O governo Donald Trump divulgou nessa quinta-feira (20) seu relatório anual ao Congresso e destacou o crescimento do PIB, que superou as expectativas, e uma taxa de desemprego que atingiu mínimas históricas. Há também destaque para os ganhos nos salários para trabalhadores pouco qualificados e minoritários, como sinais do amplo alcance da recuperação.
A economia forte deve ser uma das mensagens dominantes da campanha de reeleição de Trump, visando as eleições de novembro. De acordo com a mais recente pesquisa da NBC News e do Wall Street Journal, 53% dos americanos aprovam como o governo vem tratando a economia, a maior aprovação até agora.
Para reforçar, o relatório compara repetidamente o desempenho da economia sob Trump ao do presidente Barack Obama.
“Três anos no governo Trump e a economia dos EUA continua superando as expectativas eleitorais anteriores a 2016 e também reverte ou melhora as tendências em comparação à expansão anterior após a Grande Recessão”, disse Tomas Philipson, presidente em exercício do Conselho de Assessores Econômicos da Casa Branca.
Guerra no Twitter
O relatório equivale a uma versão oficial da discussão pública entre os dois presidentes que extra-oficialmente se digladiaram no Twitter no início desta semana.
Para marcar o aniversário do pacote de estímulo de aproximadamente US$ 800 bilhões que assinou durante a chamada Grande Recessão iniciada em 2008, Obama (2009-2017) tuitou que a legislação foi fundamental para “pavimentar o caminho para mais de uma década de crescimento econômico e a maior faixa de criação de empregos na história americana”.
Donald Trump respondeu com uma contra-ofensiva também na rede social: “o presidente Obama agora está tentando obter crédito pelo boom econômico que ocorre sob o governo Trump. Ele teve a recuperação MAIS FRACA desde a Grande Depressão, apesar da taxa de juros zero e do relaxamento quantitativo maciço”.
Resultados
Em seu relatório, a Casa Branca prevê que a economia cresceria em média 3% na próxima década se todas as suas propostas fossem aprovadas, incluindo um grande investimento em infraestrutura e outra rodada de cortes de impostos. O relatório também estima que os ganhos em produtividade do trabalho saltarão de cerca de 1,4% para 2,6%, bem acima da média depois da Grande Recessão.
O governo Donald Trump disse que um fator que impulsiona o crescimento da produtividade a longo prazo é a reforma tributária de 2017 que reduziu o imposto corporativo de 35% para 21%. Outro componente importante é a reversão das regulamentações da administração.
A Casa Branca analisou 20 grandes mudanças regulatórias nos últimos três anos e estimou que elas aumentarão a renda familiar média em 1,3%, ou US$ 1.900, ao longo de três a cinco anos. Previa-se que um congelamento de regulamentações adicionais aumentasse a renda em outros 0,8%, ou US$ 1.200.
O relatório descreve “choques idiossincráticos” como os principais riscos para as perspectivas otimistas do governo. A Casa Branca apontou cortes de produção na Boeing como um exemplo, estimando que a interrupção na produção do 737 Max poderia reduzir a taxa de crescimento do PIB no primeiro trimestre em 0,5%. O relatório também destaca a paralisação do governo no início do ano passado e as demissões na General Motors.
O surto de coronavírus não foi citado no relatório, apesar do reconhecimento de que gera incertezas para as empresas. Ainda assim, Tomas Philipson disse que ainda não está preocupado: “em termos de impacto na saúde pública, a economia é muito resistente”.
O relatório de quinta-feira também faz pouca menção ao déficit de um trilhão de dólares ou à dívida crescente. Porém, no início deste mês, a Casa Branca divulgou um orçamento que se baseava em suas fortes projeções econômicas e mudanças radicais nos programas da rede de segurança social para equilibrar seu orçamento em 15 anos.
Como se esperava, o diagnóstico é que o crescimento econômico é vital para contribuir com a saúde fiscal do país.
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