O saldo do crédito ampliado ao setor não financeiro alcançou R$14,8 trilhões (150,1% do PIB), um aumento de 8,5% em relação a 2021. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (27) pelo Banco Central.
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O BC destacou o crescimento dos empréstimos do sistema financeiro nacional (SFN), em 14,2%, e dos títulos públicos, 14,1%. No mês de dezembro, o crédito ampliado ao setor não financeiro cresceu 0,6%, com os empréstimos e financiamentos e os títulos públicos variando 1,3% e 0,4%, respectivamente.
O crédito ampliado às empresas atingiu R$ 5,1 trilhões em 2022 (52,3% do PIB), com a expansão de 8,9% no ano representando desaceleração em relação a 2021 (14,4%). Contribuíram para essa desaceleração as variações dos empréstimos do SFN (10,8%, em 2021, e 10,4%, em 2022) e dos títulos de dívida securitizados (59,4% e 28,7%, respectivamente).
Em dezembro, o crédito ampliado a empresas cresceu 0,9%, influenciado principalmente pelos aumentos de 2,1% nos empréstimos do SFN e de 3,8% nos títulos de dívida securitizados.
O crédito ampliado às famílias alcançou R$3,4 trilhões (34,8% do PIB) em 2022, o que representou expansão anual de 16,7%, após crescimento de 19,6% no ano anterior. Em dezembro houve expansão de 0,8% no mês, em função da expansão dos empréstimos do SFN.
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Operações de crédito do Sistema Financeiro Nacional (SFN)
O volume de crédito do SFN alcançou R$ 5,3 trilhões em 2022, aumento de 14,0% no ano, desacelerando ante a variação de 16,3% no ano anterior. O crédito a empresas variou 9,3%, uma desaceleração ante o índice de 10,5% em 2021.
O crédito às famílias cresceu 17,4%, após variação de 21,0% em 2021. Em dezembro, o crédito total variou 1,3% com aumentos de 2,1% na carteira de pessoas jurídicas e de 0,8% na carteira de pessoas físicas.
Em 2022, o crédito livre para pessoas jurídicas alcançou R$ 1,4 trilhão, expansão de 9,9% no ano, desacelerando da variação de 17,4% em 2021. Neste período, destacam-se os crescimentos nas modalidades de duplicatas e outros recebíveis, aquisição de veículos e capital de giro com prazo superior a 365 dias.
Destacam-se, também, as reduções na modalidade de capital de giro até 365 dias, repasse externo e antecipação de faturas de cartão. Em dezembro houve expansão de 2,7% no crédito livre a empresas, com destaque para desconto de duplicatas e recebíveis.
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O crédito livre às famílias atingiu R$ 1,8 trilhão, o que significou crescimento de 17,0% no ano, após variação de 23,0% em 2021. Destaca-se a expansão das modalidades crédito pessoal não consignado; crédito consignado para servidores públicos, para aposentados e pensionistas do INSS; aquisição de veículos; e cartão de crédito.
Em dezembro, houve expansão de 0,2%, com destaque para consignado de servidores públicos, aquisição de veículos e cartão à vista. Destaca-se ainda o efeito sazonal da redução em modalidades como cheque especial e cartão rotativo.
Em 2022, o crédito direcionado atingiu R$ 2,2 trilhão, elevação de 14,3% no ano, acelerando após crescimento de 10,9% em 2021. As pessoas jurídicas apresentaram expansão de 8,1% no ano (após retração de 0,3% em 2021), enquanto as famílias cresceram 17,9% (após alta de 18,5% no ano anterior). No mês, o crédito direcionado variou 1,3%, com crescimento de 0,9% para empresas e 1,6% para famílias.
As concessões de crédito acumuladas no ano cresceram 20,4% em 2022, ante 19,5% no ano anterior. As contratações com empresas aumentaram 20,5% no ano (13,7% em 2021) e as com pessoas físicas, 20,2% em 2022 (24,9% em 2021).
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Juros em alta em relação ao fim de 2021
O Indicador de Custo do Crédito (ICC), que mede o custo médio de todo o crédito do SFN, atingiu 21,4% a.a. em dezembro, caindo 0,2 p.p. no mês e elevando-se 3,1 p.p. no ano. No crédito livre não rotativo, o ICC situou-se em 28,2% a.a., permanecendo estável em dezembro e aumentando 3,8 p.p. em relação a dezembro de 2021. O spread geral do ICC retraiu 0,3 p.p. no mês, e teve uma elevação interanual de 1,4 p.p.
