Para começar a investir, o ideal é primeiro estabelecer objetivos para o dinheiro. Nesse sentido, há quem tenha como prioridade formar reservas para o futuro. E há também quem deseje uma renda extra com os investimentos. No segundo caso, saber o que são dividendos e como funcionam é fundamental para montar uma estratégia financeira de sucesso.
Você certamente já ouviu notícias do tipo: “a empresa X anunciou lucro recorde no período”. Mesmo quem não acompanha o mercado acionário, fica curioso com o que será feito com esses lucros. Afinal, eles ficam com a empresa? Ou são distribuídos aos seus acionistas?
Pois saiba que, quando uma empresa aufere lucro, ambas as situações acontecem. Ou seja, ela retém parte do dinheiro em caixa, para reinvestir no negócio, e a outra parte é distribuída aos investidores sob a forma de dividendos.
E é justamente sobre os dividendos que falaremos neste conteúdo. A seguir, você saberá como funciona essa forma de distribuição de lucros, e conhecerá algumas formas de investir com vistas a recebê-los. Portanto, se você pensa em ter renda passiva com investimentos, continue a leitura e confira esse guia sobre dividendos!
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O que são dividendos?
Como vimos, os dividendos são uma parte do lucro que a empresa paga periodicamente aos seus acionistas. Nesse sentido, a distribuição dos lucros é feita de forma proporcional à quantidade de ações que cada investidor possui da companhia.
No Brasil, todas as companhias listadas na bolsa são obrigadas a distribuir parte dos lucros que auferem em cada exercício. Embora a lei não defina um patamar, de forma geral, o mercado adotou 25% como percentual mínimo de distribuição de lucros. No entanto, cada companhia tem a liberdade de deliberar sobre esses valores no próprio estatuto social.
Também não há uma regra que defina a periodicidade de distribuição de dividendos. Normalmente, o mais comum é que as empresas paguem dividendos anualmente. Mas também há casos de distribuição mensal, trimestral ou anual desses lucros. Esse é mais um ponto que o investidor deve observar ao montar a sua carteira de dividendos.
Por que as empresas pagam dividendos?
Além de ser obrigatório por lei, os dividendos são uma forma de atrair mais investidores para o negócio das companhias. Dessa forma, com mais investidores, mais as ações da empresa tendem a valorizar. Consequentemente, melhores se tornam as suas perspectivas para o futuro.
Em relação aos dividendos, outro ponto importante é o segmento de atuação da empresa. Isso porque as companhias que atuam em setores mais consolidados da economia tendem a pagar dividendos mais altos e com mais regularidade. E o motivo é simples: essas empresas já não precisam investir tanto no negócio quanto as mais jovens. Dessa forma, sobra mais dinheiro para distribuir entre os investidores.
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Vale (VALE3) figura entre as principais pagadoras de dividendos. Foto: Divulgação.
Setores que pagam bons dividendos
Louise Barsi, filha do investidor Luiz Barsi, costuma usar um esquema bem didático quando fala sobre boas pagadoras de dividendos.
Em 2021, a investidora participou do evento “Meu Primeiro Dividendo”, promovido pela EQI Investimentos. Na ocasião, Louise deu dicas muito importantes sobre como selecionar boas ações que pagam dividendos. Para se referir a essas ações, Louise utilizou a sigla BEST, que significa:
B: bancos;
E: energia;
S: saneamento e seguros e
T: telecomunicações.
De acordo com a investidora, o principal motivo de escolha desses setores é a sua essencialidade. Por exemplo, você até pode considerar o serviço de streaming muito importante na sua vida. Porém, ficar sem energia ou sem serviços bancários causaria mais problemas do que não ter a Netflix, certo?
É claro que, mesmo em setores essenciais, existem empresas não tão boas. No entanto, esses setores são menos prejudicados quando a economia não está indo bem. Por isso, as chances de que essas empresas distribuam mais lucros acaba sendo normalmente maior.
Formas de distribuição de resultados
Agora que já entendemos o que são dividendos e quais os setores que mais pagam, é hora de saber como as empresas fazem a distribuição de seus lucros.
Nesse sentido, existem diferentes formas de pagamento de dividendos e outros proventos, conforme veremos a seguir:
Pagamento em dinheiro
Quando paga dividendos em dinheiro, a empresa define o valor que o investidor receberá por cada ação. Por exemplo, se ficou definido R$ 5,00 por ação, o dinheiro vai direto para a conta do investidor de forma proporcional à quantidade de ações que ele possui.
Pagamento em novas ações
Outra forma de receber os lucros da empresa é por meio de novas ações. Ou seja, em vez de receber em dinheiro, o investidor recebe um determinado número de ações da companhia, também de acordo com o percentual que possui.
Direito de subscrição
O direito de subscrição é uma vantagem concedida pela empresa aos atuais acionistas quando ela emite novas ações. Nessa situação, os atuais investidores têm a preferência na aquisição dos novos títulos.
Esse mecanismo existe para que a participação do acionista não seja diluída com a entrada de novos investidores. Dessa forma, o investidor mais antigo consegue manter o percentual quando os lucros forem distribuídos.
