Reportagem publicada neste domingo (17), no Global Times, informa que o comércio de commodities da China está sendo prejudicado por conta da epidemia do coronavírus (COVID-19).
Importações de gás natural liquefato (GNL) foram suspensas e contratos não foram implementados por causa do declínio da demanda, segundo analistas do setor que foram ouvidos pela reportagem do Global Times.
A restrição de locomoção das pessoas, a interrupção do transporte e a forte queda na demanda de consumidores em meio ao surto do vírus afetou a produção e demanda doméstica por petróleo, aço e carvão.
Porém, não apenas a economia doméstica da China foi afetada. Entrevistado pela reportagem do Global Times, Jin Lei, professor associado da Universidade de Petróleo da China, atenta para o fato de que, a curto prazo, as importações chinesas de produtos energéticos, principalmente o gás liquefeito, “cairão”.
Efeito global
Ao Global Times, fontes revelaram que grandes contratos envolvendo importadoras estatais de petróleo e gás na China, tais como Chinal National Offshore Oil Corp, China National Petroleum Corp e a China Petroleum & Chemical Corp, não puderam levar adiante grandes contratos.
Todo este cenário pode levar a um desequilíbrio de curto prazo na demanda e oferta global de petróleo e gás, afirmou Jin Lei ao Global Times.
A Agência Internacional de Energia (AIE) prevê que a demanda global de petróleo, neste trimestre, caia devido ao surto viral, algo que se daria pela primeira vez desde a crise financeira de 2009.
Em seu último relatório, a AIE informou que, enquanto se esperava uma recuperação da demanda, o cenário revela uma queda de demanda no primeiro trimestre de 2020 e deverá cair 435 mil barris por dia em comparação com o ano passado, o que configuraria “a primeira queda trimestral em mais de uma década”.
Retomada dos trabalhos
Ainda de acordo com o a reportagem do Global Times, a produção normal para empresas de aço, carvão e minerais também foi interrompida após o feriado prolongado do Festival da Primavera.
No dia 10 de fevereiro, o primeiro dia útil nacional, apenas 57,8% dos mineiros conseguiram retomar os trabalhos, segundo dados divulgados pelo governo chinês.
Um funcionário de uma cidade da Região Autônoma da Mongólia, interior do norte da China, disse ao Global Times que as empresas siderúrgicas e minerais da cidade “pararam” e ainda não há uma data exata para a normalização das atividades. Essa região possui as reservas minerais mais abundantes do país.
Jin Lei disse ao Global Times que, se o vírus puder ser contido até o final de fevereiro e desaparecer em abril, espera-se que a necessidade doméstica de commodities a granel se recupere ao longo de 2020.