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Boom imobiliário: cenário gastronômico de SP toma novas formas

Boom imobiliário: cenário gastronômico de SP toma novas formas

De casarões marcantes para restaurantes, agora uma nova configuração, não necessariamente nas ruas, mas sem suas formas antigas. Em São Paulo, o boom imobiliário vem mudando e fazendo com que o cenário gastronômico da cidade tome novas formas e dê espaço para novos empreendimentos. 

Na região da Vila Madalena, Pinheiros, Jardim Paulista e imediações da Cerqueira César, muitas casas e estabelecimentos já foram demolidos, dando lugar para prédios. Como uma tendência de mercado, cada vez mais estão sendo construídos edifícios em boas localizações próximas a metrôs e com menores metragens, o que traz à tona a onda de vendas e procura por estúdios, além de colocar em alta o boom imobiliário.

Mas não podemos esquecer que há também o outro lado da moeda: os edifícios que inauguraram e abriram as portas para restaurantes e lojas, criando quase um shopping em um edifício. Entenda como vem acontecendo esse boom imobiliário na metrópole!

Lilu

Entre os primeiros a serem atingidos, o restaurante Lilu, em Pinheiros, inaugurado em 2016 pelo chef André Mifano fechou suas portas definitivamente após quatro anos, com a pandemia da Covid-19. O fim foi dado pela demolição do imóvel que daria lugar a um prédio.

Ao tentar renovar o contrato de locação do espaço, Mifano ficou sabendo da venda para uma incorporadora. De acordo com o chef, os últimos dias de operação foram “tenebrosos” por conta das obras do empreendimento, com casas derrubadas ao redor do restaurante, que constantemente tremia. 

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Em 2021, Mifano abriu outro estabelecimento italiano, o Donna, no Jardim Paulista.

Tasca da Esquina

Lutando pelo próprio nome, o restaurante que foi a primeira unidade brasileira do chef lusitano Vitor Sobral, que tem matriz em Lisboa, não se encontra mais em uma esquina desde março deste ano.

O estabelecimento funcionou por quase 13 anos em um imóvel localizado no meio de uma quadra da rua na região da Cerqueira César. Além da segunda unidade, na Rua dos Pinheiros, que também ficava em uma esquina, e funcionou somente por dois meses.

Atualmente, após a mudança, a unidade fica na rua Joaquim Antunes com a Sampaio Vidal, no Jardim Paulistano, onde antigamente era ocupado pelo Basilicata Cucina. A troca de endereço do restaurante de comida portuguesa foi feita a contragosto.

De acordo com Edrey Momo, sócio do Tasca da Esquina, é arriscado mudar de ponto e de bairro, pois a clientela antiga fica para trás. Apesar da mudança, Momo diz que, no geral, a novidade tem se mostrado positiva.

Sem ficar longe dos patamares da antiga unidade, o restaurante conta com um alto pé direito, janelas amplas e um salão único, enquanto a antiga unidade do Jardim Paulista possuía ambientes acanhados.

Com tons esverdeados e planta pendentes, o restaurante inaugurou com novidades no cardápio, como o bacalhau confitado, servido com ovo mollet, creme de cebola assada e azeitonas desidratadas, e da fraldinha de porco caipira com emulsão de limão, mandioquinha e espinafre.

Muquifo

Da chef Renata Vanzetto, o Muquifo, um antigo sobrado que parecia “casa de vó”, também foi fechado para dar lugar a um prédio. Com receitas da avó materna da chef, o restaurante dava seu ar com o slogan “cozinha de família”.

Apesar do acolhimento e toque nos pratos se assemelharem ao de uma comida feita com amor, o casarão não fazia jus ao nome do restaurante. O banheiro com louças cor de rosa antigas e chuveiro metálico chamava atenção. Já a parede de frente com a cozinha, aberta, expunha fotos e receitas da família de Renata.

Dentro do grupo Eme, da própria chef, a unidade é a que mais fatura. Inaugurado em 2019, o restaurante se popularizou por clássicos como estrogonofe e filé mignon à parmegiana com um toque ou outro de Renata. Entre os preparos, a batata assada que acompanha o bife à milanesa é feita com uma das receitas familiares à base de creme de leite, manteiga e um ingrediente detestado pela maioria dos chefs: caldo industrializado.

Há dois anos, o Muquifo saiu do antigo sobrado da rua Consolação, em Cerqueira César, para a rua do lado, Bela Cintra. A unidade agora está na mesma quadra dos outros restaurantes do grupo e segue esbanjando aconchego.

Vinheria Percussi

Por três décadas, na rua Cônego Eugênio Leite, em Pinheiros, funcionou a Vinheria Percussi, fundada em 1985 e de mudança na virada de 2021 para 2022. Filhos dos fundadores, o sommelier Lamberto Percussi e sua irmã, a chef Silvia Percussi, que comanda o negócio, decidiram colocar o imóvel familiar à venda para um fundo especializado em investimentos no mercado imobiliário.

