A Natura (NTCO3) reportou um balanço no 4TRI21 ainda fraco, mas melhor, segundo avaliação do BTG Pactual (BPAC11).
Com outro impacto negativo da queda na demanda em alguns de seus mercados (especialmente no Brasil e para produtos/marcas de ticket menor como a Avon), o faturamento da Natura&Co caiu 3% a/a (-5,3% em moeda constante), 1% acima da estimativa, embora menor que no 3T21 (quando a receita caiu 4,2% a/a, excluindo os efeitos do incidente cibernético no 2T20).
A receita da Natura&Co na América Latina caiu 2,8% a/a em reais (-5,7% em moeda constante), com a receita da bandeira Natura caindo 6,4% no Brasil (com produtividade dos representantes de vendas estável a/a, após uma grande queda no terceiro trimestre) enquanto cresce 22% na América Latina hispânica (+13% em moeda constante).
As vendas da Avon LatAm caíram 12% a/a (um destaque negativo no trimestre) ou 15% em moeda local, com as vendas da bandeira Avon no Brasil caindo 27% a/a.
A TBS (The Body Shop) reportou uma queda de 9% a/a nas vendas em reais (-10% em moeda constante, devido aos efeitos da Ômicron na Europa), enquanto a Aesop acumulou um crescimento de 23% nas vendas em reais (+21% em moeda constante).
Por sua vez, a Avon International registrou queda de 6% a/a nas vendas em reais (-7% em moeda constante).
Ebitda da Natura acima do esperado
Na América Latina, a margem Ebitda caiu 10bps a/a (margem bruta caindo 100bps a/a), com as sinergias capturadas no período compensadas por inflação mais alta e câmbio menos favorável, bem como uma desalavancagem operacional.
A margem Ebitda da Avon Internacional aumentou 660bps a/a, com expansão de 260bps a/a na margem bruta e um ganho de 420bps a/a nas despesas de vendas, gerais e administrativas (como % da receita líquida), impactado positivamente pela simplificação do modelo operacional e pelas sinergias capturadas no trimestre, que compensou a espiral inflacionária e os investimentos em TI e na plataforma de e-commerce.
Como resultado, o Ebitda ajustado consolidado (excluindo custos de integração/transformação totalizando R$ 90 milhões, bem como R$ 43 milhões em créditos fiscais) foi de R$ 1,543 bilhão, 4% a/a e 10% acima da expectativa, com margem Ebitda de 13,3% (aumento de 90bps a/a).
A empresa reportou um impacto negativo de 540bps a/a das pressões inflacionárias e um câmbio menos favorável (totalmente compensado pelas sinergias da Avon na mesma medida), bem como um impacto negativo de 230bps a/a devido à desalavancagem operacional, e também reportou um impacto positivo de 470bps de iniciativas de corte de custos (mas com parte disso como pontual).
O lucro líquido ajustado foi de R$ 695 milhões (vs. R$ 177 milhões no 4T20), auxiliado pelos impostos diferidos no período devido à simplificação da estrutura acionária após a integração com a Avon.
Perspectivas de longo prazo mais fortes
Após os resultados do 4T21, e apesar das boas melhoras nas margens da Natura, o BTG manteve sua visão conservadora de curto prazo devido à perspectiva top-down mais desafiadora (demanda e margem, esta última com risco de queda devido à espiral da inflação global) nos principais mercados da Natura (a empresa disse que 5% de sua receita e 3% do Ebitda vêm da Rússia-Ucrânia).
“No entanto, com uma melhor estrutura de capital após dois aumentos de capital no ano passado, a digitalização contínua dos representantes de vendas, as oportunidades de cross-selling com a Avon e a rápida captura de sinergias, estamos positivos no investimento da Natura para o longo prazo, justificando nossa classificação de Compra”, diz o BTG. O preço-alvo é de R$ 70.