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Chuvas podem aumentar valor das ações de empresas de energia? Entenda

Chuvas podem aumentar valor das ações de empresas de energia? Entenda

Tradicionalmente, o início do verão brasileiro é marcado pelas fortes chuvas. Infelizmente, elas causaram muitos estragos com inundações, alagamentos, deslizamentos, rompimentos de represas e barragens, que já deixaram dezenas de mortos e milhares de desabrigados. 

Contudo, o aumento expressivo no volume de chuvas também proporcionou o enchimento dos reservatórios. Este fato pode contribuir com o encerramento da bandeira tarifária vermelha, e até mesmo para redução do preço de energia elétrica no Brasil. 

Além disso, com o crescimento do nível dos reservatórios, as empresas do setor elétrico podem se beneficiar com esse cenário devido ao aumento do consumo de energia, tanto industrial quanto residencial, e na sua transmissão. 

Pensando nisso, o Euqueroinvestir.com preparou artigo para explicar como o aumento do volume de chuvas no Brasil pode impactar as empresas do setor elétrico na B3. Confira!

  • BTG Pactual; confira recomendações aqui

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Saiba o motivo das fortes chuvas

Em uma reportagem do Globo Rural, o meteorologista da Rural Clima, Alexandre Nascimento, afirma que o verão é o período mais chuvoso do ano, principalmente no Sudeste, Centro-Oeste e parte do Norte e Nordeste. 

Entretanto, ele explica que as chuvas aumentaram de ritmo devido a ação de dois fenômenos climáticos, a Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) e a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT). “Acrescentem a isso a presença da La Niña e um Atlântico Tropical mais quente do que o normal – essa combinação favorece a formação da ZCAS e mantém a ZCIT próxima à costa norte do país”.

Para se ter uma ideia do tamanho do volume de chuvas nas últimas semanas, o presidente da consultoria Thymos Energia, João Carlos Mello, destaca que o nível de chuva entre outubro do ano passado e janeiro deste ano está 40% acima da média do mesmo período entre 2020 e 2021. Na região sudeste, esse aumento é ainda mais expressivo, em que chega a um aumento de 100% de pluviosidade. 

Aumento no nível de reservatórios

Devido ao aumento do nível de chuvas, acima da média, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) prevê que o volume de água armazenado nos reservatórios localizados no Sudeste e no Centro-Oeste alcance 40% da capacidade dos reservatórios no fim do mês. Atualmente, está em 33,56%.

Já no Nordeste, a previsão é que o volume saia dos 65,96% atuais para 70,2% no fim do mês. Por outro lado, em outras regiões,  a expectativa é de queda no volume armazenado.

No Norte, a projeção indica 73,2% no fim deste mês, menor que os 78,36% atuais. No Sul, o volume deve cair dos atuais 40,72% para 34,8%, segundo a previsão do ONS em seu boletim do Programa Mensal de Operação (PMO).

Reservatórios mais cheios podem diminuir contas de energia

Com os reservatórios mais cheios por causa das chuvas, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, destaca, em entrevista concedida ao canal CNN, que não haverá prorrogação da tarifa de luz, que foi criada por causa da crise hídrica no final do 1º semestre de 2021. Além disso, ele ressalta que há possibilidade de antecipar o fim da bandeira vermelha.

“Acabou, acabou mesmo. Da mesma forma que me perguntavam no passado se nós trabalhávamos com a possibilidade de racionamento e apagão, e eu dizia que não tinha, se você me perguntar agora sobre a tarifa de escassez hídrica, eu digo a você que nós não trabalhamos com essa possibilidade [de prorrogar] por conta das medidas que nós adotamos”, disse.

Mercado de energia pode se beneficiar com as chuvas

Em entrevista ao Valor Econômico, o presidente do conselho de administração da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), Rui Altieri, destaca que o mercado de energia elétrica retomou o ritmo de crescimento após os efeitos traumáticos da pandemia de Covid-19. 

“A atividade econômica do país também está sendo retomada, após os períodos mais críticos de isolamento social e paralisações”, afirma Altieri.

De acordo com os dados da CCEE, o Brasil consumiu 64.736 megawatts médios (MWm) em 2021, volume 4,1% maior em relação ao ano anterior.

Depois da maior estiagem em 91 anos, as hidrelétricas entregaram 42.462 MWm, quantidade 8,8% menor em relação a 2020. Enquanto as térmicas, que auxiliaram na garantia do fornecimento de energia elétrica durante a seca, produziram 16.245 MWm, avanço de 43,5% na comparação anual.

“Mesmo com uma hidrologia desfavorável, conseguimos atravessar esse período garantindo energia elétrica para todos os brasileiros. O clima ainda é de muita atenção, mas ações colocadas em prática pelo setor e as chuvas dos últimos meses nos dão maior conforto para planejar 2022”, explica Altieri.

Além das chuvas outros fatores podem beneficiar valorização

O assessor e sócio da EQI Investimentos, Elias Wigger, relata que mesmo com o aumento do volume de chuvas, as ações do setor elétrico já refletem a precificação ideal. “Eu não acredito que vai ter um reflexo muito perceptível assim por conta do aumento das chuvas devido a conjuntura macroeconômica atual”, disse.

Ele explica que as empresas do setor elétrico são chamadas de anticíclicas porque elas não dependem do humor do mercado financeiro para performar. Wigger ainda ressalta que a demanda por energia elétrica é pouco afetada independente da situação econômica do país, uma vez que todo mundo precisa de energia para sobreviver no mundo moderno. 

