chileno e o peso mexicano. Além disso, existe a interpretação de que a curva de juros de curto prazo já passam por relativo estresse. Dessa forma, o fundo pode apresentar ótimos rendimentos caso ocorra uma correção nesse movimento.
VINLAND MACRO PLUS
Conforme o próprio nome revela, o fundo Vinland Macro Plus aplica estratégias ligadas a cenários macroeconômicos. É um veículo de investimentos um pouco menos líquido, com resgate em 61 dias. No entanto, tem a vantagem de possuir baixa barreira de entrada, pois o aporte inicial mínimo é de apenas R$ 1 mil.
Suas posições concentram-se atualmente em operações montadas sobre curva de créditos alongados. A ideia é obter seu prêmio sobre IPCA carregando a posição ao mesmo tempo que o fundo pode se beneficiar de uma eventual correção. Caso isso ocorra, o ganho correspondente poderá ser classificado como um “plus” advindo da estratégia praticada.
FORPUS MULTIESTRATÉGIA
A alocação do Forpus Multiestratégia considera posições em vários mercados de modo simultâneo (daí seu nome). Também possui barreira de entrada na casa de R$ 1 mil com o benefício de ter o resgate em tempo bastante inferior ao fundo recém-mostrado.
Seu posicionamento se divide em estratégias que aproveitam a alocação de seu fundo irmão (o Forpus Ações FIC FIA) ao comprar ações de mesma carteira, mas apenas os ativos menos voláteis. Complementam a estratégia alguns posicionamentos macros.
IP-VALUE HEDGE FIC FIM IE
Por fim, temos um fundo multimercado de grande destaque no ano e seu diferencial reside nos investimentos em ativos internacionais. Daí a sigla IE em seu nome que quer dizer “investimentos no exterior”. Portanto, é uma ótima diversificação de carteira que ameniza o risco Brasil.
Para alcançar seu ótimo desempenho, o fundo se posiciona majoritariamente em bonds internacionais, que também são conhecidos por títulos soberanos. Além disso, acumula posição em ativos internacionais de bolsa, mas com exposição muito controlada. Isso é feito por meio da compra de ações com a prática de hedge, utilizando opções sobre essas ações ou mesmo dando a carteira como garantia para operar futuros de índices.