Na época, em nota, os irmãos afirmaram que uma etapa importante de suas vidas completava seu ciclo. Já em maio de 2023, o restaurante foi reaberto no mesmo bairro com uma proposta mais informal e a 2 km da antiga casa.

Em uma viagem até a Itália, sem escalas e sem avião, é possível conhecer e provar combinações clássicas da casa que mantém como tradição se reinventar. As reservas podem ser feitas diretamente no site.

Le Jazz Boulangerie

Este restaurante já parte do princípio contrário, dentro de um residencial erguido em Pinheiros pela Idea!Zarvos. Os sócios do grupo Le Jazz, cujo escritório fica em frente ao edifício Joaquim 499, bateram à porta dele quando já estava quase pronto.

O Joaquim 499 foi  projetado para abrigar um empreendimento gastronômico no térreo, mas a incorporadora já havia se acertado com outros operadores. O negócio subiu no telhado, abrindo espaço para a inauguração, no ano passado, da Le Jazz Boulangerie.

Para Gil Leite, um dos sócios do grupo, é muito arriscado abrir negócios gastronômicos de rua, ainda mais em bairros como Pinheiros. Isso porque as chances de vender casarões para incorporadoras são altas após o boom imobiliário, com construções de prédios residenciais e corporativos.

Os moradores do Joaquim 499 frequentam a padaria, que é especializada em pães típicos da França, como baguetes e brioches, em tartines e sanduíches, como o croque-monsieur. Para não ter problemas com os moradores, a padaria encerra as atividades às 22h; além disso, envia pedidos por delivery a alguns metros de distância do edifício, a fim de poupar os moradores do frenético vaivém dos motoboys.

CiaTC

Dona da rede de bares Astor e de outras, como Bráz e Pirajá, a CiaTC também aproveitou a oportunidade para sua expansão. Somente em julho de 2023 a companhia inaugurou três operações no Cetenco Plaza, que foi reformado. Na alameda Ministro Rocha Azevedo, quase na Avenida Paulista, o edifício é vizinho do restaurante Spot. No térreo, um novo Astor e uma Bráz Trattoria; no mezanino, uma unidade do SubAstor.

Com número limitado de mesas para reservas, o Astor funciona por chegada e conta também com uma fila de espera online quando o cliente chega ao bar.

Conhecido por suas caipirinhas, o Bar Pirajá é um espaço popular com samba na capital paulista. As unidades do bar contam com reservas para eventos e comemorações.

Entre as pizzarias mais conhecidas de São Paulo, a Bráz é uma das redes que vêm expandindo dentro do boom imobiliário como pizzaria e trattoria, com diversas opções de massas e um cardápio recheado.

Shihoma Pasta Fresca e Barouche

Na Vila Madalena, no Azul, da mesma incorporadora que o Joaquim 499, funciona Shihoma Pasta Fresca, o badalado restaurante do chef Marcio Shihomatsu, e o Barouche. O estabelecimento funcionou anteriormente de 2016 a 2019 no Largo do Arouche e se mudou para o edifício no ano passado.

Com massa fresca de alta qualidade, a casa busca proporcionar conforto aos seus cliente e pratos que abracem durante a refeição.

Além disso, o restaurante também serve de espaço para eventos. O ambiente conta com lugares por ordem de chegada e por reserva, com uma janela de dois meses. Para mais informações, consulte o site do restaurante.

Já no Barouche, com varanda e livraria, recheado de livros de arquitetura, arte e design, o espaço conta com cardápio do chef Rodrigo Felício e drinques que levam a assinatura do bartender Danilo Nakamura.

Arturito

Na Alameda Jardins, no Jardim Paulista, quem chegou e ficou no térreo do edifício da Tishman Speyer foi o Arturito. Aberto desde 2008, o restaurante da da chef Paola Carosella funcionou em Pinheiros até março deste ano.

Chamando mais atenção que a antiga unidade, o Arturito tem pé-direito duplo e uma decoração arrojada. As receitas no cardápio são uma boa pedida, como o raviolini de ricota e capellini com molho à putanesca. 

Speranza

Quem soube aproveitar o boom imobiliário foi a Speranza. Há três anos, a pizzaria vendeu o prédio de quatro andares em um terreno de 1,5 mil metros em Moema, onde funcionava sua principal unidade, para a Gafisa (GFSA3).

A família Tarallo, dona da marca, morava nos três andares superiores e a pizzaria funcionava no térreo. No lugar, a Gafisa está construindo um residencial de 26 andares com entrega prevista para junho de 2025.

Fora do endereço temporariamente, por um acordo firmado, a Speranza vai seguir no térreo do futuro empreendimento. De forma provisória, a pizzaria está funcionando em um imóvel alugado em frente ao prédio.

A unidade que deve abrir após o edifício residencial ficar pronto não contará mais com 400 lugares como antes, e sim metade disso.