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Copom dividido: para onde vai a Selic?

Copom dividido: para onde vai a Selic?

Nesta quarta-feira (19), um Comitê de Política Monetária (Copom) dividido define a nova taxa básica de juros (Selic).

taxa está atualmente em 10,50% ao ano. O mercado se divide entre os que esperam mais uma redução de 25 pontos-base e os que projetam manutenção dos juros.

“Nosso cenário base é de corte, mas as incertezas aumentaram muito no cenário doméstico e não seria surpresa uma estabilidade na taxa”, diz Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset.

Copom dividido: de onde vêm as incertezas?

A divisão na decisão de juros do último Copom (Comitê de Política Monetária) entre diretores indicados pelo atual governo e os da gestão anterior fez com que investidores questionassem se o Banco Central continuará firme na luta contra a inflação após a saída de Roberto Campos Neto da presidência da autarquia monetária – seu mandato acaba em 31 de dezembro.

Além disso, a mudança na meta de resultado primário, de superávit para déficit zero em 2025, trouxe dúvidas sobre a sustentabilidade do novo arcabouço fiscal. O foco do governo no aumento da arrecadação e não no corte de gastos para ajustar as contas públicas também preocupa o mercado.

Copom dividido: ruídos podem impactar nota de risco de crédito do país

A mudança iminente na presidência do Banco Central (BC) e a abordagem que a autarquia adotará com um indicado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no comando será um grande teste para a economia do Brasil, segundo afirmou Manuel Orozco, analista de Brasil da S&P Global, em entrevista ao Valor.

Orozco foi questionado sobre a possibilidade de um retorno “ao passado”, referindo-se a medidas que deterioraram as contas públicas, como a interferência nas decisões de juros do BC, que levaram a sucessivas reduções na classificação de crédito soberano do Brasil.

Ele destacou que a autonomia do Banco Central foi uma das reformas que deram consistência ao crescimento econômico do país e contribuíram para a recente melhora na classificação do Brasil.

No final do ano passado, a S&P Global Ratings elevou a nota de crédito do Brasil de BB- para BB, logo após a aprovação da reforma tributária.

Orozco e uma equipe de diretores da S&P estiveram em São Paulo semana passada para um evento com investidores brasileiros. O analista afirmou que as condições que levaram à melhora na classificação do país permanecem.

Ele acredita que os ruídos que têm desancorado as expectativas do mercado para a inflação são temporários. No entanto, alertou que uma sequência contínua de ruídos pode comprometer não apenas as projeções, mas a própria economia do país por um período mais longo.

Orozco afirma que uma organização definitiva das contas públicas é necessária para que o Brasil recupere o grau de investimento (falta subir dois níveis para atingir esse patamar).

O Brasil alcançou esse nível pela última vez em abril de 2008, durante o segundo mandato de Lula, mas perdeu em setembro de 2015, em meio à deterioração fiscal durante o governo de Dilma Rousseff (PT).

O que é a taxa Selic?

A taxa Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira. É a referência do governo para tomar recursos emprestados para custear suas despesas. 

E quem empresta dinheiro ao governo? Todas as pessoas físicas ou jurídicas que compram e vendem títulos do Tesouro Direto.

Além do governo, o mercado como um todo usa a taxa Selic como uma referência. 

É como se o pensamento funcionasse da seguinte forma: “se até o governo toma dinheiro emprestado nesse valor, então vale ter essa taxa como a base dos outros empréstimos”.

Quem define a taxa de juros Selic?

A taxa Selic é definida pelo Banco Central por meio de seu Comitê de Política Monetária, o Copom

A reunião do Comitê acontece a cada 45 dias e a decisão sobre a taxa Selic é resultado dos estudos sobre a atividade econômica brasileira e os níveis de inflação.

A taxa definida pelo Copom baliza o mercado para transações financeiras como um todo.

Selic hoje 

A Selic, taxa básica de juros da economia, está hoje em 10,50% ao ano. 

Este referencial foi definido no dia 8 de maio de 2024.

Este foi o oitavo corte consecutivo, mas marcou uma mudança de ritmo. Até então, os cortes vinham sendo de 50 pontos-base. Da última vez, foi de apenas 25 pontos-base.

Lembrando que, até aqui, a Selic ficou por cerca de um ano fixada em 13,75%. A paralisação dos juros por tempo prolongado veio após um ciclo de 12 altas, subsequentes ao piso histórico da taxa (2%), ao longo da pandemia.

