Usar o Twitter para obter conhecimento e bons insights de investimento. A possibilidade vem ganhando força na rede social e recebeu até apelido: FinTwit – “Fin” de finanças e “twit” de Twitter. O painel “FinTwit: política, patrimônio e estratégias de investimento no maior fórum de finanças do mundo” discutiu o tema na Money Week nesta sexta-feira (27), último dia do evento.
Como convidados, foram recebidos Alfredo Menezes, CIO e CEO da Armor Capital; Sérgio Machado, gestor da Trópico Investimentos; e Gabriel Rech, fundador da comunidade Macro Investimentos.
Os três trouxeram para o debate o que vem sendo debatido na rede atualmente. Confira.
Cenário macro: Selic está “errada” e inflação pede atenção
Com vasta experiência no mercado financeiro, tanto Menezes quanto Machado são enfáticos ao afirmar que a atual taxa básica de juros, Selic, está errada.
“A inflação está mostrando diariamente que não será uma nuvem passageira”, aponta Machado, na Money Week.
Menezes complementa que, até aqui, o setor de serviços conteve a inflação. Mas, assim que a vacina contra coronavírus sair, haverá uma demanda grande, que irá pressionar os indicadores.
“Eu tenho medo, sim, de qual será a inflação no ano que vem. No segundo semestre, vai ter subir juros, porque esse patamar não é sustentável no médio e longo prazo”, afirma.
Machado se diz bastaste cauteloso. Ele pondera que o mercado financeiro sempre dá um “crédito” ao “gestor”, mas que vem se cansando com tanta espera por medidas significativas da equipe econômica do governo.
“Estamos em uma situação extremamente complexa. O fiscal está desmontado. A economia não consegue sair da lama e tem muito discurso”, avalia.
“Eu tenho receio. Você tem que olhar a cara do animal que você está vendo na selva. E cautela no mercado não é fraqueza, é sobrevivência”, acrescentou na Money Week.

Alfredo Menezes, da Armor Capital; Sérgio Machado, da Trópico Investimentos; e Gabriel Rech, da comunidade Macro Investimentos, durante Money Week.
Tesouro IPCA é destaque
Menezes recomenda que o melhor ativo doméstico para se proteger no atual cenário de crise é o NTN-B (Tesouro IPCA). “Um NTN-B de cinco anos é conservador e é um bom papel”, considera.
Para ele, papéis mais longos podem ser mais interessantes para os mais jovens. Mas ele, particularmente, prefere papéis de três a cinco anos no máximo.
Fuja de promessas de enriquecimento
Outra dica: fugir de cursos e promessas de ganhos altos em pouco tempo e com pouco esforço.
“Não existe curso para formar trader em 40 horas. E não tem trader que ganha 10 mil reais em 1 hora. É ilusão”, alerta Menezes.
“Este é o tipo de coisa que ilude uma garotada boa, que poderia estar aprendendo e investindo corretamente”, lamenta.
“É importante ir devagar, aprender e acumular horas de tela. Não existe o ‘compra aqui, vende aqui e ganha tanto’”, aponta Rech.
Twitter como canal de conhecimento
Para os três convidados, o uso do fórum FinTwit no Twitter como canal para troca de conhecimentos é muito positivo e aproxima gestores e investidores. A parte ruim, das ofensas e polêmicas, dizem, deve ser apenas deixada de lado.
“Tem a parte boa do Twitter, de aprendizado, e tem a parte ruim, das confusões e dos perfis falsos no FinTwit. Mas o intuito é passar informação relevante”, diz Gabriel Rech.
“Os gestores usam o canal para mostrar seu conhecimento e, claro, vender a sua empresa. Mas o mercado financeiro tem essa característica de virar um local de ‘aposta’ ou ‘torcida’ e não é para ser isso. Nossa obrigação é mostrar os produtos, os riscos e vantagens”, diz Menezes.
O que evitar no Twitter
Sergio Machado dá sua receita para ficar bem na rede social: não se deixar levar pelas polêmicas.
“Eu tenho 40 anos de mercado e não sei tudo, então é muito interessante o Twitter e a FinTwit. Você começa a ter um relacionamento de amizade com pessoas que você não conhecia pessoalmente. Tem uma força muito grande. Mas não entro em ‘treta’”, revela.
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