A taxa média de juros das contratações finalizou o ano de 2022 em 29,9% a.a., elevação de 5,6 p.p. após aumento de 6,0 p.p. em 2021. O spread geral das taxas de juros das concessões situou-se em 19,0 p.p., variação de 3,3 p.p. em 2022 após elevação de 1,4 p.p. em 2021. No mês, os indicadores variaram -1,1 p.p. e -1,3 p.p., respectivamente.
No crédito livre, a taxa de juros atingiu 42,0% a.a. em dezembro de 2022, elevação de 8,2 p.p. no ano. No crédito livre às empresas, a taxa média de juros situou-se em 23,1% a.a., expandindo 3,4 p.p. no ano, destacando-se elevações em capital de giro de longo prazo (+2,9 p.p.) e desconto de duplicatas e recebíveis (+4,0 p.p.).
No crédito livre a pessoas físicas, a taxa de juros alcançou 55,8% a.a., elevação de 10,8 p.p. no ano, com destaque para o aumento em crédito pessoal consignado (+5,1 p.p.).
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Inadimplência e endividamento das famílias
A inadimplência do crédito geral situou-se em 3,0% em dezembro, aumento de 0,7 p.p. em relação ao final de 2021. No crédito livre, esse indicador aumentou 1,1 p.p. em 2022, encerrando o ano em 4,2%, enquanto nas operações direcionadas houve estabilidade em 2022, finalizando em 1,2%.
O endividamento das famílias com operações de crédito do SFN alcançou 49,5% em novembro, com queda de 0,2 p.p. no mês e elevação de 0,3 p.p. em doze meses. O comprometimento de renda aumentou 0,2 p.p. no mês e 1,8 p.p. em doze meses, situando-se em 28,2%
O BC informou ainda que os índices de endividamento e comprometimento de renda das famílias terão sua defasagem ampliada porque os índices dependem de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), que teve seu calendário de divulgação alterado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
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Agregados monetários
A base monetária atingiu R$ 419,7 bilhões em dezembro, crescimento de 7,2% no mês e de 2,6% em doze meses. No ano, o volume de papel-moeda em circulação e as reservas bancárias aumentaram 1,0% e 10,2%, respectivamente.
Entre os fluxos mensais dos fatores condicionantes da base monetária, apresentaram impacto expansionista as operações com títulos públicos federais, R$ 139,5 bilhões (colocações líquidas de R$ 22,2 bilhões no mercado primário e compras líquidas de R$ 161,8 bilhões no mercado secundário) e os depósitos de instituições financeiras, R$ 13,4 bilhões (liberação de depósitos de garantia em espécie vinculadas a Linhas Financeiras de Liquidez – LFL, R$ 2,2 bilhões; de recursos do Proagro, R$ 249 milhões; resgate de depósitos voluntários a prazo, R$ 15,8 bilhões; recolhimento de recursos de cadernetas de poupança, -R$ 1,7 bilhão e de depósitos a prazo, -R$ 2,8 bilhões). Contribuíram de forma contracionista, as operações do setor externo, R$ 46,5 bilhões, as com derivativos, R$ 5,7 bilhões, as do Tesouro Nacional, R$ 35,8 bilhões e as de Redesconto e de Linhas de Liquidez, R$ 17,6 bilhões.
Os meios de pagamento restritos (M1) atingiram R$ 637,1 bilhões em dezembro, redução de 2,5% no ano, refletindo crescimento do papel-moeda em poder do público e redução dos depósitos à vista em 2,8% e -6,6%, respectivamente. Considerando-se dados dessazonalizados, o M1 declinou 2,48% no ano.
O M2 cresceu 15,8% no ano, com saldo total de R$ 5,0 trilhões. O saldo dos depósitos de poupança caiu 3,7%, somando R$ 999 bilhões. O saldo dos títulos emitidos por instituições financeiras aumentou 28,0%, totalizando R$ 3,4 trilhões, reflexo da expansão de 17,3% no saldo dos depósitos a prazo, bem como pelo aumento das letras de crédito (LCA e LCI) em 66,2%.
O M3 registrou variação positiva de 9,2% no período, totalizando R$ 9,6 trilhões, refletindo o crescimento de 5,6% no saldo das quotas de fundos do mercado monetário (R$ 4,4 trilhões), e recuo de 54,1% no saldo das operações compromissadas com títulos federais. O M4 cresceu 11,2% no ano, totalizando R$ 10,6 trilhões.
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