A expectativa do mercado é que a Selic tenha mais um corte de 25 pontos-base (na decisão desta semana ou nas próximas), chegando a 10,25% ao ano ainda em 2024.

Quando vai ser a próxima reunião do Copom?

A próxima reunião do Copom acontece dias 18 e 19 de junho. O Banco Central define com antecedência o calendário de reuniões. De acordo com a agenda de 2024, a primeira reunião do Copom aconteceu nos dias 30 e 31 de janeiro. A última será realizada dias 12 e 13 de dezembro.

Calendário Copom 2024

  • 30 e 31 de janeiro;
  • 19 e 20 de março;
  • 7 e 8 de maio;
  • 18 e 19 de junho;
  • 30 e 31 de julho;
  • 17 e 18 de setembro;
  • 5 e 6 de novembro;
  • 10 e 11 de dezembro.

Evolução da Selic

Veja o comportamento da Selic desde 2017:

gráfico selic
Fonte: EQI Investimentos

Por que a Taxa Selic é importante?

A taxa Selic é um dos instrumentos governamentais mais eficientes para aumentar ou diminuir a liquidez da economia. 

Isso quer dizer que a atividade econômica será incentivada ou freada por ela.

A subida ou descida da Taxa Selic traz como consequência impactos diretos na geração de emprego, na inflação e nas taxas de juros cobradas pelo mercado.

O que acontece quando a Taxa Selic sobe?

O aumento na taxa Selic faz com que os títulos públicos paguem uma remuneração maior, com um risco muito baixo.

Dessa forma, o capital circulante é direcionado para os cofres públicos, reduzindo a liquidez do mercado. Isso pode causar diminuição do consumo, freando toda a cadeia produtiva da economia.

O que acontece quando a Taxa Selic desce?

Em contrapartida, quando essa mesma taxa Selic é reduzida, o dinheiro volta ao mercado, aumentando a liquidez. Há um maior consumo das famílias e a economia passa a receber esse estímulo vindo do governo.

Além desses, existem também impactos causados pela taxa Selic em três aspectos importantes da economia nacional. Veja quais são a seguir:

Taxa Selic e inflação: qual a relação e os impactos?

A taxa Selic é um importante instrumento do Banco Central para controle da inflação e estabilização da economia.

Para ter um olhar mais crítico em relação aos efeitos da taxa Selic no ciclo econômico, é interessante começarmos pelos efeitos inflacionários causados por uma Selic alta ou mais baixa.

O que acontece com a inflação quando os juros caem

Em tempos de desaceleração econômica, para promover a produção e estimular o consumo, o governo baixa a taxa de juros. Com o dinheiro mais barato, as pessoas gastam mais e voltam a movimentar a economia.

Assim, compras parceladas e financiamentos tendem a ficar mais baratos.

Como mais pessoas estão comprando, o mercado percebe o movimento e tende a haver uma alta nos preços. É quando a inflação começa a subir.

O que acontece com a inflação quando os juros sobem

Quando há excesso de dinheiro em circulação, pode acontecer que a demanda por consumo se torne superior à oferta de bens e serviços disponíveis. 

Nessa situação, os preços são pressionados para cima, o que aumenta a inflação. No entanto, a subida da inflação não pode ser sem limites, é por isso, que o governo precisa intervir, elevando a taxa Selic.

Com isso, o custo das compras de longo prazo aumenta e o consumo é desestimulado. Com menos compras, os preços tendem a ter uma queda natural.

É assim que a Selic é usada como ferramenta de controle da inflação.

Taxa Selic e emprego

Por conta de tudo o que foi descrito acima, os empregos também são afetados. Em épocas de alto consumo (e Selic baixa), a produção das indústrias precisa ser maior. A distribuição também, assim como as vendas diretas.

Dessa forma, é normal que haja mais contratações, pois a demanda por mão-de-obra é maior para dar conta de toda essa demanda.

Mais empregos são gerados e isso contribui para o aumento da renda das famílias, aumentando ainda mais o consumo.

Essa crescente encontra seu ápice novamente, quando a inflação atinge níveis preocupantes. É aí que a intervenção por meio da Selic ocorre, elevando-a.

Como o consumo tende a cair nesse período, toda a cadeia produtiva arrefece. A mão-de-obra tão necessária anteriormente já não se justifica mais e começa o processo de demissões.

