A pandemia de coronavírus já causou quase R$ 125 bilhões de prejuízo ao comércio em apenas sete semanas de surto – de 15 de março a 2 de maio.
Esses foram os dados divulgados nesta quarta-feira, após um estudo realizado pela CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) junto ao setor.
Segundo o órgão, as perdas diretas já somam R$ 124,7 bilhões, e representam um encolhimento de 56% no faturamento do varejo em relação ao período pré-pandemia.
De acordo com a CNC, o início da sequência de perdas semanais coincide com a implementação de diversos decretos
estaduais e municipais determinando a interrupção parcial ou total dos estabelecimentos comerciais e, consequentemente, significativas restrições ao consumo presencial – modalidade preferencial de consumo por parte da população.
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Setores mais prejudicados
De acordo com o relatório divulgado nesta quarta-feira, os setores do comércio que mais sofreram com as medidas preventivas após o início da pandemia foram os de itens não-essenciais.
Esses varejistas acumularam R$ 111,61 bilhões em perdas, enquanto os responsáveis por alimentação e medicamentos, que respondem por 37% do varejo brasileiro, caíram R$ 13,12 bilhões no mesmo período.
Empregos
A previsão da CNC é de extinguir aproximadamente 2,4 milhões de empregos formais em até três meses, caso a crise persista.
“A concretização desse cenário, no entanto, dependerá de como as empresas do setor vão reagir às medidas anunciadas pelo governo e, em última instância, à própria evolução da pandemia nas próximas semanas, comentou José Roberto Tadros, presidente da Confederação.
As estimativas da CNC cruzaram informações históricas das pesquisas mensal e anual de comércio do IBGE, estatísticas do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), além de dados relativos à circulação de consumidores em estabelecimentos comerciais providos semanalmente pela plataforma Community Mobility Reports do Google.
Melhora gradual
Apesar dos números negativos, os prejuízos do comércio têm diminuído com o passar das semanas. Segundo Fabio Bentes, economista da CNC responsável pela pesquisa, as perdas do setor, que chegaram a R$ 23,03 na segunda semana de pandemia, recuaram a R$ 18,04 bilhões.
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A explicação, de acordo com Bentes, está na intensificação de estratégias alternativas, como e-commerce, m-commerce, vendas por aplicativos de redes sociais, serviços de delivery e drive-thru.
A diminuição do isolamento social, que chegou próximo aos 70% nos primeiros dias da pandemia, mas agora caiu para perto dos 45%, também foi pontuada pela CNC como um fator preponderante aos novos resultados.
Essa melhora, contudo, “não foi suficiente para impedir o acúmulo de novos resultados negativos ao longo de todo o mês de abril”, ressaltou o economista.
PMC tem retração de 2,5%
A Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada nesta quarta-feira (13) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou uma queda no varejo de 2,5% em março. Segundo os pesquisadores, a queda só não foi maior graças à alta nas vendas dos supermercados.
De acordo com o relatório do estudo, apenas dois segmentos considerados essenciais durante o período de quarentena devido ao coronavírus não registraram perdas ante fevereiro.
É o caso da atividade de hipermercados e supermercados, que reúne produtos alimentícios, bebidas e fumo, com crescimento de 14,6%. E também de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos, com alta de 1,3%.
“Março foi bastante impactado pela estratégia de isolamento social adotada em algumas das cidades a partir da segunda quinzena do mês. Essas cidades consideraram hiper e supermercados e produtos farmacêuticos como atividades essenciais. As demais atividades tiveram as portas fechadas nos comércios de rua e nos centros comerciais”, explicou o gerente da pesquisa, Cristiano Santos.
Do total de 36,7 mil empresas da amostra da pesquisa, 14,5% apontaram a pandemia de coronavírus como a principal razão para a queda nas vendas.
O setor de hiper e supermercados tinha um peso no índice, em fevereiro, abaixo de 50%. Em março, saltou para 55%. “O índice foi segurado por essa atividade”, avaliou o pesquisador.
Em relação a março do ano passado, o volume de vendas do varejo recuou 1,2%. Esta foi a primeira queda após 11 meses consecutivos de altas.
No ano (janeiro a março), o varejo registrou aumento de 1,6%.
No acumulado de 12 meses, o setor passou de 1,9% em fevereiro para 2,1% em março. O IBGE também revisou a taxa de fevereiro, em relação a janeiro, de 1,2% para 0,5%.
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