Com isso, a geração de receita das empresas é facilmente programada. Logo, há maior previsibilidade nos preços das ações a médio e longo prazo. Além disso, o controle da receita permite cumprir os contratos com as transmissoras, geradoras e outras companhias sobre a quantidade de kWh que devem ser entregues. 

“Claro que se tiver chuvas, não precisa recorrer a termelétricas, que aumentam o custo adicional para gerar energia”, aponta Wigger sobre as chuvas diminuírem os custos de geração de energia elétrica. 

Entretanto, Wigger argumenta que as pressões inflacionárias, alta de juros e pandemia são os fatores que mais impactam nos valores das ações das empresas do setor elétrico, por elas terem as característica anticíclicas. Deste modo, esses ativos garantem mais segurança aos investidores do que as ações do setor de varejo, que são mais sensíveis ao humor do mercado.

Dicas de empresas para se ter no radar

Diante de todo o conteúdo exposto, vamos apresentar alguns trechos de relatórios emitidos pelo Banco BTG Pactual sobre empresas do setor elétrico. A grande maioria delas está com uma recomendação de compra com potencial de lucro de até 43%. Confira:

Cesp (CESP6)

Os analistas do BTG recomendam a compra das ações da Cesp, com um preço-alvo de R$ 32,00. A companhia anunciou recentemente que o comitê independente aprovou a proposta de fusão dos ativos de energia da Cesp e da Votorantim, que também aprovou a fusão.

O valor justo proposto pelo comitê avaliou a VE Energia em R$ 2,8 bilhões, a VTRM em R$ 4,5 bilhões e a Cesp em R$ 9,1 bilhões, todas para 2021.

A fusão das empresas, com aporte de capital de R$ 1,5 bilhão, permite aumentar o poder de fogo da companhia para expandir o seu portfólio, incluindo novas fontes de energia renováveis. Com isso, a Cesp contará com maior diversificação de produção, tendo em vista que ela tenha sofrido com os hidrológicos mais fracos. 

Light (LIGT3)

Devido a uma nota técnica realizada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) sobre a próxima revisão tarifária da Light, a equipe do BTG Pactual recomenda a compra do ativo, com um preço-alvo de R$ 18. 

Como o regulador reconhece a complexidade de operar a concessão da Light, a metodologia utilizada para definir os parâmetros de sua revisão tarifária é ligeiramente diferente de outras distribuidoras. Logo, a Light tem maior autonomia para realizar a revisão tarifária. Com isso, a companhia carioca consegue controlar ainda mais a taxa de perda de energia regulatória. 

AES Brasil (AESB3)

Mesmo com a formação de uma Joint Venture com a Unipar, o BTG mantém uma recomendação neutra, embora tenha um previsão de alta dos ativos da AES Brasil, com um preço-alvo de R$ 15. 

A JV entre AES Brasil e Unipar, maior produtora de cloro, soda cáustica e PVC da América do Sul, é a segunda entre as companhias. Ela foi formada para a construção de uma usina eólica de 91 MW no Complexo de Cajuína (Rio Grande do Norte).

O novo projeto terá capacidade assegurada (P50) de 46MW médio, dos quais 40MW médio serão vendidos para a Unipar sob um PPA de 20 anos a partir de Jan-24. O Capex está estimado em R$ 510 milhões (R$ 5,6 milhões/MW), sendo que inicialmente a AES Brasil deterá 90% da JV e a Unipar os outros 10%.

CPFL (CPFE3)

Os analistas do Banco BTG Pactual recomendam a opção de compra das ações da CPFL, com um preço-alvo de R$ 37,00. A equipe do banco de investimentos relata que participou da Investor Day da CPFL, em que a administração detalhou o plano estratégico de crescimento, inovação, governança e ESG. 

No evento, a CPFL explicou que a visão da empresa é promover uma transição energética para fontes descentralizadas e limpas. Este movimento será importante para manter a empresa preparada para os desafios a longo prazo. 

Para a CPFL, as principais avenidas de crescimento do setor são: (i) smart grids, com ativos conectados e operações e manutenção inteligente, com uso de drones e auto recuperação; (ii) digitalização, aprimorando o uso de ciência de dados e cibersegurança; (iii) a abertura do mercado livre, com o desafio de criar uma plataforma one-stop shop que ofereça uma grande variedade de produtos a todos os tipos de clientes; (iv) foco no cliente, entendendo suas necessidades; e (v) ESG, com neutralidade de carbono, diversidade e inclusão.

Eletrobras (ELET3)

O bom resultado financeiro anunciado no final de 2021 da Eletrobras contribuiu para a recomendação de compra do ativo, com um preço-alvo de R$ 68,00. A Eletrobras registrou EBITDA de R$ 4,68 bilhões (vs. R$ 2,6 bilhões da projeção do BTG), impactado por grandes eventos pontuais e o lucro líquido ajustado atingiu R$ 3,65 bilhões (vs. R$ 1,5 bilhão do BTG).

Além disso, o o segmento de transmissão foi impactado positivamente por maiores receitas financeiras da RBSE (ou seja, maior inflação). Enquanto que o segmento de geração se beneficiou de alguns fatores, como:

  1. energia vendida a preços mais elevados no mercado livre pela Eletronorte; Furnas e CGT Eletrosul; 
  2. maior despacho térmico da Usina Termelétrica Santa Cruz; 
  3. maiores receitas em Angra 1 e 2; e 
  4. custos de compra de energia abaixo do esperado.