Além das ações, o direito de subscrição também vale para os fundos imobiliários (FIIs). No link abaixo, entenda como funciona na prática esse mecanismo:
Juros sobre Capital Próprio (JCP)
Para o acionista, os Juros sobre Capital Próprio funcionam de forma semelhante aos dividendos. No entanto, a diferença é que, no JCP, há 15% de Imposto de Renda, diferentemente dos dividendos, que são isentos do tributo.
Além disso, no JCP, a distribuição é limitada a 50% dos lucros do período. Por outro lado, não existe esse limite no caso dos dividendos.
E como saber se uma ação paga bons dividendos?
O indicador mais conhecido por quem investe com o objetivo de receber dividendos é o dividend yield (DY). A seguir, entenda o que é e como calcular esse indicador.
Dividend yield (DY)
Basicamente, o dividend yield mostra a relação entre os dividendos pagos e o preço atual da ação. Ou seja, o indicador dá a ideia do retorno que o dividendo traz em relação à ação que representa.
Esse indicador é representado em percentual, da seguinte forma:
DY = (dividendos totais pagos em 12 meses / preço da ação) x 100
Para exemplificar, imagine a seguinte situação:
No ultimo exercício, uma empresa pagou R$ 10,00 em dividendos por ação aos investidores. Atualmente, a sua ação está custando R$ 100,00.
Dessa forma, o cálculo do DY será:
DY = (10 / 100) X 100 = 10%
Em outras palavras, as ações da empresa renderam 10% sobre o valor que o acionista investiu no início. É isso o que aponta o dividend yield no exemplo.
Pontos importantes do dividend yield
Já falamos aqui sobre os setores mais consolidados, que normalmente pagam dividendos mais altos. Porém, para entender o DY, há outros pontos importantes que devem ser analisados. Confira a seguir.
Lucros extraordinários
Quando falamos em lucros extraordinários, estamos nos referindo a resultados que não fazem parte da operação da empresa.
Por exemplo, em determinado ano, a companhia vendeu parte de seus imóveis e maquinário. Logo após, distribuiu o resultado da venda aos seus acionistas.
Nessa situação, podemos esperar um DY maior do que em anos anteriores. Ou seja, o acionista recebeu mais não por causa do desempenho operacional, mas sim por causa de uma entrada de dinheiro no caixa da empresa que não acontecerá sempre.
Por isso, é importante analisar a origem do dividendo distribuído. Dessa forma, o investidor saberá se pode contar com a mesma regularidade de recebimento nos próximos anos.
Geração de caixa e endividamento
Em algumas situações, empresas utilizam dividendos atraentes para conseguirem novas fontes de recursos. Ou seja, acenam com altos dividendos para o investidor, mesmo que tenham que sacrificar o caixa ou se endividar para isso.
Esse é outro cuidado que o investidor precisa tomar ao analisar o DY. Nesse sentido, um indicador mais alto do que a média do setor pode ser um sinal de alerta.
Potencial de crescimento da empresa
Pode ser que uma empresa com DY mais baixo prefira reinvestir no negócio em vez de distribuir uma fatia maior dos lucros. Por exemplo, uma empresa tem projetos que considera mais rentáveis do que qualquer outro investimento no mercado financeiro.
Nessa situação, é possível que o potencial de crescimento do negócio não compense a distribuição de lucros. No entanto, isso não deve ser visto como algo desfavorável para o investidor. Isso porque, mesmo que ele não receba altos dividendos, terá o retorno do investimento com a valorização das ações.
Momento do recebimento de dividendos
Já vimos as formas de distribuição de lucros, os setores que mais pagam dividendos e como analisar o dividend yield. Agora, é hora de falar sobre o momento que todo acionista espera, que é o crédito dos recursos na sua conta.
Nesse sentido, a primeira coisa a entender é a periodicidade de pagamento das empresas. Como vimos, não há uma regra fixa, pois quem define isso é a própria companhia em seu estatuto.
Além disso, há dois conceitos que o investidor precisa conhecer em relação às datas dos dividendos, que são Data-Com e Data-Ex.
Quando as empresas divulgam seus resultados, anunciam também a data de pagamento do provento. A Data-Com é o prazo para que o investidor compre e mantenha as ações da empresa, caso deseje receber os dividendos relativos àquele ano.
Porém, se ele adquirir as ações depois desse prazo, não terá direito aos referidos dividendos. Nesse caso, chamamos o período de Data-Ex, ou seja, é quando as ações passam a ser negociadas sem dar direito aos dividendos do período.
Outro ponto importante é conhecer o processo de pagamento dos dividendos. Isso porque ele envolve formalidades, e não é feito por simples decisão da empresa.
Etapas formais do pagamento de dividendos
A primeira etapa desse processo é a aprovação dos dividendos pelo conselho administrativo da companhia. Ou seja, deverá haver aprovação dos valores antes que sejam distribuídos aos investidores.
Logo após, é preciso protocolar o processo na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Nesse sentido, o protocolo serve para informar os acionistas e o mercado sobre a data e a forma de pagamento dos dividendos.
Como montar uma carteira de dividendos?
A primeira coisa a fazer é abrir conta em uma corretora. Na EQI Investimentos, a equipe oferece assessoria para a escolha das melhores ações que pagam dividendos.
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