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Financial Times: investidores estrangeiros fogem de ações brasileiras

Financial Times: investidores estrangeiros fogem de ações brasileiras

O Financial Times fez uma análise sobre o humor dos investidores estrangeiros com relação aos papéis brasileiros. E o resultado n]ão é bom. Segundo o diário inglês, os estrangeiros evitaram as ações brasileiras em ritmo recorde durante 2019, em meio ao ceticismo quanto à recuperação econômica do Brasil.

Pelas observações do jornal, a partir de dados relatados da Bolsa de Valores de São Paulo, os investidores estrangeiros retiraram R$ 15,2 bilhões dos mercados de ações do Brasil neste ano. Os dados consideram as ofertas de ações (IPOs e follow-ons), que passaram a ser incluídas no cálculo neste ano. Sem esse número, a saída líquida pula para R$ 43 bilhões.

A compensação da Bolsa brasileira está no mercado interno. O brasileiro está investindo mais. Mesmo com essa fuga de estrangeiros, a Bolsa subiu mais, com o índice de referência Ibovespa em alta de mais de 25%.

O número de investidores aumentou, no total. Em 2017, eram 613,2 mil pessoas; em 2018, 789,6 mil; e agora 1,5 milhão. O crescimento de jovens que investem na B3 foi significativo, o que fez com que a participação deles também aumentasse. Se em 2017 eles eram pouco menos de 3%, hoje eles já passam de 10%.

Participação estrangeira

“Os investidores estrangeiros estão procurando mais a realidade do que a retórica”, disse Greg Konstantinidis, gerente de portfólio na Fidelity International, que completou: “Alto desemprego e baixa utilização de capacidade são sinais de um cenário de crescimento econômico fraco”.

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Desde que o levantamento começou, em 2004, os estrangeiros têm se mostrado protagonistas como compradores líquidos de ações brasileiras, com a exceção marcante de 2008, ano da crise do subprime. Porém, as entradas líquidas pararam no ano passado e as saídas se aceleraram ao longo de 2019. Até agora neste mês, os investidores estrangeiros reduziram suas participações acionárias no Brasil em R$ 3,4 bilhões, segundo o jornal.

Sim, os analistas sabem que o Brasil oferece um mercado financeiro grande, líquido e sensível à volatilidade, mas “os investidores estrangeiros também ficaram assustados com a interrupção da janela de reformas após a aprovação de uma importante reforma previdenciária neste ano. Apesar dos sinais de crescimento econômico retornarem após uma profunda recessão em 2015 e 2016, o desemprego está em cerca de 12% e a dívida das famílias aumenta”, alerta o Financial Times.

Preocupação com o meio ambiente

Há mais do que a preocupação com o crescimento da economia brasileira. Investidores estrangeiros seguem observando com nigual preocupação de empresas e governos europeus como o Brasil está tratando o meio ambiente. Sob o presidente Jair Bolsonaro, madeireiros e agricultores intensificaram a exploração econômica da floresta amazônica, fator que já levou a Nordea Asset Management a desistir de investir no país.

No artigo, o Financial Times destaca a fala do consultor financeiro Wilber Colmerauer, brasileiro radicado em Londres, ressaltando que investir dentro de métricas ambientais é “um grande negócio”: “temos um presidente que não consegue parar de falar em produzir o máximo que pudermos o mais rápido possível. Está completamente fora de sincronia”.

Ceticismo

Ao contrário do constante clima de otimismo que se abateu no mercado financeiro brasileiro, por conta de um programa econômico liberal, os estrangeiros são mais céticos. Os dados da Bolsa de Valores mostram que os estrangeiros foram vendedores líquidos de ações brasileiras desde a eleição do governo de direita, em outubro de 2018.

Uma pesquisa regular da XP Investimentos com 81 gestores de fundos, economistas e consultores, a maioria deles de fora do Brasil, sugere que o apoio ao governo nos mercados diminuiu drasticamente. Em janeiro, 86% dos entrevistados classificaram o governo como bom ou excelente, e 1% como ruim ou péssimo. Em outubro, apenas 45% classificaram o governo como bom ou excelente, e 10% o descreveram como ruim ou péssimo.

“A mensagem que o governo está transmitindo é muito confusa. Este é um governo liberal, mas possui alguns elementos intervencionistas e extremamente conservadores”, disse Colmerauer.

Entretanto, as perspectivas para o Brasil são otimistas. Os números da economia brasileira, apesar de tímidos, mostram uma curca de crescimento, ou, ao menos, de estabilidade: a maioria dos economistas consultados pelo Banco Central neste mês espera que o Produto Interno Bruto cresça 1% neste ano e 2,2% em 2020, 3,4%.

Resta saber se os estrangeiros vão embarcar na onda de otimismo.