Sem tanta renda, o consumo das famílias naturalmente cai e o ciclo econômico tem início novamente. 

Tudo faz parte de um ciclo que sempre se repete.

Como a taxa Selic afeta o seu dinheiro?

A taxa Selic afeta o seu dinheiro, pois como ela funciona como a base de juros do mercado, o custo do crédito aumenta se a Selic aumentar. 

Da mesma forma, este custo deve ser reduzido quando a Selic está em baixa.

Estamos falando dos juros cobrados em operações de empréstimos no mercado em geral, como financiamentos de casas, carros e dinheiro para capital de giro e empréstimos pessoais, por exemplo.

No entanto, isso vale bem mais para empréstimos de curto prazo e para a pessoa física. Em relação aos financiamentos de longo prazo, geralmente, a concorrência faz o mercado se adaptar.

Assim, podemos afirmar que a taxa Selic regula o custo de crédito no mercado brasileiro.

Como a Selic afeta os investimentos?

A taxa Selic afeta diretamente a rentabilidade de diversos investimentos.

É por isso que entender o que é Selic ajuda o investidor a se tornar mais próspero em suas aplicações. 

A partir desse conhecimento, é possível rebalancear os ativos para aproveitar as melhores oportunidades. 

Assim, o rendimento da carteira pode se tornar ainda maior com o passar do tempo, resultando em um patrimônio elevado.

Saiba quais são principais influências da taxa Selic nos diferentes mercados:

Selic e a Renda Fixa

Se você pretende investir em Renda Fixa, é fundamental acompanhar as variações da Selic para melhor identificar quais aplicações são mais adequadas às suas metas de rentabilidade.

Os papéis da Renda Fixa são aqueles impactados mais rapidamente pelas alterações na taxa Selic. Isso ocorre porque vários títulos são indexados à taxa.

Dentre eles estão investimentos como títulos públicos, poupança e títulos privados. Veja alguns deles:

Tesouro Selic

Um exemplo é o próprio Tesouro Selic, que rende o valor da taxa acrescido de um pequeno percentual, a depender do vencimento do papel.

CDBs e LCAs

CDBsLCAs e certificados de recebíveis são outros exemplos. Todos os títulos pós-fixados acompanham o patamar da Selic em seus rendimentos.

Selic e a Renda Variável

Renda Variável é impactada de forma mais indireta pelas alterações da taxa Selic. Se a taxa for elevada, pode fazer com que investimentos migrem para a Renda Fixa, por conta de maiores rendimentos sem alto risco atrelado.

Já quando a Selic está muito baixa, ela acaba forçando esses investidores a tomarem risco na bolsa de valores, por exemplo, em busca de maiores retornos.

Isso faz a Renda Variável ganhar mais corpo, elevando o preço de seus ativos.

Selic e os Fundos Imobiliários

A Selic também impacta nos Fundos Imobiliários (FIIs).

Em um cenário de escalada da Selic, os FIIs acabam competindo diretamente com a Renda Fixa, que passa a atrair o capital dos investidores, que buscam maiores rentabilidades, sem a oscilação típica da Renda Variável. 

Selic e os investimentos estrangeiros 

A taxa Selic pode impactar a atração de investimentos estrangeiros ao país. 

  • Selic em baixa: caso esteja muito baixa, pode incentivar uma operação conhecida como carry trade.

Ela se dá quando investidores tomam recursos emprestados em países com juros menores para emprestar em nações com juros mais altos.

  • Selic em alta: neste caso, atrai investimentos para os títulos soberanos por conta da alta rentabilidade oferecida.

Os juros e os melhores investimentos em cada fase 

A variação da taxa de juros da economia torna um investimento mais atrativo que o outro. 

Entenda a dinâmica e os melhores ativos para cada etapa, conforme explicação de Denys Wiese, Head de Renda Fixa da EQI Investimentos:

Onde investir com juros em queda

  • Quando estamos iniciando a fase de queda dos juros, o certo é pré-fixar as taxas, para aproveitá-las antes que os juros caiam. 
  • No mercado de ações, deve-se investir em ações de crescimento (growth).

Juros ainda baixos

  • Nesta fase é indicado comprar os pós-fixados e continuar com as ações growth.

Início da subida de juros 

  • Nesta fase é importante se posicionar em juros pós-fixados e ações de valor (empresas mais estabilizadas).

Queda dos juros

  • Neste cenário, é recomendado voltar para os prefixados, IPCA+ e comprar ações de valor.

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